ÚLTIMA OPORTUNIDADE

Prof. Marcos Coimbra

Conselheiro Diretor do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), Professor de Economia e Autor do livro Brasil Soberano

(Artigo publicado em 01.04.10 no MM)

          Em outubro de 2010 o Brasil terá, talvez pela última vez, uma eleição próxima daquela que um regime verdadeiramente democrático propicia, apesar de todas as irregularidades existentes. Existe o perigo real de manipulação das urnas eletrônicas. Por que as grandes nações democráticas mundiais não empregam este método de apuração de votos? E o que dizer da escandalosa propaganda eleitoral antecipada feita por Lula, com recursos públicos, há mais de um ano? Mesmo assim, será nossa derradeira oportunidade. Caso ganhe a candidata Dilma, teremos a implantação de uma ditadura bolivariana no país, no decorrer de seu mandato. As “eleições” seguintes serão apenas para iludir o mundo, tal como em países vizinhos.

        A administração petista pretende imprimir um caráter plebiscitário ao próximo pleito, procurando enquadrar seus principais adversários como entreguistas, tentando forçar uma confrontação impossível de ocorrer, no futuro, na prática, entre as administrações FHC e Lula. Não há como negar que a administração FHC foi uma das mais entreguistas de todos os tempos, porém também não há como comparar o governador José Serra com o atual vice-presidente do Diálogo Interamericano (DI). São bem diferentes. Apesar de não termos simpatia pela candidatura Serra, o perfil dele é de caráter  menos entreguista do que o do ex-presidente. Ele pode e deve ser criticado por outros defeitos e atitudes, mas não por este ângulo.

             Por outro lado, como considerar a administração Lula nacionalista? Ela emite sinais contraditórios, pois enquanto procura ensaiar alguns passos no sentido de considerar as reservas do pré-sal fora dos absurdos leilões, que estupraram o monopólio estatal do petróleo, no período FHC, nada faz de concreto para revogar a alteração maléfica, restabelecendo assim o monopólio estatal.

          Também agrava o processo de “balcanização” do Brasil, iniciado na administração Collor com a criminosa demarcação da área Ianomâmi, por portaria, continuando com FHC que iniciou o processo de demarcação da área Raposa/Serra do Sol, concretizada justamente por Lula. E pretendem prosseguir em seus nefastos propósitos, criando outras “reservas” indígenas, além da inovação da concessão de vastas áreas aos “quilombolas”, ameaçando perigosamente a consecução dos Objetivos Nacionais Permanentes: Integração Nacional, Paz Social, Soberania, Democracia, Progresso e Integridade do Patrimônio Nacional.

         Está sendo praticado um crime quanto à coesão territorial, pois estão acelerando o processo de demarcação de terras indígenas, para depois preparar o terreno para o “direito dos índios à autodeterminação” e para aplicar o “direito de ingerência dos mais fortes”. Isto possibilitaria a forças estrangeiras retalhar o território brasileiro, em especial a Região Amazônica, dividindo-a em quistos, protegidos por uma força internacional de paz. A pretexto de defender os direitos dos índios, vão explorar nossas riquezas e recursos naturais.

         Em 13 de setembro de 2007, a Declaração Universal dos Direitos dos Indígenas foi aprovada pela ONU, com o voto favorável da representação brasileira, por 143 a 4 (EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) e 11 abstenções. A partir daí, a demarcação de terras indígenas assume o estágio de reservas indígenas (Ianomâmi e Raposa Serra do Sol), representando a última posição para transformação em nações indígenas. Ainda mais considerando que existe, no caso dos Ianomâmis, uma vasta região para eles, na faixa de fronteira contígua entre Venezuela e Brasil. Além disto, de acordo com a referida declaração, lá é vedada operações com fins militares. Ou seja, abriu-se o caminho para perdermos parte do nosso rico e desejado território.

          Tentativas de guerrilha e de enquistamentos, como, por exemplo, a ação do MST, que já participou de reunião de cunho terrorista no México, com integrantes da chamada guerrilha zapatista, numa tentativa de coordenar o movimento subversivo no continente americano (México, Peru, Colômbia, Equador etc.) serão incrementadas, para subtrair do país ricas regiões. No Brasil, interpretações absurdas e além da Constituição no relativo aos denominados “quilombolas”, subvertem o direito de propriedade, já ferido de morte pela ação de movimentos como via campesina, MLST e outros, que já começam a atacar, além do campo, a região urbana.

         O pior é que  não encontramos sequer um candidato verdadeiramente nacionalista, dentre os mais  citados pela imprensa. Isto porque Lula e Ciro Gomes já foram do DI. Henrique Meirelles é membro licenciado. A ministra Dilma recentemente foi a Washington para obter o aval do DI, sendo aprovada. Aécio Neves é o candidato preferido do Conselho de Relações Exteriores dos EUA e José Serra participou da reunião na capital norte-americana em que foi decidida a preferência pelo governador Aécio. A senadora Marina foi nomeada por pressão externa (o anúncio de sua nomeação, bem como de Meirelles, ocorreu na volta da viagem ao exterior do presidente eleito, “por coincidência”). O mais difícil mesmo é descobrir um candidato capaz de servir ao Brasil e não entregá-lo, como está sendo feito.

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