SURTO AUTORITÁRIO

Prof. Marcos Coimbra

Conselheiro Diretor do CEBRES, Professor de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.

(artigo de 15.07.10 no MM).

 

            Causa preocupação crescente à sociedade brasileira as sucessivas, freqüentes e recorrentes demonstrações de autoritarismo explicitadas pelos integrantes da corrente majoritária do PT. A única vantagem é que eles não estão escondendo suas reais intenções. Julgam-se tão poderosos que demonstram, sem a menor desfaçatez, suas reais intenções. Já há algum tempo estão tentando implantar no Brasil uma nova ordem dita socialista, a exemplo da ditadura bolivariana existente na Venezuela, em fiel observância aos ditames do Foro de São Paulo. Quando se deparam com uma reação mais forte, retrocedem para tentar alcançar seus nefastos objetivos, em outra oportunidade mais favorável, quando a sociedade estiver distraída. Mas nunca desistem.

            A mais recente foi anunciada na 4ª feira, dia 14 do corrente, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para marcar os 20 anos de vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), assinou uma proposta de Projeto de Lei (PL) para coibir a prática de castigos corporais em crianças e adolescentes. A informação é da subsecretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Carmen Oliveira. Ou seja, vão criminalizar os responsáveis por um menor, quando for aplicada uma palmada educativa na ocasião adequada.

Ora, ninguém é favorável a excessos, mas proibir os pais de, quando necessário, aplicar um leve corretivo físico, objetivando educar seus filhos, cheira ao melhor estilo das sanguinárias ditaduras comunistas do passado, quando os filhos denunciavam os pais por “traição ao Estado”. A penalidade deverá ser a perda da guarda.  Se já está sendo difícil nos dias de hoje educar nossos filhos, como nossos antepassados nos educaram, imaginem agora. Ao invés de atender aos reclamos da imensa maioria do povo brasileiro no seu anseio de diminuir ou mesmo acabar com a excrescência da denominada “maioridade penal”, a administração petista  inventa um absurdo deste tipo. Qual é a intenção oculta destas iniciativas? Por que praticamente todas as medidas propostas pelos atuais detentores do poder político do país vão na contramão dos princípios e valores do povo brasileiro?

            Outro exemplo recente foi a pantomima patrocinada pela candidata petista ao apresentar seu “programa de governo”, inspirado no famigerado PNDH-3. A reação havida, em especial por parte dos aliados do PMDB foi de tal ordem, que ela substituiu o citado documento por outro, um pouco menos agressivo, afirmando que o documento substituído era o programa do PT e ela não o havia lido, por isto havia apenas rubricado suas páginas. Das duas umas. Ou ela foi irresponsável em rubricar sem ler (a rubrica tem valor legal segundo os cartórios) ou então isto foi apenas uma desculpa esfarrapada, demonstrando um recuo estratégico, para voltar à carga quando houver oportunidade.

 Na primeira hipótese é uma cabal constatação do risco representado pela sua eventual vitória, pois um presidente que assina um documento autoritário deste porte, sem ler atentamente seu conteúdo, é um irresponsável, sem condições de exercer as funções de primeiro mandatário do país. Seria a implantação de um regime ditatorial no Brasil, sem intenção do presidente? Na segunda, mostra o real perigo a que a frágil democracia brasileira está incorrendo, caso propicie mais um mandato a pessoas possuidoras destas intenções, sempre na expectativa de um cochilo das Instituições nacionais para impor seus ditames ditatoriais.

A sensação de poder com certeza da impunidade é de tal ordem que os jornalistas Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer, que fizeram a cobertura da Copa para a UOL, informaram em um texto divulgado amplamente que, em cerimônia ocorrida num espaço montado pelo governo, num centro de convenções, no coração de Johanesburgo o presidente brasileiro afirmou o seguinte:  “De princípio Lula alertou os estrangeiros sobre o risco de ser mordido por “uma sucuri destreinada”, disse que os brasileiros não sabem inglês,  mas são bons na arte de “mimicar”, garantiu que o país é tão bem servido de homens quanto de mulheres e lamentou que as pessoas vão ao cinema e na volta não encontram o carro, porque foi roubado.

 Lula passou um tempo folheando o discurso preparado para o evento. Mas deixou-o de lado e arrancou gargalhadas já ao mencionar as autoridades presentes. Chamou o prefeito Eduardo Paes,  de governador, corrigiu-se, mas acrescentou, rindo: Mas um dia vai ser. “Um dia vai ser”. Lula elogiou a beleza do brasileiro. E observou, com aquele seu estilo filosófico próprio: “Quando eu falo em beleza, vocês têm que compreender que para cada sapo tem uma sapa. Ninguém fica sem seu par”.

Em seguida, o presidente fez uma digressão sobre os motivos que impedem o brasileiro de ir ao cinema. Queria fazer um paralelo com a dificuldade de levar turistas estrangeiros ao Brasil. E disse: “O cidadão vai ao cinema e depois quando vai buscar o carro, roubaram”. “A floresta mais incrível do mundo, rios maravilhosos, mas tem que ser de maneira ordeira. Se sair da linha, uma sucuri destreinada vai pegar vocês”. O presidente também divertiu o público ao falar que o turista que for para o Nordeste vai encontrar um povo muito acolhedor, mas que não sabe falar inglês. “Mas tem a grande capacidade de fazer mímica. É a capacidade de mimicar do povo brasileiro”. Dirigindo-se a Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais, Lula perguntou: “Esse verbo existe?” E ouviu um não, mas o verbo existe segundo o dicionário Houaiss.

Ora, é incompreensível tais assertivas serem pronunciadas pelo supremo mandatário do país em uma cerimônia de tal vulto, na qual o objetivo principal é divulgar a Copa do Mundo em 2014 no país, para incentivo ao turismo receptivo.

É um desastre! E quais são as conseqüências de erros desta magnitude? Um índice de aprovação do presidente, segundo alguns institutos de pesquisa, em torno de 80%. Não há lógica nesta equação. Ou as pesquisas estão incorretas ou nosso povo está sendo vilmente ludibriado. O maior problema é que, após implantada uma ditadura, o preço do retorno à democracia será muito alto. E a maioria dos mais sanguinários ditadores do mundo no século XX iniciou-se no poder através de eleições livres, preliminarmente.

Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br

Página: www.brasilsoberano.com.br