SOFRIMENTOS DO CIDADÃO
Artigo
publicado em 26.06.14- MM.
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
Chega-se à conclusão de que o cidadão hoje em dia
só possui a serventia de pagar as infindáveis contribuições de toda ordem
imaginadas pelas três esferas de administração pública e fornecer mão de obra
barata para usufruto dos “donos do mundo”, além de ser sistematicamente
explorado por inúmeras empresas privadas. Principalmente por concessionárias de
serviços públicos, extremamente criativas na hora de
extorquir seus clientes. Estamos em um país que paga impostos e
assemelhados como se fosse do mundo desenvolvido e recebe em contrapartida
serviços do terceiro mundo.
A carga tributária aproxima-se do
patamar de 40% do PIB e continua crescendo. Se considerarmos outras receitas
das diversas esferas de governo, inclusive as repassadas,
iremos chegar a valores ainda mais expressivos. A oriunda de multas de
trânsito é uma delas. Inclusive, com a imoral participação de empresas privadas
no valor arrecadado. Ora, elas participam do processo de arrecadação, por
intermédio da operação de “pardais” e outros e ainda recebem generosos
percentuais do valor faturado. É a origem das “indústrias de multa”.
Para agravar o saque, o alcaide
carioca além de ter imposto a imoral “taxa de iluminação pública” e a obrigação
de cada proprietário ser responsável pelo trecho da via pública em frente ao
seu prédio, inventa a “autovistoria” de prédios, com
prazos exíguos considerando a capacidade de atendimento dos órgãos e
especialistas existentes. Estes ainda afirmam que a maioria dos reparos não
afeta a segurança dos prédios e são de natureza cosmética. E as multas vão
começar a ser cobradas. Resumindo, a administração pública empurra o ônus
(despesas) para o contribuinte e fica apenas com o bônus (receitas).
Outro exemplo gritante é o do pedágio. Ora, o
cidadão já paga IPVA (no Rio de Janeiro é de 4% sobre o valor arbitrado do
veículo), sendo o seu valor para um carro popular superior ao do IPTU de um
apartamento de três quartos na zona sul da cidade. A contrapartida seria a
garantia de vias e rodovias em bom estado de conservação. Como os recursos são
desviados para outras finalidades, o setor público impõe ao cidadão a cobrança
de extorsivos valores, por trechos que deveria manter. A via Lagos é um
escândalo. No final de semana são R$ 15,70 para cada trajeto. A operação de
muitas delas não é a adequada, como podemos verificar no trajeto da Serra das
Araras. E vão aumentar o número de pedágios.
A principal resultante de todo este
descalabro é a fuga para a sonegação e informalidade. Esta última chega a algo
em torno de 40% em nossa Economia, ao invés dos cerca de 20% divulgados. E quanto
à arrecadação, segundo o ex-secretário da Receita Federal,o
falecido Dr. Ozires Lopes Filho, a cada real arrecadado corresponde um real
sonegado. É evidente que nossa sociedade fica dividida entre príncipes e
profetas. Os príncipes são aqueles que usufruem as benesses e mordomias do
poder e do dinheiro ilícito obtido, sem a menor preocupação com a honestidade,
a dignidade e a moralidade. Sabem que não serão punidos, pois se contarem o que
sabem, derrubam a República. Os profetas somos nós, os cidadãos, que pregam no
deserto, trabalham duro, são roubados pelas diversas
administrações e assaltados pelos meliantes.
O Estado tem a obrigação de fornecer
serviços de boa qualidade em especial no tocante à infra-estrutura econômico-social (energia, transportes,
comunicação, ciência e tecnologia, saúde, educação e segurança). Em nenhum
destes campos a assistência é satisfatória. De um modo geral, com exceção das
categorias dos marajás sobejamente conhecidas, os funcionários públicos ganham
mal, não possuem treinamento adequado e a seleção padece de vícios insanáveis
no sistema atual. A consequência natural é o descaso com suas obrigações,
greves sucessivas e a indiferença para com o cliente. E, lógico, o não
atendimento adequado ao cidadão. Este então é obrigado a partir para a
contratação de serviços particulares de educação, saúde e segurança,
principalmente, aumentando seus dispêndios e diminuindo sua renda pessoal
disponível real.
E o pior. A cada dia cai também a qualidade dos
serviços prestados pela iniciativa privada. E o Estado sequer cumpre sua função
de fiscalizar a atividade privada corretamente. O problema da educação então é
calamitoso. A garantia da aprovação automática, associada ao sistema de quotas
e à fragilidade do sistema educacional de ensino superior provocará danos
desastrosos para o Brasil. Teremos quase toda uma geração de diplomados em
nível superior, analfabetos funcionais. É o império da mediocridade, como nunca
neste país antes se viu.
É
preciso reagir antes que a tragédia seja irreversível! Não sejam mais uma vez
enganados em outubro deste ano! Votem no menos danoso e vamos pressionar as
autoridades responsáveis para que haja lisura na apuração dos votos, atualmente
impossível de ser verificada.
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