SURREALISMO NO BRASIL
Artigo publicado em 28.08.14-MM.
Economista Marcos Coimbra
Professor, Membro do Conselho
Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro
Brasil Soberano.
O Brasil
hodierno atravessa uma fase que, no mínimo, pode ser classificada como surrealista, caracterizada pelo predomínio da fantasia sobre
a realidade. A cada dia, uma nova e desagradável surpresa. As fontes são
diversificadas e inesgotáveis. Nada mais escandaliza o dócil país dos
admiradores do BBB. Dezenas de milhões de mensagens pagas com o objetivo de
eliminar um dos participantes de um programa abjeto, dos mais nefastos da
televisão brasileira. Nestas horas até, por absurdo, chegamos a pensar em
aceitar o projeto petista de controle da mídia apenas com o propósito de não
renovar a concessão da licença do canal mais poderoso do país, o qual não
cumpre sua função de contribuir para educar o nosso povo. Mas, pode ser uma
questão de tempo. Os “bolivarianos” estão chegando. É incrível como a população
preocupa-se com bobagens, enquanto a situação do país é dramática.
A taxa de
desemprego segundo o insuspeito DIEESE atinge em junho o patamar de 10,8% e
autoridades governamentais afirmam que o país está na confortável situação de
pleno emprego. Para piorar, o economista Ricardo Amorim afirma: “Baseado na
baixa taxa de desemprego, o governo sugere que quase todos os brasileiros têm
emprego. Na realidade, quase metade (47%) não tem e muitos estão subempregados
– sem carteira assinada ou trabalhando menos do que gostariam. Basta uma hora
semanal de trabalho assalariado para ser considerado empregado”.
E mais
ainda: “a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, também do IBGE,
que mede o desemprego em 3,5 mil municípios entre os maiores de 15 anos, aponta
uma taxa de 7%, contra 5% da
Pesquisa Mensal de Emprego (PME). A porcentagem dos que trabalham em relação à PIA no Brasil (53%) é hoje menor do que na maioria dos
países da Europa, onde as taxas de desemprego chegam a 5 vezes mais do que
aqui. Por que o desemprego continua caindo, então? Porque mais gente desistiu
de procurar emprego do que caiu o número de empregos. Infelizmente, quem
determina a geração de riqueza em um país é o total de pessoas trabalhando, não
a taxa de desemprego. Com menos empregos, o crescimento tem sido pífio, mas com
menos gente procurando emprego, o desemprego caiu.Milhões de pessoas deixaram de buscar empregos
nos últimos 10 anos por quatro razões. Temos, hoje, dois milhões de estudantes
universitários a mais, o que é ótimo. Uma parte deles não
trabalha nem busca emprego”.
“As
outras três razões são negativas. A população brasileira está envelhecendo,
reduzindo a parcela dos que trabalham e aumentando a dos aposentados. O Bolsa-Família melhora as condições de sobrevivência de
milhões de famílias, mas em locais onde os salários são pouco superiores ao
benefício, desestimula a busca por emprego. Desde 2004, o número de
beneficiários subiu de 6,6 milhões para 14,1 milhões. Por fim, há a expansão do
prazo e valor do seguro-desemprego. Nos últimos 10 anos, o desemprego caiu de
13% para 5%, mas os gastos com abono e seguro desemprego subiram de R$13
bilhões para mais de R$45 bilhões. Quem recebe seguro desemprego e não busca
emprego não é considerado desempregado na estatística. Dificuldade em achar
emprego leva alguns a deixarem de procurar, reduzindo a taxa desemprego”.
Para
agravar a análise da situação econômica, de acordo com o notável economista
Prof. Ricardo Bergamini, apesar das reservas externas em torno de US$ 380
bilhões, a situação não é tão confortável, pois: “A posição da dívida externa bruta estimada
para julho totalizou US$328,4 bilhões. A dívida externa estimada de longo prazo
atingiu US$287,7 bilhões, enquanto o estoque de curto prazo totalizou US$40,7
bilhões. Considerando os empréstimos intercompanhia de
US$ 197,9 bilhões a dívida externa totalizou US$ 526,3 bilhões”. Isto sem
contar o Passivo Externo Bruto, em torno de US$ 1,3 trilhão já em 2010 , segundo o Prof. Reinaldo Gonçalves. E a previsão do
saldo negativo do balanço de pagamentos em transações correntes em 2014 é de
US$ 80 bilhões para uma inflação batendo no teto da meta (6,26%), sem contar o
reajuste que virá após as eleições, fruto do represamento existente. E as
autoridades governamentais asseveram que tudo está bem. E a população continua mais interessada no
BBB.
Estão
virando o país de cabeça para baixo, em uma total inversão de valores e ninguém
faz nada!
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