RECRUDESCIMENTO
DO MASSACRE AOS APOSENTADOS
Artigo publicado em 17.07.14-MM.
Economista Marcos Coimbra
Professor, Membro do Conselho
Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro
Brasil Soberano.
Segundo a
Auditora Fiscal Maria Lúcia Fattorelli, “quase a metade do orçamento federal
do corrente ano, exatos 42%, está destinada ao pagamento da dívida pública
brasileira. Dos 2,14 trilhões de reais, 900 bilhões serão gastos com o
pagamento de juros e amortizações da dívida pública”. Enquanto isto os números
do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) indicam que no ano de 2013 houve
um déficit de 51,259 bilhões de reais, sendo que o setor urbano apresenta um
saldo positivo, enquanto o setor rural revela um “déficit” acentuado.
Para
agravar a situação, a atual administração petista acelera o processo de
“desoneração” de setores e empresas privilegiadas no relativo principalmente à
contribuição social, fato que aumenta a insegurança do sistema previdenciário,
pois não está sendo feita a devida reposição pela administração federal dos
valores que deveriam ter sido concretizados pelos empregadores, apesar das
promessas feitas. O resultado será fatalmente a diminuição, em termos reais,
dos denominados “benefícios”.
Os
aposentados que ganham mais de um salário mínimo, quase 10 milhões de pessoas,
recebem um ridículo reajuste de 5,56%, enquanto os beneficiários do chamado
“bolsa família”, que nunca contribuíram para a previdência, obtiveram um
aumento de 10%. É evidente que a tendência será a de que todos os aposentados passarão
a ganhar pouco mais de um salário mínimo (SM) ao longo do tempo, apesar de
alguns terem contribuído até sobre 20 SM, agora contribuindo sobre o máximo de
10 SM. E ainda voltam a contribuir, sem retorno, quando retornam ao trabalho.
E aqueles
que contribuem para sistemas complementares como é o caso dos empregados de
estatais em órgãos como Previ, Petros, Funcef etc. estão sendo duramente prejudicados em virtude
de inversões inadequadas, especialmente por interesses políticos, as quais
começam a gerar resultados modestos e até negativos, gerando insegurança
crescente aos associados.
Ora, a
Ciência Atuarial existe justamente para calcular a relação adequada entre o
valor das contribuições, o tempo devido e os benefícios a serem auferidos pelos
segurados. Assim, não se trata de favor e sim de obrigação a contrapartida às
contribuições vertidas ao longo dos tempos pelos empregados. Não faz assim
sentido usar a desculpa esfarrapada de que o Tesouro não suportará o ônus dos
“benefícios”, considerando-se o volume dos juros e amortizações destinados aos
rentistas.
Nos
primórdios da instituição do atual sistema de Previdência Social, ele existia
apenas para garantir a seguridade social, considerando a existência de três
contribuições iguais: a do empregado, a do empregador e a do governo. Com o
decorrer do tempo, devido aos elevados níveis de desemprego, às ínfimas
remunerações, o sistema passou a ser responsável também pela assistência médica
e pela assistência social, além de a União nunca ter contribuído com sua parte.
Para tentar corrigir esta distorção a atual CF previu várias fontes de
financiamento como COFINS, CSLL etc. para arcar com o ônus imposto.
Nos
últimos 60 anos, apesar de tudo, a previdência conseguiu acumular mais de um
trilhão de reais que, ao invés de serem aplicados corretamente, de acordo com
os critérios atuariais, no mercado, para garantir o regime de capitalização,
foram desviados pelos diversos governos, ao longo do tempo, por exemplo, na
construção de Brasília, na Transamazônica e outras, o que provocou seu
desaparecimento. Também não pode ser esquecido o violento processo de
corrupção, de empreguismo, o desvio de receitas do orçamento da previdência, a
brutal sonegação existente, além da aprovação de medidas demagógicas que,
apesar de serem, algumas, louváveis (idosos sem renda, trabalhadores rurais
etc.), estão representando acréscimo às despesas, sem nunca terem propiciado um
centavo de arrecadação, criadas pelo Congresso, sendo algumas até originárias
do Executivo.
Não
tentem enganar o povo. As eleições de 2014 já estão aí, para punir os
defensores destas atitudes prejudiciais ao trabalhador brasileiro, em especial
daqueles que apregoam os benefícios de serem aliados da atual administração
petista. Aposentado também vota!
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