O BRASIL E A EDUCAÇÃO
Artigo publicado
no número 241 do Vila em Foco.
Prof. Marcos Coimbra
Membro do Conselho Diretor do
CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de
Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
Não
conhecemos nenhum país no mundo que tenha acelerado seu processo de
Desenvolvimento Nacional, em busca do Progresso, sem ter um Projeto Nacional de
Desenvolvimento, com prioridade absoluta em investimentos na infra-estrutura econômico-social.
Energia, Transportes, Comunicações, Ciência e Tecnologia, Saúde, Educação,
Segurança, em especial, são vitais neste processo.
E na infra-estrutura social, destacamos
justamente o vetor educação, pois entendemos que a solução dos principais
problemas brasileiros principia pela urgente necessidade de melhoria do patamar
de nossa sociedade no processo educacional como um todo.
O
principal fator de desenvolvimento de um país reside na educação do povo. E
entenda-se Educação em seu conceito mais amplo, abrangendo desde a transmissão
de princípios e valores pela família, passando pelo ensino formal, até chegar
ao processo de absorção de informações efetivado através de outros canais, como
a leitura voluntária, as notícias dos meios de comunicação etc.
Para
consecução deste objetivo é condição primordial o fortalecimento da Instituição
Nacional Família, justamente o contrário do que está sendo feito agora, com a
adoção de uma verdadeira “glorificação”, em especial através dos principais
meios de comunicação de massa, de toda sorte de vícios e perversões, em nome do
“politicamente correto”. Até uma “Lei da Palmada” querem impor aos responsáveis
máximos pela educação de suas crianças, que são principalmente os pais.
Trata-se de uma intervenção indevida, de inspiração ditatorial, do Estado na
principal Instituição Nacional existente. É evidente que qualquer excesso deve
ser punido de acordo com a legislação em vigor, instrumento suficiente e
adequado para correção de eventuais desvios.
Os meios
de comunicação, com destaque para emissoras de TV e rádio, também devem ter
limites em sua atuação, principalmente devido à sua condição de simples
concessionários de serviço público de comunicação de massa, sujeitos à legislação federal ainda não
regulamentada, fato que propicia um vazio institucional perigoso.
Outro
aspecto importante é a necessidade de um investimento maciço no ensino. Foi
assim nos EUA, no Japão e agora na Índia e na China. E o esforço deve
principiar pelo ensino básico, de boa qualidade, de caráter universal,
obrigatório. A base é fundamental. E o critério de aprovação, em qualquer nível,
deve ser o mérito. A utilização de experiências exóticas importadas de outras
culturas e rincões, tais como a “aprovação automática”, sistema de cotas para
ingresso em instituições de ensino e outras não devem prosperar no Brasil, sob pena de nunca termos a massa crítica, no relativo ao
nível de preparo do capital humano, para fazer parte do seleto grupo das cinco
economias mais desenvolvidas do mundo, em futuro próximo.
É
evidente que tudo começa por um sólido ensino básico, com extinção imediata da perversa
“aprovação automática”. Os mestres devem ser remunerados dignamente e
periodicamente atualizados. A ênfase deve ser no investimento em recursos
humanos e não em máquinas. O que adianta ter um computador em cada escola se,
em muitas delas não há energia elétrica. Como ensinar aos instruendos
assuntos para os quais os professores não foram preparados previamente?
O ensino
médio, de responsabilidade das administrações estaduais, deve ter uma
orientação e supervisão cerrada por parte do MEC, com seus quadros devidamente expurgados das perniciosas indicações
político-partidárias, com o restabelecimento do sistema de mérito, conduzido
por especialistas concursados, de reconhecido mérito.
Os
frequentes fracassos do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), havidos na
gestão Haddad, são inaceitáveis. Não faltaram recursos, nem tempo, nem
advertências, nem experiências mal sucedidas. Faltou competência, trabalho e,
principalmente, vergonha na cara. Caso o ministro Haddad tivesse sido demitido,
após o primeiro fracasso, isto não teria ia mais acontecendo. E ele acabou
ganhando como prêmio a prefeitura de São Paulo. Coitados dos paulistanos!
Existem
várias ações a serem empreendidas, pois os indicadores da área são dramáticos
(PISA , taxa de evasão escolar, índices de repetência, IDH-Educação, 10% de
analfabetos, cerca de 50% de analfabetos funcionais etc.). Recursos não faltam.
Eles são mal aplicados.
Não há
dúvida que o ensino público superior também deve ser fortalecido, pois as
instituições públicas no ensino superior são as mais bem avaliadas. Porém,
continuam sem comando, com os professores ganhando pouco, com suas instalações
abandonadas e uma excessiva politização partidária de alguns de seus
integrantes, o que provoca um estado de greve permanente. Por que não investir
na Universidade Pública e aumentar seu número de vagas? Para não concorrer com
as instituições privadas de ensino superior?
Com
educação não se brinca! Nenhum país do mundo desenvolveu-se plenamente, sem ter
havido antes uma verdadeira “revolução educacional” no sistema. E é vital haver
uma gestão competente dos recursos existentes, para evitar desvios ou má
aplicação, ilícitos que devem ser considerados de elevada gravidade a serem
severamente punidos.
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