CALAMIDADE TEM NOMES E SOBRENOMES

 

Artigo publicado em 22/07/2016 - Monitor Mercantil

 

Economista Marcos Coimbra

Professor, Assessor Especial da Presidência da ADESG, Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Acadêmico fundador da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.

Os governantes (?) do Estado do Rio de Janeiro decretaram estado de calamidade pública devido à “crise financeira” em junho do corrente ano. Foi assinado pelo governador em exercício Francisco Dornelles, mas por questão de justiça, registramos que não foi o único responsável. É comentário corrente inclusive que é bastante possível a decretação de falência do Estado, após as eleições. Salários, pensões e aposentadorias continuam a ser pagas, sem cumprimento da ordem judicial do então Presidente do STF (3º dia útil). Na realidade, na origem dos problemas encontramos a desastrosa sucessão de graves desmandos, falhas, e erros de toda ordem cometidos pelos dois políticos tradicionais, Cabral e Paes, eleitos respectivamente como governador e prefeito no RJ, com a posterior eleição de “Pezão” como herdeiro político, para dar continuidade aos seus projetos políticos.  O resultado final deverá ser o encerramento da carreira política deles, pelo menos para eleições majoritárias.

Foram eleitos “vendendo” aos eleitores a “ideia-força” de que o Estado e o município do Rio de Janeiro somente seriam viáveis, caso contassem com o beneplácito de uma administração federal correligionária, concepção aceita, tanto é que ambos foram eleitos em primeiro turno, com ampla maioria, fruto de uma aliança PT/PMDB com mais uma penca de outros partidos. De fato, vieram verbas expressivas e projetos de magnitude, capazes de, em mãos hábeis, consagrarem um razoável administrador. Contudo, mercê da falta de competência, de liderança, de bom senso, de capacidade de formar equipes eficazes, de humildade, foram incapazes de gerir com sucesso os recursos recebidos de forma a propiciar a evolução sadia das duas unidades federativas.

Dotados de personalidades semelhantes, arrogantes, presunçosos, donos da verdade, inimigos do diálogo, imaginaram que o eleitorado teria concedido a eles uma licença para tudo fazer, sem auscultar a opinião pública do povo fluminense e carioca.

Segundo o “ex-blog” do vereador César Maia: “De forma quase simultânea, o PMDB no governo estadual e na prefeitura da capital introduziram políticas de esfacelamento do setor público, substituindo o servidor público, em funções precípuas, por ONGs, OSs, Empresas, Institutos e Fundações. Uma questão nuclear, que não entendem aqueles que argumentam com uma, suposta (argh), maior eficiência do setor privado, é que em funções precípuas do Estado, o servidor público, estatutário, concursado, estável, é a única garantia de um serviço público adequado pelo acúmulo de experiência, básico na prestação de serviços públicos essenciais.

A estabilidade é a única forma de que a experiência acumulada-fundamental para o exercício das funções sociais (Saúde, Educação, Assistência Social...), das funções institucionais (Procuradoria, Fazenda, Controladoria, Administração...) e das funções urbanas (Urbanismo, Transportes, Infraestrutura...)- seja transferida na forma de serviços públicos que atendam a população. Sem esta experiência acumulada, milhares de pessoas perderiam a vida ou ficariam com sequelas pela inexperiência ou pela rotatividade características da privatização/terceirização na saúde pública. O terreno preparatório desses processos é a desmoralização do servidor, dando destaque e generalizando casos específicos e aleatórios de mau exercício de função. “A privatização da Saúde Pública é um escândalo de bilhões de reais”.

Recentes exemplos demonstram com clareza o exposto acima. O alcaide conseguiu êxito em sua tresloucada decisão de derrubar o Elevado da Perimetral, com o absurdo argumento de que é feio. É óbvio que existem outras razões por baixo dos panos. E o que dizer da horrenda ponte estaiada do Jardim Oceânico na linha quatro do metrô? E da ciclovia capaz de impedir a visão do mar na Avenida Niemeyer? É incoerência pura.

A resultante é o caos no trânsito, experimentado pela população carioca, demorando horas para ir e retornar do trabalho, esperando a conclusão das obras prometidas. Na tentativa de substituição do importante Elevado, a solução apresentada pelas autoridades é não usar o carro particular, utilizando o transporte público (se existisse em qualidade e quantidade, de fato seria uma alternativa). Paes entrará para a história do Rio de Janeiro como prefeito do “engarrafamento definitivo” da cidade. Mais de seiscentas lojas já foram fechadas no centro da cidade e bem mais de mil no município, não só em função da crise econômica, bem como da impossibilidade de acesso às mesmas em virtude das mal planejadas e intempestivas obras, alterando o cotidiano dos cidadãos a cada dia.

E para culminar, pretende eleger seu “enfant gâté”, apesar do triste episódio envolvendo a candidatura de seu pupilo favorito, deputado federal e ex-secretário todo poderoso de governo, acusado de ter mentido publicamente e de ter agredido fisicamente sua ex-esposa, por duas vezes. Na realidade, o prefeito aposta todas suas fichas nos dividendos possíveis de acontecer com a realização das Olimpíadas, mas, caso o “legado” não seja o esperado, como ocorreu com a Copa do Mundo de Futebol, o povo não ficará muito satisfeito com os elevados custos de sua realização, estimados em mais de R$ 38 bilhões, valor superior ao planejado.

Então, chegará a hora da verdade!