E FEZ-SE O CAOS PROGRAMADO

Artigo publicado em 20.02.14-MM.

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.

Em 31 de outubro do ano passado, escrevemos neste espaço um artigo intitulado “Réquiem para Cabral e Paes”, onde no trecho final afirmamos: “No âmbito municipal, o alcaide persiste na tresloucada decisão de derrubar o Elevado da Perimetral, com o absurdo argumento de que é feio. É óbvio que existem outras razões por baixo dos panos. Afinal, aquele monstrengo existente na Av. Presidente Vargas não teria sido construído se predominassem razões estéticas. Graças ao Ministério Público o desastre foi adiado para o dia 14.11, porém com interdição a partir do dia 02.11. Diante da perspectiva do caos no trânsito que fatalmente ocorrerá, na melhor das hipóteses até o ano de 2016, quando, se tudo correr bem, serão concluídas as obras de tentativa de substituição do importante Elevado, a solução apresentada pelas autoridades é não usar o carro particular, utilizando o transporte público (se existisse em qualidade e quantidade, de fato seria uma alternativa) ou empregar o transporte solidário. É ridículo! Paes entrará para a história do Rio de Janeiro como prefeito do “engarrafamento definitivo” da cidade. Será que os eleitores vão aprender a lição?”.

E, infelizmente, como “crônica de uma morte anunciada” a previsão feita não apenas por nós, como por todos os cidadãos informados e responsáveis, foi concretizada. A cidade do Rio de Janeiro sofreu no dia 17 do corrente, 2ª feira, o início do caos programado pelas autoridades (ir) responsáveis do município carioca, o qual deverá perdurar por, no mínimo, dois anos, na melhor das hipóteses.

O ex-prefeito César Maia em seu “ex-blog” do dia da concretização do tresloucado ato escreveu: “A radical mudança da Avenida Rio Branco, que se realiza, com dupla mão, exclusiva a ônibus e taxis, afeta não os veículos que podem e não podem circular. Afetam a vida de milhões de pessoas que terão que mudar seus hábitos. Esses hábitos foram desenvolvidos através do tempo e, por racionalidade econômica, definiram o que e como as pessoas tomaram as suas decisões, dentro das suas possibilidades e da oferta -pública e privada- de veículos.
Essa mudança de reversão da Avenida Rio Branco é, na verdade, a reversão de hábitos que as pessoas desenvolveram para maximizar suas funções.

Ou seja, essa reversão afetará a racionalidade econômica das pessoas, hábitos e, portanto, o tempo das pessoas. Ou seja, obrigatoriamente, milhões de pessoas serão afetadas e reagirão rejeitando os responsáveis por esta medida, na medida em que sua vida e o tempo que programavam para seus deslocamentos estarão afetados e necessariamente agravados.

O prefeito cinicamente diz: Usem transporte público! Quais? A maioria das pessoas não vive na porta dos grandes eixos. O Transporte Público está sobrecarregado. O que farão as pessoas? A população descobriu agora que quem governa a cidade é Maria Antonieta: Não tem pão? Comam brioches. Deu no que deu, lá. E dará..., aqui”.

E o pior. Em momento algum o povo atingido pela autoritária decisão do alegre alcaide, sempre sorridente, foi consultado a respeito de mudança tão radical. O Legislativo municipal, docemente cooptado, não defendeu os interesses dos seus eleitores, deixando de cumprir com sua função, à exceção de alguns poucos vereadores, massacrados pela maioria governista. Muito menos a “mídia amestrada”, persuadida pelos milhões de reais de publicidade empregada pela administração municipal, direta e indiretamente. A esfarrapada justificativa anunciada sobre a “feiura” do elevado não convence nem a “velhinha de Taubaté”. Nem o seu corolário de necessidade de embelezamento da região portuária. Predominaram as razões e os interesses econômicos dos grandes empresários e empreiteiros agraciados com as obras que estão sendo e serão realizadas no local.

Lembrem-se que foi o mesmo alcaide que instituiu a famigerada taxa de iluminação pública no município, cobrada arbitrariamente na conta da Light. E é o mesmo em cuja administração existe uma “meta” de arrecadação de multas de trânsito. E é ele também que quer fazer seu sucessor na figura de seu amigo Secretário Chefe da Casa Civil Pedro Paulo Carvalho Teixeira. E é ele também o fiel escudeiro do governador Sérgio Cabral. Para culminar, seu patético apelo de não utilização de veículos particulares para deslocamento para o centro da cidade, bem como a utilização de transporte solidário, considerando a precariedade dos transportes públicos e o caos implantado deveria ser substituído por: “Não venham ao centro da cidade! Fiquem em suas residências”!

Será consagrado na história do município como o prefeito Luiz XIV: “Após mim, o dilúvio!”.

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