VOTO
ESTRATÉGICO
Artigo publicado em 19.10.06 no Monitor Mercantil.
Prof. Marcos Coimbra
Membro do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos,
Conselheiro da ESG e Professor aposentado de Economia na UERJ.
Existem
principalmente dois tipos de poder: o formal e o informal. O formal é exercido
pelos detentores do poder político, através da atuação, direta ou indireta, dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, caracterizando a atuação do
Estado, se bem que influenciado por diversos atores, em especial econômicos. Já
o informal é expresso de variadas formas pelos agentes políticos, econômicos, psicossociais, militares e científico-tecnológicos, como,
por exemplo, sindicatos, associações de classe, movimentos populares etc.
O PT de
Lula exerce, atualmente, o poder formal, com o agravante
de estar aparelhando o Estado, ocupando cerca de 30.000 cargos na administração
da União. Possui o controle do Legislativo e já exerce uma ingerência forte no
Judiciário, principalmente depois da criação do Conselho Nacional de Justiça.
Além disto, também há muito tempo é detentor do comando do poder informal,
representado pelo sistema constituído por CUT, MST, MLST, UNE, a ala da Igreja
da teologia da libertação e até um serviço de inteligência que funciona desde
1989, realizando, com desenvoltura superior ao da ABIN, operações sofisticadas de
inteligência, inclusive de contra-inteligência. Os sucessivos escândalos
apontados demonstram
que não são problemas pontuais. São fruto de uma atuação
sistêmica.
A
administração petista não tem um projeto nacional de desenvolvimento, mas sim
um projeto de poder, para permanecer nele, não por 20 anos, mas sim “ad eternum”. O PT faz parte da cúpula do Foro de São Paulo,
chefiado por Castro e com a participação de Chávez,
Morales e outros menos votados. Fala-se até na perspectiva da formação da URSAL
(União das Repúblicas Socialistas da América Latina), com o objetivo de fazer
um contraponto à hegemonia dos EUA. Caso Lula tivesse sido reeleito no 1º
turno, fatalmente ele partiria para alterar a Constituição, permitindo sua
perpetuação no poder, com o controle da máquina administrativa e sucessivas
reconduções, a exemplo de Chávez. Com o 2º turno, a
hipótese não foi de todo afastada, porém continua em cogitação. O “arco da
sociedade” constituído por alianças que vão da Igreja Universal aos movimentos
homossexuais, passando por Barbalho, Sarney, Calheiros,
Maggi e outros é algo inimaginável. Como governar
corretamente com a partilha que fatalmente ocorrerá?
Assim,
caso Lula ganhe, terá o comando dos poderes formal e informal. Mais 4 anos de governo permitirão o inteiro aparelhamento do
Estado e o efetivo controle do Legislativo e do Judiciário. Então poderão
começar a aparecer concretamente as verdadeiras
intenções dos integrantes do Foro de São Paulo. A propriedade privada, em
especial no campo, passará a correr sério risco. A dívida interna, um dos
principais óbices ao desenvolvimento, deverá ser “flexibilizada”. O PT será
algo equivalente ao antigo PRI mexicano. As Forças Armadas continuarão a ser sucateadas, passando a ser desarmadas,
para não conseguirem, mesmo que o desejem, impedir a ditadura branca. O
desarmamento dos cidadãos brasileiros, apesar do acachapante resultado do
referendo (2x1 contra), será implantado definitivamente.
Desta
forma, para nós, brasileiros, patriotas, que queremos preservar os valores e
princípios morais e éticos de nossa civilização não resta outra
alternativa a não ser votar contra Lula no dia 29 de outubro. Sabemos
que o PSDB de FHC não é digno de receber apoio, porém resta-nos a esperança de
que Geraldo Alckmin não faça o mesmo que FHC. Também, mesmo que queira, não o
conseguirá, pois as forças de oposição, lideradas pelo PT, com seu poder
informal, farão o contraponto ao poder formal, impedindo-o de alcançar seu
objetivo. É muito mais fácil conter Alckmin do que Lula.
Na luta
ente os contrários, entre duas visões de mundo, díspares, talvez surja a
solução, causada pela necessidade, de aparecimento de uma verdadeira terceira via, síntese do
processo dialético em movimento. Nem neoliberalismo, nem comunismo. Nem Bush,
nem Castro. Mas sim a democracia social, onde sobrevivam a
propriedade privada, a livre iniciativa, a liberdade, em consonância com a
justiça social. Onde os Objetivos Nacionais Permanentes (Democracia, Paz
Social, Soberania, Desenvolvimento, Integração Nacional e Integridade do
Patrimônio Nacional) sejam alcançados, viabilizando a aspiração do atingimento
futuro do Bem Comum. A Nação brasileira e seus filhos
merecemos que o país retome sua trilha de desenvolvimento com segurança
e preservação da nossa soberania.
P.S.: No Rio de Janeiro, somos surpreendidos com a denúncia
de que a Polícia Militar levará 60 oficiais a Orlando, Quebec e Nova York, com
um gasto de cerca de meio milhão de reais, enquanto faltam recursos para pagar
o triênio-gratificação de 5% dos salários para viúvas e reformados por
invalidez (a maioria aleijados) por tempo de serviço. Os batalhões da PM, como
o 13º (praça Tiradentes) que possui apenas 300 homens, deveriam ter um efetivo
próximo a 1.000 homens. Mas não há recursos suficientes.
A ASSINAP(Associação de Inativos e Pensionistas da
Polícia Militar) entrou com uma ação civil pública contra o comandante-geral da
corporação, Cel Hudson Miranda de Aguiar e contra o
governo do Estado. Até parentes viajarão. O diretor de Ensino e Instrução da PM
é o Cel Ubiratan Ângelo, candidato da ONG Viva Rio ao comando da PM no futuro
governo estadual.
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