PAÍS À
MATROCA
Artigo
publicado em 05.06.14-MM.
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
Aprendemos nos bancos escolares que o cidadão
possui direitos e deveres e que as Leis existem para serem cumpridas.
Infelizmente, no país sem rumo em que vivemos quase todos exigem seus direitos
e esquecem seus deveres, a começar pelas ditas autoridades constituídas. As
Leis não são cumpridas e a impunidade é a regra geral, ensejando perigosos
episódios de justiçamento com a aplicação da Lei de Linch por todo território nacional.
Existe a implementação
de um planejamento deliberado por grupos autointitulados de “direitos humanos”,
já há longo tempo, procurando intimidar as forças policiais de garantia da Lei
e da Ordem, rotulando-as de violentas, com aval da mídia amestrada, a exemplo
do que é feito contra as Forças Armadas, através de mecanismos como a chamada
“comissão da verdade”, a qual procura criar construções capazes de mantê-las
permanentemente na defensiva, pois são as únicas capazes de impedir a
implantação de uma ditadura bolivariana no Brasil. Revolvem episódios de até
cinquenta anos atrás, de modo faccioso, como manobra diversionista, afastando a
atenção da população do conhecimento e enfrentamento de graves problemas
atuais, como a “balcanização” do país, a corrupção epidêmica e a ausência de um
projeto de Nação.
O Desembargador Federal Paulo Freitas Barata,
ex-presidente do Tribunal Regional Federal- 2ª Região, em nota da Presidência
da Academia Nacional de Economia (ANE) afirmou no que concerne à realização de
passeatas por manifestantes, impedindo o direito de ir e vir dos cidadãos, que “a primeira passeata de junho do ano passado, ocorreu de forma
pacífica, representando, ainda que parcialmente, o exercício da democracia.
Parcialmente porque não houve prévia comunicação de sua realização à autoridade
competente como exige a Constituição Federal (art. 5º, Inciso XVI). Por outro
lado, a manifestação de pensamento é livre, porém vedado o anonimato (CF, art.
5º, IV). Assim, o ato louvado como expressão do exercício do direito de livre
manifestação do pensamento e de reunião pacífica em local público, nasceu com o
vício de inconstitucionalidade. Logo, não é ato legítimo de exercício da
democracia. Para ser legítimo, deverá ser legal.
Houve completa demonstração de falta de autoridade
e de fraqueza das instituições políticas, republicanas e democratas.
Manifestantes declaravam estar defendendo e exercendo direitos fundamentais da
pessoa humana, como os de ir e vir, de livre reunião, de livre manifestação do
pensamento, quando, na verdade, estavam violando esses mesmos direitos dos
demais cidadãos.
As passeatas seguintes foram claramente desvirtuadas
pelas atitudes de vândalos, saqueadores, todos mascarados, sem competente e
eficaz prevenção e repressão. Ruas foram bloqueadas, impedindo a passagem de
pessoas e de veículos; estabelecimentos comerciais, agências bancárias foram
saqueadas e fecharam suas portas; mercadorias roubadas, furtadas ou
danificadas. Os prédios públicos também não foram poupados, mas depredados e
até mesmo incendiados e ocupados. Bens públicos, como postes, luminárias,
placas de sinalização e outros não escaparam dos vândalos e criminosos.
As forças policiais, por sua vez, ficaram
praticamente impotentes: se reprimiam abusos e defendiam bens e direitos
violados, eram acusadas de repressoras, de violentas; se nada faziam, a
acusação era de leniência, de incompetência. Na realidade, ainda quando
atacadas até mesmo com coquetéis “molotov”, agiram
com prudência e parcimônia, buscando um equilíbrio entre as duas atitudes.
Difícil, ainda mais no calor da refrega, não ferir algumas pessoas mais
exaltadas. Os detidos, logo a seguir, foram liberados e estão
prontos para repetir as violações.”
Agora, na ocasião da realização da Copa
do Mundo, novas manifestações estão previstas para ocorrer em vários Estados.
As primeiras realizadas contra sua realização tiveram poucos participantes,
predominando as de movimentos trabalhistas em busca do atendimento a suas revindicações.
Passou a ser rotineira a ação de
algumas dezenas de pessoas que, a pretexto de uma reivindicação qualquer, bloqueiam as principais vias de acesso de grandes cidades,
prejudicando o direito de milhões de pessoas. Greves são deflagradas sem o
cumprimento das imposições legais, por “dissidências” de sindicatos (será que
são mesmo?) e determinações judiciais são descumpridas, a exemplo do que ocorre
com os rodoviários de São Luís. O Presidente do STF anuncia sua renúncia, em
função de ameaças à sua vida, segundo divulgado pela imprensa. Ora, que Estado
é este, incapaz de prover garantia ao primeiro mandatário de um dos três
Poderes da República. Imaginem a situação do cidadão comum, incapaz de sequer
possuir uma arma de fogo para sua defesa, por imposição dos hoplófobos.
O nosso regime, dito democrático e
republicano, está sob ataque de forças organizadas
internas e externas, que precisam ser identificadas e divulgadas para
conhecimento dos verdadeiros brasileiros. Se não houver reação, em pouco tempo
chegaremos à anarquia. Aí, então, tudo poderá acontecer,
inclusive a substituição do nosso regime democrático e pluralista, por outro de
natureza ditatorial com base populista, de um só partido. A questão está se
tornando de segurança nacional.
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