VAMOS RESGATAR O BRASIL
Artigo publicado em 31.10.2002 no jornal Monitor Mercantil.
Prof. Marcos Coimbra
Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.
Agora, mais do que nunca, depois do claro repúdio do eleitorado brasileiro à administração FHC, devemos realçar a importância da defesa daquilo que ainda é nosso. De nossa cultura, de nossos valores, de nossos ideais, de nossas crenças, de nossos princípios, de nossas riquezas legadas por nossos maiores. De fato, não podemos e não devemos envergonhar nossos antepassados. Vamos esquecer eventuais divergências, colocar para longe efêmeras vaidades e lutar para que o nosso país continue íntegro, sem perder aquilo que tem. Unirmo-nos enquanto é tempo, pois mais importante do que a arma utilizada pelo guerreiro é aquilo que ele sente no seu coração e o que pensa com sua mente. Corações e mentes valem mais do que a tecnologia bélica empregada. A solução para nossos problemas passa pela recuperação da auto-estima nacional, pela volta dos sonhos legítimos de sermos uma grande potência, com nossos irmãos tendo direito a uma vida digna. Não queremos nada que não seja nosso. Exigimos apenas aquilo que já é nosso por gerações.
Nossos recursos naturais abundantes, a capacidade de trabalho do povo brasileiro, a habilidade de empreender característica de nossos empresários, a base econômica instalada, a tecnologia gerada por nossa criativa gente assustam as potências mundiais atuais. Por isto, eles não querem permitir nosso desenvolvimento. Vão procurar impedir-nos, de todos os modos, que alcancemos nossos objetivos. Os meios desleais utilizados são sobejamente conhecidos. Tentam manipular o psicossocial, atingindo nossos princípios e valores morais e éticos, através dos centros de irradiação de prestígio cultural (Meios de comunicação de massa, Universidades, Escolas, Teatro, Cinema). Tudo é utilizado pelo Sistema Financeiro Internacional, pela Trilateral, pelos detentores do poder econômico, para, inclusive, ridicularizar nossa fé. Militarmente, impedem que sequer tenhamos condições de defesa do nosso patrimônio. As Forças Armadas transformaram-se em Forças Desarmadas. Politicamente, elegem seus representantes como nossos dirigentes. Denegrir o Poder Judiciário é tarefa diária.
Economicamente, submetem a Nação às regras do Sistema Financeiro Internacional, por intermédio de seus agentes externos (FMI, Banco Mundial, BID, OMC, Diálogo Interamericano, cujo ideário foi operacionalizado no denominado Consenso de Washington) e internos (autoridades em postos de relevância formados no exterior com empregos garantidos quando saírem do governo). Tentam eliminar a capacidade de crescimento econômico e posterior desenvolvimento não só econômico como nacional, por meio da desnacionalização da nossa economia ou de sua eliminação (em especial, o segmento industrial), da subtração de nossas riquezas (através do contrabando ou da compra a preços vis) e, principalmente, empregando a privatização selvagem.
Deste modo é fundamental que o setor público mantenha sob seu controle empresas como a PETROBRAS, o Banco do Brasil e setores como o energético, água e saneamento, dentre outros, classificados no mundo inteiro como estratégicos. A venda da Vale do Rio Doce, por exemplo, abriu ao Resto do Mundo a perspectiva de explorar recursos da ordem de mais de um trilhão de dólares, além de possibilitar a entrega de áreas de servidão na Amazônia, de propriedade da Vale, que poderão funcionar como "quistos territoriais", embriões da expansão de estrangeiros na região mais rica do mundo, caracterizada por "vazios demográficos", já contaminada por inúmeras missões de geólogos alienígenas, por reservas indígenas delimitadas por influência de "ONGS" estrangeiras e por vastas extensões territoriais já compradas por estrangeiros. A propósito, é imperioso recordar que, com relação à Vale, ainda existe uma ação no Supremo Tribunal Federal, cuja liminar contrária à venda foi deferida pelo Ministro Néri da Silveira, que ainda não teve seu mérito julgado, pois recebeu pedido de vista do Ministro Nelson Jobim, nomeado por FHC, e ex-ministro da Justiça da sua administração.
Será que isto não é o bastante para despertar a indignação do povo e motivar o início de uma campanha de âmbito nacional para evitar a perda de nosso patrimônio? Infelizmente, o país já perdeu muito de seu patrimônio e é chegada a hora de lutar para resgatar o que foi perdido. Vamos lutar, ombro a ombro, para preservar o futuro de nossos descendentes. Afinal, eles não nos perdoarão, caso não saibamos cumprir nosso dever.
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