SEIS POR MEIA DÚZIA
Prof. Marcos Coimbra
Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor aposentado na UERJ e Conselheiro da ESG
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
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Artigo publicado em 01/06/2005 no Jornal Ombro a Ombro
Está sendo discutida, no momento, a sucessão presidencial de 2006. Aliás, com a adoção do instituto da reeleição, ela começou a ser planejada antes mesmo da posse do atual presidente. Eleita com base numa plataforma de oposição à administração anterior de FHC, a atual limita-se a aprofundar a imposição das medidas impostas pelos "donos do mundo", através dos seus instrumentos de ação ONU, FMI, OMC e outros, nas cinco expressões do Poder Nacional (política, econômica, psicossocial, militar e científico-tecnológica). A administração Lula conseguiu até aprovar o que seu antecessor não teve forças para obter como a taxação dos inativos, o controle externo do Judiciário e, agora, o desarmamento do cidadão de bem. Tudo isto consta dos acordos firmados pela administração anterior com os "donos do mundo", em busca da consolidação de um "governo mundial". Assim, tanto faz eleger FHC ou reeleger Lula na próxima eleição. Apenas, com FHC haveria uma subordinação maior à potência hegemônica, enquanto que com Lula há a possibilidade de criação de um novo "Vietnã" na América do Sul, em outros moldes, não da forma militar, sob a influência de Cuba e da Venezuela.
Tudo em nome da globalização! Seus efeitos no Brasil são calamitosos. Começa pela Cultura. Grande parte da população já está persuadida de que não vale mais a pena lutar contra este "fenômeno irreversível". Consideram-se colonizados de novo. Conseguiram destruir não só a vontade de lutar, bem como sentimentos nobres, legados por nossos antepassados, como amor à Pátria, coragem, persistência na luta pela conquista dos Objetivos Nacionais Permanentes, desapego a bens materiais, esperança de dias melhores não só para esta geração, mas principalmente para as gerações futuras, de milhões de brasileiros. Mas ainda existem milhões de brasileiros com vontade de lutar, seja qual for a arma a ser utilizada. Corações e mentes são mais importantes do que aparato bélico. O pequeno Vietnã ensinou uma dura lição à potência hegemônica do mundo. Contudo, depois do conflito bélico, perderam a guerra da auto-estima. Em paralelo, nossa indústria ou é vendida para alienígenas ou fecha. O desemprego continua em torno de 18% da população economicamente ativa, segundo o DIEESE. O cidadão vai perdendo sua dignidade e aceitando remunerações ínfimas, sem a devida proteção trabalhista, através de mecanismos ditos modernos, como a reengenharia e a terceirização. O déficit público operacional em 2005 alcançará cerca de 3% do PIB. Só de juros da dívida interna foram pagos algo ao redor de R$ 150 bilhões no ano passado, mais US$ 14 bilhões da dívida externa. E o pior, a esperança desaparece. O povo começa a ficar sem perspectivas.
Por trás de tudo isto estão as seis crises mundiais que ameaçam a sobrevivência da espécie humana no próximo milênio: energia, alimentos, água doce, matérias primas de natureza mineral, bens do reino vegetal e produtos de origem animal. As nações produtoras vão sofrer carências severas desta gama de recursos vitais. Por isto não querem diminuir seu padrão de consumo. Por estas razões não lhes interessam o crescimento de nações emergentes, como o Brasil, a China, a Índia, capazes de assumirem o "status" de nações perturbadoras da ordem internacional estabelecida pelos "donos do mundo".
Temos então a explicação para a desesperada tentativa feita pelas nações mais desenvolvidas para impedir o progresso do Brasil, procurando quebrar a Integridade do Patrimônio Nacional. Movimentos separatistas são estimulados do exterior, no Sul e no Nordeste. Isto é crime de lesa-pátria! É traição à pátria! Atingindo o Estado Nacional Soberano, enfraquecem-nos, tornando mais fácil disseminar a cizânia entre nós, para procurar evitar que nosso país alcance o patamar de potência emergente. Só para exemplificar: 21% das reservas de água doce no mundo pertencem ao Brasil (15% na Amazônia). Na virada do século, a água potável vai tornar-se cada vez mais rara. E nós a temos em abundância. E muitos países vão querer a sua posse.
Continuemos a lutar para que o Brasil ocupe o lugar que merece no contexto mundial e seus habitantes tenham uma vida mais digna. Resistir é preciso!