EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO
NACIONAL
Artigo publicado no número 242 do Vila em Foco.
Prof.
Marcos Coimbra
Membro do
Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do
livro Brasil Soberano.
O Desenvolvimento Nacional caracteriza-se pelo
aperfeiçoamento do Homem, da Terra e das Instituições, os chamados elementos
básicos da nacionalidade, nas cinco expressões do Poder Nacional: política,
econômica, psicossocial, militar e científica e tecnológica. Desta forma, ele
abrange não só a expressão econômica do Poder Nacional, como também as outras
quatro expressões do Poder.
É necessário ainda recordar a diferença entre os
conceitos de crescimento econômico e desenvolvimento econômico. O crescimento
econômico caracteriza-se por um aumento quantitativo na produção de bens e
serviços, graças à atuação de um ou de dois fatores de produção preponderantes,
geralmente capital e tecnologia, expresso, por exemplo, pelo aumento do Produto
Interno Bruto (PIB). Já o desenvolvimento econômico é caracterizado por um
aumento, não só quantitativo, como também qualitativo, em função da participação harmônica de todos os fatores de produção,
consubstanciado por um processo de transformação social, com o progressivo
deslocamento da mão-de-obra do setor primário para o setor secundário e para o
setor terciário, expresso, por exemplo, pelo crescimento do PIB, com
minimização das disparidades de renda, a nível pessoal, regional e setorial.
Existe um fator inibidor em nosso ritmo
de crescimento, representado pela baixa taxa de investimento existente na nossa
Economia, mantendo-se em torno de 18% do PIB, enquanto na década de 70 chegou a
ser de 25%. Esta deficiência deve ser compensada pelo aumento da importação de
máquinas, equipamentos e outros. Porém, tal providência provoca um aumento
considerável em nossas importações o que vem ocasionando uma diminuição
expressiva no superávit do balanço de pagamentos em transações correntes. E o
pior, em nossa pauta de exportações cresce o percentual de matérias primas e de
produtos de baixo valor
agregado, enquanto do lado das importações aumenta a compra de bens de elevado
valor adicionado, agravando nosso problema de dependência econômica e
tecnológica.
Analisemos o nível da atividade econômica, o qual é
função do montante da demanda agregada, expresso pelo valor da despesa interna
bruta (DIB). A DIB é constituída pela soma do consumo das famílias, do consumo
do governo, do investimento e das exportações. No momento, como já expresso, o
investimento ainda é modesto. A recuperação viria, então, por onde? As
exportações estão crescendo, até o momento, graças principalmente ao valor das
commodities no mercado internacional. Mas até quando, considerando-se a real
possibilidade de um desaquecimento da economia da China? O consumo do governo
aumenta o gasto despiciendo, em especial com a contratação de “cumpanheiros”, superfaturamento, “mensalão”, publicidade
farta, viagens e diárias faraônicas, “bolsas eleitoreiras” etc. A recuperação
está sendo sustentada também pelo crescimento do consumo das famílias, graças
principalmente ao crédito irresponsável. Fica então difícil acreditar numa
recuperação sustentada da Economia, no nível previsto pelos mais otimistas.
Para haver crescimento, é vital haver não só um aumento da demanda global, como
também da oferta global, não só no curto prazo.
Existe a progressiva deterioração da infra-estrutura econômico-social,
provocando o “apagão” logístico, os rentistas ganhando do setor produtivo, o
desemprego mascarado, empregos de baixa qualidade, salários em torno do patamar
de 2 salários mínimos para a maioria dos considerados empregados, a
desnacionalização das nossas atividades econômicas, a corrupção desenfreada, a
crescente dependência ao exterior, a exclusão social, a miséria, a desesperança
Para que os bons tempos da Economia
Brasileira retornem, é vital uma mudança radical no atual modelo econômico
imposto por FHC e mantido pelas administrações Lula/Dilma, de inteira
subserviência aos ditames do sistema financeiro internacional, com a abdicação
da Soberania Nacional, apenas capaz de fazer o Brasil retornar à situação de
colônia. Teremos que colocar no poder outra administração, compromissada
verdadeiramente com os interesses nacionais, capaz de multiplicar por menos um
o atual modelo, substituindo, de início, a "variável-meta" de
estabilidade da moeda para pleno emprego dos fatores de produção com sua digna
remuneração. E planejar não só a retomada do crescimento econômico, como também
do desenvolvimento econômico.
A hora é
esta! Os políticos que serão candidatos em 2014 possuem o dever de apresentar
suas sugestões de políticas e estratégias correlatas, em um plano nacional de
desenvolvimento, contendo prazos, vinculando-se tudo aos recursos humanos e
materiais existentes, para julgamento dos eleitores.
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