VIVEMOS EM UMA DITADURA DISFARÇADA

Prof. Marcos Coimbra

Membro efetivo do Conselho Diretor do CEBRES, Professor aposentado de Economia na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 16/06/08 para o Monitor Mercantil

 

         Está muito difícil para um cidadão, em especial pertencente à classe média, sobreviver no Brasil de hoje. A administração petista beneficia claramente os dois extremos da pirâmide social. Preferencialmente a categoria dos mais ricos. Primeiro, os rentistas, pois está previsto, no ano em curso, o pagamento de cerca de R$ 180 bilhões de juros da dívida interna. Depois, os capitalistas estrangeiros.  Estes últimos usufruem benesses inacreditáveis, como, por exemplo, a isenção do pagamento de alguns tributos quando da aplicação de recursos no país.

Na outra extremidade a classe dos mais pobres, através de uma série de benefícios, desde o chamado “bolsa-esmola”, até o perigoso expediente de facilitar o acesso irresponsável ao crédito, em especial o consignado. Isto porque se trata de uma bomba a ser explodida no decorrer do tempo. Possibilita um aquecimento, no curto prazo, da demanda, mas compromete seriamente a possibilidade de continuidade, pois fatalmente ocorrerá um aumento do índice de inadimplência futura.

         Os discursos do Sr. Luís Inácio são esquizofrênicos. Fala de uma realidade inexistente no país. Gaba-se de alguns pontos positivos, como se fossem de sua autoria, enquanto afirma nada saber sobre os graves problemas existentes a serem solucionados. É um Brasil de ilusão. Cercado por escândalos diários, a tudo ignora. Seus principais auxiliares vão sendo abatidos um a um, para sua preservação. Ninguém duvida mais que o verdadeiro candidato do PT em 2010 é o próprio presidente atual.  Afinal, o antigo Núcleo de Estudos Estratégicos traçou cenários em 2002, “por coincidência”, para o período 2007/2022 (bicentenário da Independência).

No momento certo a poderosa ministra Dilma cairá, como o ex-ministro Dirceu. Contudo, há surpresas. O Sr. Delúbio, um dos primeiros a ser denunciado no episódio do “mensalão”, começa a reaparecer. De início, em Goiás, onde já é anunciado como provável candidato a deputado federal. E, agora, com o atual presidente, fotografado ao seu lado, na ocasião da visita ao Fluminense, do Rio de Janeiro, no início desta semana. É incompreensível.

         No plano internacional, existe uma total falta de empenho na defesa dos interesses nacionais. Os exemplos recentes, ocorridos com a Bolívia e com o Paraguai, demonstram um desprendimento estranho, considerando-se que em nosso Brasil, há milhões de cidadãos profundamente necessitados. O discurso de que é preciso ajudar a população dos países mais pobres da América do Sul seria válido, se as necessidades básicas da maioria de nossa população estivessem sendo atendidas satisfatoriamente. Entretanto, tal não ocorre.

As carências de nossa população são expressivas, em especial na infra-estrutura econômico-social. Nossa educação pública é de baixa qualidade, de acordo com as últimas comparações realizadas internacionalmente. A saúde pública está abandonada e epidemias de doenças, que todos imaginavam erradicadas, voltam a afligir a população. A segurança pública atravessa uma fase caótica. O domínio do território nacional passa a ser disputado por traficantes e milicianos. E a carga tributária atinge 39% do PIB em 2008. Como pobres estão isentos e ricos não pagam ou transferem os custos, a classe média é achacada por todos os meios.

Há um sério risco de perda concreta do controle real da Amazônia, já loteada por intermédio de proposta de iniciativa do poderoso ex-chefe da casa civil, agora cassado. ONGs estrangeiras, a serviço de interesses alienígenas, atuam abertamente na região, levando inclusive nossos índios para viagens pela Europa, objetivando influenciar a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a grave questão relativa à área de Raposa/Serra do Sol, possuidora de vastas e estratégicas riquezas como o urânio, o nióbio etc. Lideranças indígenas pronunciam-se como se fossem independentes, possuidoras de autonomia, estimuladas por grupos ávidos para aprofundar a rapinagem de nossos   recursos, já realizada por intermédio da pirataria desmedida.        

As Forças Armadas (FA) em dramática situação de penúria, sem verbas para investimento ou para as despesas de manutenção, estão acuadas por campanha permanente de descrédito promovida pelos inimigos da democracia e desviadas de suas verdadeiras funções. Quando recente pesquisa feita pela Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) aponta ser sua credibilidade de 79%, situando-a como a mais bem conceituada do país, a mídia amestrada procura, por todos os meios, atacá-las. Primeiro, a questão dos dois sargentos homossexuais. A seguir, a morte do cadete em treinamento. E, por fim, o triste episódio do morro da Providência. É oportuno lembrar que o Exército não deveria estar lá, por várias razões. É uma obra eleitoreira, deveria ser realizada por empreiteira contratada por licitação, as FA não possuem respaldo legal para atuar da forma como foi imposta por ordem superior, como está sendo demonstrado. Não entendemos como os onze militares foram indiciados por homicídio triplamente qualificado, em curto espaço de tempo, enquanto até agora os reais assassinos sequer foram procurados, encontrados ou presos. Já os prenderam, julgaram e condenaram, sem prévia defesa. Foi cometido um crime militar, o de desobediência à ordem superior. O restante é a apurar.

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