CAOS NO CAOS
DO RIO DE JANEIRO
Artigo
publicado em 08/09/2017 - Monitor Mercantil
Economista
Marcos Coimbra, Professor, Assessor
especial da Presidência da ADESG, Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular
da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.
A situação no Estado do Rio de Janeiro,
em especial no município do Rio, ultrapassou todo e qualquer limite imaginável.
A administração estadual
está acéfala, sem condições de prover o atendimento das necessidades coletivas
da população, em especial nas áreas de saúde, segurança e educação. Sequer
consegue pagar em dia seus servidores. Persiste a imoral realidade de pagamento
de castas privilegiadas (Judiciário, Legislativo e setores preferenciais do
Executivo), mesmo com valores elevados, deixando de honrar seus compromissos
com mais de cem mil servidores, sem data prevista de pagamento. Pagam como
esmola um valor de até R$ 2.052,00, relativos ao mês de agosto para
funcionários da base da pirâmide. Quanto ao décimo terceiro, nem pensar.
Esta tragédia persiste há vários meses e a expectativa de solução é um
acordo com a União, altamente prejudicial aos interesses do povo fluminense.
Milhares de servidores estão nas mãos de bancos e de agiotas, pagando juros
extorsivos, contando com estes recursos para pagar suas dívidas e vai ter que
esperar um ano para receber o que deveria ter recebido. Os bancos ignoram
solenemente a dramática situação dos servidores públicos, cobrando sem piedade
juros, correção e multas de contas em atraso, até do IPVA, enquanto até a Febrapan recomenda alívio aos devedores vítimas dos
desastres naturais nos EUA. Mas isto nem
é cogitado. Não há como deixar de recordar a propaganda eleitoral das últimas
eleições, com Lula, Dilma, Cabral, Pezão e Paes apoiando uns aos outros, em
perversa união e prometendo o paraíso aos ingênuos eleitores.
Como tentativa de solução para a
insegurança existente, conseguem a vinda de forças
federais para o Estado, porém sem a devida observância das exigências legais
necessárias. Na realidade, as tropas federais
não possuem condições de atuar como deveriam na verdadeira situação de guerra
híbrida existente. O promotor João Rodrigues Arruda, do Ministério Público
Militar já esclareceu que somente com uma intervenção federal ou uma decretação
de emergência é que as FFAA poderiam atuar. Inclusive, alertou ainda que sem
isto, “o presidente pode incorrer em crime de responsabilidade ao manter a Força Nacional no Rio”. Afinal, a
chamada Força “não existe, juridicamente”. E “a Polícia Militar é força de reserva
e auxiliar das Forças Armadas” e não o contrário. Para agravar, falta verba
para as FFAA. Caso não haja sucesso, o governador atribuirá a responsabilidade
pelo caos à administração federal?
O contribuinte sofre no Brasil inteiro, mas no município do Rio de Janeiro
pena ao triplo. Paga tributos bastante elevados e é castigado duramente nos
níveis federal, estadual e municipal. Estamos praticamente abandonados pela
União. Discursos são pronunciados, intenções explicitadas, mas ações concretas,
não. E a mídia amestrada e os
“defensores dos direitos dos manos” apontam como solução a descriminalização do
uso de drogas e a proibição da posse e porte de armas dos cidadãos honestos do
país. E o crime organizado vai avançando. O alcaide
nada faz de produtivo, permitindo a atividade ilegal de ambulantes, com sérios
prejuízos ao comércio legal, com milhares de lojas fechando, gerando o aumento
do desemprego. Mas quer aumentar o IPTU em média em 50%. Há a emigração em
massa de famílias para outras regiões.
Algumas vítimas, penalizadas pelos marginais, através de assaltos,
roubos, sequestros, estupros e outras atrocidades, pensam em recorrer à Justiça
contra o Estado. O estranho é que a Justiça não esteja acolhendo estas ações,
como deveria. A Constituição é clara. O Estado possui o dever de garantir a
nossa segurança. Para isto o contribuinte paga tributos e existem as polícias
civil e militar. Ainda mais em se tratando do Estado do Rio de Janeiro, onde a
administração acha que pode acabar com a violência desarmando o contribuinte
honesto, digno e de bons costumes. Atualmente, é proibido conceder porte de
arma ao cidadão comum. Apenas os policiais, por enquanto, e os bandidos podem
portar armas. A ordem é render-se, não reagir e ficar a mercê da vontade do
marginal.
A situação na segurança pública continua a agravar-se. Os assaltos a
residências, as "saidinhas", os massacres feitos pelos traficantes
sucedem-se e nada é resolvido. Já morreram assassinados ,
no corrente ano, mais de cem policiais militares. Hotéis tradicionais e pontos
turísticos são atacados. Deste governo, nada se pode esperar. O recente
episódio da guerra na Rocinha é um dantesco aviso do que poderá ocorrer em
larga escala no município e no estado. O cidadão comum está desprotegido.
Fica o registro da imagem do Rio de Janeiro existente no Brasil e no
mundo. E nós, que por ora aqui residimos, somos obrigados a conviver com este
festival de incompetência e trapalhadas, enquanto não conseguimos voltar a ter
uma administração capaz de restabelecer a lei e a ordem no Estado e no
Município. Para isto, basta ter vontade política e buscar a ação em sintonia
fina de todos os órgãos envolvidos no assunto, do Judiciário ao Policial,
passando pelo Ministério Público, sistema penal e outros. Urge reverter esta
triste situação, enquanto é tempo! Basta apenas deixar trabalhar quem conhece o
ramo e não atrapalhar.