TRIBUTO A UM PATRIOTA: DR. ENÉAS
Prof. Marcos Coimbra
Membro do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), Professor aposentado de Economia da UERJ e Conselheiro da ESG.
Artigo publicado em 10.05.2007 no Monitor Mercantil.
Amado por uns, nem tanto por outros, mas respeitado por todos os brasileiros que amam sua Pátria. Pelas suas atitudes, discursos e idéias, ele provocava polêmicas e paixões. Porém, ninguém, em sã consciência, pode negar sua cultura universal, sua inteligência acima do normal, sua postura ética e moral inatacável, sua coragem física e intelectual, sua honestidade pessoal, sua generosidade, até em demasia, e, acima de tudo, seu incomensurável amor à Pátria.
O Dr. Enéas não era um político, na acepção vulgar do termo. Ele estava político, mas, na realidade, era um emérito professor, um educador de mão cheia e um cardiologista de escol. Formado em Medicina, possuía o mestrado em cardiologia. Seu amor pelo conhecimento, levou-o a fazer ainda cursos superiores em ciências exatas (matemática, física) na UERJ. Um dos seus passatempos prediletos era o estudo de idiomas estrangeiros, de Teoria Geral do Estado e Filosofia, além de ser um brilhante mestre na língua portuguesa. Era um cientista, adepto da ciência política.
Foi um verdadeiro gênio na comunicação de massas. Quem conseguiria, sempre com poucos segundos no horário eleitoral gratuito (e apenas com isto), sem apoio de grupos empresariais ou financeiros, sob ataque permanente da mídia amestrada, obter a 3ª votação para a presidência da república em 1994, ultrapassando figuras expressivas da política nacional, como Leonel Brizola, Orestes Quércia e outros? Em 2002 obteve a maior votação já conseguida por um candidato a deputado federal (mais de 1.500 mil votos). Assim, catapultou mais cinco deputados federais em São Paulo, sendo traído por quatro deles menos de um ano após a posse. Orador de massas conquistava a população com sua franqueza, criatividade e contundência. Debatedor invicto, lembrava o grande polemista governador Carlos Lacerda.
Não era adepto da práxis política tradicional, nem ambicionava o poder como fim. Sempre se preocupou em elaborar e apresentar Projetos Nacionais, objetivando alcançar o Bem-Comum. Tivemos a honra de participar destes trabalhos em companhia de ilustres companheiros e colegas a quem deixamos de nomear para não cometer a injustiça da omissão. Após treze anos de convivência constante conosco e com outros colegas economistas, era capaz de discutir Economia em profundidade com interlocutores de peso. Aprendia facilmente, pois era um excepcional mestre, tendo ministrado 65 cursos de pós-graduação na área da eletrocardiografia para dezenas de milhares de médicos.
Entrou para a vida pública motivado pela indignação com o caos já vivenciado por nossa Pátria em 1989. Movido pelo idealismo fundou o PRONA (Partido de Reedificação da Ordem Nacional). Sua postura nacionalista em defesa da Soberania e da independência econômica do Brasil atraiu o ódio do sistema financeiro internacional (os chamados “donos do mundo”) que, através de seus representantes na mídia amestrada, procurava desqualificá-lo de diversas maneiras. Todas as denúncias caíram, mas voltavam a ser veiculadas para erodir sua imagem. A maioria dos entrevistadores era declaradamente hostil a ele, em virtude de sua posição de confronto com o sistema, principalmente quando foi candidato a presidente. Esta tendência amainou-se em 2002, quando desistiu da candidatura à presidência e mais ainda agora, a partir do conhecimento público da grave enfermidade que o atacou. Na medida em que representava menos risco ao “status quo” passou a ser menos maltratado pelos sicários do capital internacional.
Apesar de ter sido alcunhado de autoritário e outros absurdos, era, no trato pessoal, extremamente educado, lhano, democrático, atencioso e generoso. Quase sempre se sacrificava para atender às inúmeras demandas que lhe eram trazidas freqüentemente por diversas pessoas, próximas ou não. Sua postura em relação à imprensa era apenas uma reação natural de defesa, tendo em vista as desagradáveis experiências sofridas. Como todo ser humano possuía seus defeitos. Seus adversários já exploraram exaustivamente qualquer vislumbre deles, portanto não serão objeto de análise neste espaço. Somos amigos do Dr. Enéas e, para nós, amigos não possuem defeitos.
Agradecemos ao Grande Arquiteto do Universo pelo privilégio de tê-lo conhecido e com ele ter trabalhado em prol do Brasil. Era um brasileiro ímpar, patriota como poucos, incorruptível aos cantos das sereias que representam os interesses daqueles que nos dominam. Perdemos um verdadeiro líder, um excepcional nacionalista, cuja ausência terrena será muito sentida por todos os brasileiros verdadeiramente amantes da nossa Terra. Mas temos a certeza de que seus ideais permanecerão vivos na mente e na ação de nosso povo, inspirando nossa luta para recuperar a dignidade perdida.
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