EM BUSCA DA SOLUÇÃO

 

Artigo publicado em 05/10/2017 - Monitor Mercantil

 

Economista Marcos Coimbra, Professor, Assessor especial da Presidência da ADESG, Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.

Analisando a conjuntura brasileira, identificamos o Poder Executivo, utilizando a mídia amestrada, docemente corrompida, com "musos e musas" do entreguismo, com o poder de censurar e vetar até qualquer referência a quem desagrade aos "donos do mundo", seus patrões, fazendo o que querem. E ainda possuem a desfaçatez de pregar contra a censura, em favor da liberdade de expressão, quando são os primeiros a exercer seu arbítrio, censurando os que pensam diferentemente. O Poder Legislativo, inteiramente submisso, mendigando cargos e verbas, com honrosas exceções.

Até o Poder Judiciário, considerado antigamente como última esperança, dobra-se, decidindo contra os interesses nacionais, como foi o caso da votação da Raposa/Serra do Sol, por 10 votos a 1, rasgando a Constituição, abrindo o caminho para a “balcanização” do Brasil. Qualquer  administração federal ,como foi a do Lula a agora a do Temer, é a grande  e verdadeira responsável pela grave crise sistêmica enfrentada pela Nação, pois possui poderes ditatoriais.

A propósito do anúncio de que a Economia brasileira está em plena recuperação, em um país como o nosso, em que a carga tributária chega a 36 % do Produto Interno Bruto (PIB), sem a contrapartida adequada, sob a forma de prestação de serviços de atendimento às necessidades coletivas (saúde, educação, segurança, energia, transportes, comunicações e outras), fica a ideia de que a única solução é a desobediência civil. Nem os aposentados conseguem o reajuste de seus parcos rendimentos em condições proporcionais às contribuições impostas por décadas. No Rio de Janeiro apenas os “marajás” recebem em dia. A plebe fica sem receber e não há solução. Danem-se. A desculpa como sempre é justamente a inexistência de recursos.

A falta de escrúpulos na maior parte das administrações em seus três níveis (União, Estados e Municípios), bem como nos três Poderes, é constatada a cada dia, explicitada por incidentes quase diários. Já existem catalogados mais de cem escândalos de porte apenas na anterior e na atual administração federal. De fato, continuam a roubar muito. É praticamente impossível encontrar um político que apresente uma declaração de bens na entrada na “carreira” política com um patrimônio superior ao verificado na saída. As poucas exceções confirmam a regra.

Comprova-se a deterioração progressiva de praticamente todas as Instituições Nacionais de sadias tradições. Até a destruição da coesão social está sendo implementada, com a importação de práticas exóticas praticadas em outros países, com condições inteiramente diferenciadas das nossas, inclusive algumas delas já abandonadas. Chegam a criar “quistos territoriais”, baseados em critérios altamente suspeitos. Predomina a anarquia e a desordem em todo o território nacional, em especial no campo. O critério do mérito é substituído pela indicação política. A ignorância é glorificada e a educação ridicularizada. Até a pedofilia e a zoofilia são incentivadas em atividades ditas de arte com patrocínio da Lei Rouanet.

Agora, querem acabar até com o tradicional processo seletivo para o ingresso no 3º grau. O MEC pretende sua substituição por outros mecanismos obscuros. Parece que a meta é facilitar o ingresso de “analfabetos funcionais”, aprovados por lei, no ensino básico. Teremos então instituído oficialmente os graduados em nível superior, também possivelmente aprovados obrigatoriamente, sem a menor condição de exercer a profissão desejada. Serão os “analfabetos funcionais”, agora com o título de doutor. Como pensar em reverter a grave crise econômica que assola o mundo e nosso país, sem contar com o indispensável capital humano de qualidade?

Fica a sugestão para os partidos ditos probos, para os candidatos a 2018 também, e para as centrais sindicais que, ao invés de defenderem os verdadeiros interesses dos trabalhadores, entram em conchavos vergonhosos. Que lutem, enquanto é tempo, por bandeiras justas, em benefício do povo. Se não o fizerem, estarão jogando-o no caminho da desobediência civil, como a praticada atualmente por milhões de pessoas, que não pagam conta de luz, pois possuem "gatos" (ligações clandestinas), sem nenhuma consequência. E a saída é o aumento da conta de energia.

A autoridade governamental que quiser verificar é só conferir, por exemplo, no Rio de Janeiro, comparando a escuridão nos bairros de classe média, em comparação com outros logradouros, fartamente iluminados, inclusive com o uso de aparelhos de ar condicionado. Ou então observar os milhares de ambulantes que vendem de tudo, sem pagar qualquer tributo, impedindo o livre trânsito das pessoas, em frente dos comerciantes legalmente estabelecidos, em qualquer cidade grande. Ou nas centenas de "vans" que praticam irregularmente o transporte coletivo, estacionando em local proibido, engarrafando o já caótico trânsito das grandes cidades. Ou na ação dos narcotraficantes ou milicianos que exercem de fato o controle de vastas regiões, criando verdadeiras “áreas liberadas”, ocupando o espaço vazio deixado pelo Poder Público. E as ações de repressão são cosméticas, sem atingir o âmago do problema.

É hora de um basta a esta anomia! Lembramos que a teoria da anomia de Merton explica porque os membros das classes menos favorecidas cometem a maioria das infrações penais e crimes de motivação política (terrorismos, saques, ocupações) que decorrem de uma conduta de rebeliões e explica comportamentos como os do alcoolismo e tóxicodependência.