SOBERANIA NACIONAL

Artigo publicado em 30.08.01 no Monitor Mercantil.

 

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG

De acordo com a doutrina da Escola Superior de Guerra, "Objetivos Nacionais (ON) são manifestações da vontade coletiva, de necessidades, interesses e aspirações vitais que, em determinada fase de sua evolução histórico-cultural, a nação busca satisfazer. Já Objetivos Nacionais Permanentes (ONP) são objetivos nacionais que perduram no tempo. São seis: Democracia, Soberania, Paz Social, Progresso, Integração Nacional e Integridade do Patrimônio Nacional". Analisando melhor  a Soberania Nacional, esta se caracteriza pela "manutenção da intangibilidade da Nação, assegurada a capacidade de autodeterminação e da convivência com as demais Nações em termos de igualdade de direitos, não aceitando qualquer forma de intervenção em seus assuntos internos, nem participação em atos dessa natureza em relação a outras Nações, significando também a supremacia da ordem jurídica em todo o território nacional".

Com o advento da globalização, imposta pelos “ donos do mundo”, através da maciça manipulação dos centros de irradiação de prestígio cultural, em especial dos meios de comunicação de massa, passa a ser prioritário para os apátridas, que cumprem as determinações oriundas do sistema financeiro internacional, destruir o Estado Nacional Soberano. Neste processo, tentam ridicularizar a noção de Soberania Nacional, procurando “vender” a idéia de soberania relativa. Para isto é indispensável erodir as Instituições Nacionais (Igreja, Escola, Família, Forças Armadas e outras), o que vem sendo feito com relativo sucesso pelos títeres do capital transnacional. Os meios de comunicação sediados no Mundo e no Brasil (na mão de cinco grandes famílias), principalmente, dedicam-se incansavelmente a tentar desmoralizar nossos valores e princípios, a moral e a ética. A cada dia vão, através de insidiosas operações psicológicas, minando nossas crenças, distorcendo nossa História, desmoralizando nossos heróis e tradições, subtraindo do povo brasileiro  nossa auto-estima, para facilitar os planos de conquista de nossos corações e mentes.

São condições básicas para um país ser independente, no mundo de hoje, a auto-suficiência em alimentos, energia e remédios. Um exemplo disto pode ser encontrado observando-se a atuação da potência hegemônica, os EUA. Possuem capacidade de produzir alimentos, não só para abastecer o mercado interno, como também para exportarem para o Resto do Mundo, constituindo-se na maior nação exportadora de grãos. No campo de medicamentos, também dominam a tecnologia de vanguarda, sendo capazes de  prescindir de auxílio externo. Contudo, na área de energia são dependentes. Daí é explicável a ação dos EUA no Oriente Médio, em especial no Golfo Pérsico, onde com o apoio de Israel conseguem controlar toda a região, mantendo em permanente defensiva o Iraque e o Irã. Entretanto, suas necessidades são tão grandes, que obrigou-os agora a procurar outras fontes de petróleo. O interesse dos EUA na região do Mar Cáspio é flagrante. A região é rica em ouro negro. A ofensiva na Europa Central, com a destruição da Iugoslávia, é sinal claro de quais serão os próximos passos dos EUA. Até no Brasil, a quebra do monopólio estatal do petróleo é um indício flagrante das intenções dos nossos irmãos americanos.

Analisando a situação brasileira, diagnosticamos que  no setor alimentos, há possibilidade de triplicar nossa atual produção de grãos, com a mesma área cultivada. Basta investir em pesquisa, assistência técnica e tecnologia. E ainda existe a possibilidade de expansão da área cultivada. Contudo, no setor de energia, o Brasil, até há pouco tempo atrás, tranqüilo , passa a viver o drama do “apagão”, mercê da incúria, desídia e incompetência da administração FHC. Somente com a ascensão ao poder de uma administração nacionalista, competente e verdadeiramente comprometida com os anseios nacionais, é que será possível retomar o caminho da independência no setor, perfeitamente viável no médio prazo. Nossa maior vulnerabilidade reside justamente no setor medicamentos, pois somos muito dependentes dos alienígenas. Será necessário um esforço gigantesco, mas não impossível, da sociedade brasileira, para, com base na rica biodiversidade existente em particular na região Amazônica, aplicar investimentos vultosos em pesquisa, objetivando tornar a nação auto-suficiente em uma geração, pelo menos no tocante à medicina curativa essencial.

Infelizmente, a conclusão extraída da atual conjuntura é a de que a Soberania Nacional corre cada vez mais risco. A ordem jurídica não é mais respeitada no território nacional. As autoridades locais submetem-se a diretrizes determinadas pelo Resto do Mundo. Até a moeda querem nos tirar! Burocratas de terceiro escalão do FMI regulam até o volume de investimento na área social. E Soberania não possui meio termo. O país tem ou não tem.

Para mantermos  nossos Objetivos Nacionais Permanentes, em especial a Soberania Nacional é indispensável o urgente fortalecimento das nossas Instituições, em especial  de nossas Forças Armadas, além da existência de um governo apto a enfrentar o que será talvez um dos maiores  desafios da nossa História. Preservar para os nossos filhos aquilo que foi tão duramente conquistado pelos nossos antepassados. Afinal, o Brasil é dos brasileiros! Caso permaneçamos indiferentes, ausentes, medrosos, nossos filhos terão o direito  de cobrar-nos: Por que não fomos capazes de, além de doar nossas vidas em defesa do que recebemos, dar-lhes razão para continuarem a viver dignamente?

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