RÉQUIEM PARA CABRAL E PAES

Artigo publicado em 31.10.13-MM

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.

Diante da sucessão de graves desmandos, falhas, omissões e erros de toda ordem cometidos pelos dois políticos tradicionais, Cabral e Paes, eleitos respectivamente como governador e prefeito no Rio de Janeiro, o réquiem deverá ser a finalização lógica para a carreira política de ambos, pelo menos para eleições majoritárias.

Foram eleitos “vendendo” aos eleitores a “idéia-força” de que o Estado e o município do Rio de Janeiro somente seriam viáveis, caso contassem com o beneplácito de uma administração federal correligionária, concepção aceita, tanto é que ambos foram eleitos em primeiro turno, com ampla maioria, fruto de uma aliança PT/PMDB com mais uma penca de outros partidos. De fato, vieram verbas expressivas e projetos de magnitude, capazes de, em mãos hábeis, consagrarem um razoável administrador. Contudo, mercê da falta de competência, de liderança, de bom senso, de capacidade de formar equipes eficazes, de humildade, foram incapazes de gerir com sucesso o potencial recebido de forma a propiciar a evolução de ambas as unidades federativas.

Dotados de personalidades semelhantes, arrogantes, presunçosos, donos da verdade, inimigos do diálogo, imaginaram que o eleitorado teria concedido a eles uma licença para tudo fazer, sem auscultar a opinião pública do povo fluminense e carioca. Julgam-se uma espécie ampliada de 007 dos filmes de ação.

Segundo o “ex-blog” do vereador César Maia, do dia 28.10.13: “De forma quase simultânea, o PMDB no governo estadual e na prefeitura da capital introduziram políticas de esfacelamento do setor público, substituindo o servidor público, em funções precípuas, por ONGs, OSs, Empresas, Institutos e Fundações. Uma questão nuclear, que não entendem aqueles que argumentam com uma, suposta (argh), maior eficiência do setor privado, é que em funções precípuas do Estado, o servidor público, estatutário, concursado, estável, é a única garantia de um serviço público adequado pelo acúmulo de experiência, básico na prestação de serviços públicos essenciais.

A estabilidade é a única forma de que a experiência acumulada-fundamental para o exercício das funções sociais (Saúde, Educação, Assistência Social...), das funções institucionais (Procuradoria, Fazenda, Controladoria, Administração...) e das funções urbanas (Urbanismo, Transportes, Infraestrutura...)- seja transferida na forma de serviços públicos que atendam a população. Sem esta experiência acumulada, milhares de pessoas perderiam a vida ou ficariam com sequelas pela inexperiência ou pela rotatividade características da privatização/terceirização na saúde pública. O terreno preparatório desses processos é a desmoralização do servidor, dando destaque e generalizando casos específicos e aleatórios de mau exercício de função. A privatização da Saúde Pública é um escândalo de bilhões de reais”.

Recentes exemplos demonstram com clareza o exposto acima. Na esfera estadual, a Cedae enseja mais um sofrimento desnecessário à população, em consequência do fechamento da estação de tratamento de água do Guandu para manutenção, na semana próxima passada, provocando uma falta d’água em diversos bairros do Rio até o dia 28 de outubro, proporcionando lucros abusivos de empresas com serviços de carros-pipa, que chegaram a vender por R$ 4.000,00 vinte mil litros de água, comprados por R$ 32,57 (dez mil litros)  no posto da Cedae na Avenida Francisco Bicalho (6.040 % de lucro). A desculpa apresentada foi a da existência de um vazamento de uma rede no Maracanã, ensejando a inevitável pergunta: Por que isto é rotineiro em todas estas operações, variando apenas o local de falha? Será pela utilização de material de baixa qualidade nas tubulações da distribuição?

No âmbito municipal, o alcaide persiste na tresloucada decisão de derrubar o Elevado da Perimetral, com o absurdo argumento de que é feio. É óbvio que existem outras razões por baixo dos panos. Afinal, aquele monstrengo existente na Av. Presidente Vargas não teria sido construído se predominassem razões estéticas. Graças ao Ministério Público o desastre foi adiado para o dia 14.11, porém com interdição a partir do dia 02.11. Diante da perspectiva do caos no trânsito que fatalmente ocorrerá, na melhor das hipóteses até o ano de 2016, quando, se tudo correr bem, serão concluídas as obras de tentativa de substituição do importante Elevado, a solução apresentada pelas autoridades é não usar o carro particular, utilizando o transporte público (se existisse em qualidade e quantidade, de fato seria uma alternativa) ou empregar o transporte solidário. É ridículo! Paes entrará para a história do Rio de Janeiro como prefeito do “engarrafamento definitivo” da cidade.

Será que os eleitores vão aprender a lição?

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Página: www.brasilsoberano.com.br (Artigo de 29.10.13-MM).