SE CORRER O BICHO PEGA
Artigo Publicado em 09/2002 no Ombro a Ombro
Prof. Marcos Coimbra
Professor Titular de Economia
junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.
Se ficar o bicho come. Infelizmente, é esta a situação da polícia no Rio de Janeiro, em especial dos comandantes de batalhão da polícia militar (PM) e dos delegados da polícia civil. Na atual administração da governadora Benedita, se a polícia não age, o comandante é demitido, como foi o caso havido no batalhão da Tijuca. Uma família, ameaçada por traficantes, pediu cobertura para fugir do morro e o comando do batalhão teria afirmado que a PM não subia morro de noite, obrigando o CORE, da polícia civil, a garantir a retirada dos cidadãos ameaçados. O comandante do batalhão foi demitido, mas o poder público foi incapaz de garantir o direito de moradia da família ameaçada. Os traficantes venceram mais uma vez, humilhando a autoridade estadual. Ao inverso, o BOPE (batalhão de operações especiais) cumpre sua missão, sobe o morro, é recebido a tiros, defende-se, há mortos e feridos e o comandante é demitido.
Imagine-se, caro leitor, no lugar de um comandante de batalhão. O que fazer? O poder paralelo do crime organizado comanda o Estado. Os policiais, ao invés de serem respeitados como antigamente, passam a temer os bandidos. As passeatas promovidas por ONGs como o Viva Rio, apoiadas pela mídia amestrada, apresentam bandeiras brancas. Psicologicamente, sinalizam a rendição da sociedade aos marginais. Defendem a legalização das drogas e exigem o desarmamento dos cidadãos civis, dignos e de bons costumes. Quando um bandido é preso e há algum excesso eventual da polícia, imediatamente comissões de direitos humanos são acionadas e dezenas de advogados, sociólogos e “policiólogos” , como o Rasputin, aparecem para defendê-las. As vítimas, estupradas, assaltadas, traumatizadas para o resto de suas vidas, assassinadas algumas, são ignoradas pelos defensores dos direitos humanos dos marginais.
Recentemente, sete comandantes de batalhões importantes são afastados, sem direito à defesa, com base em denúncias anônimas, cometendo as autoridades atuais a leviandade e irresponsabilidade de vazar para a imprensa informes (informações não confirmadas) de “irregularidades”, sem comprová-las, manchando a honra dos afastados. Desta forma, a tropa não sente respaldo em suas chefias para cumprir sua missão. Quando saem numa operação, os policiais não sabem se voltarão vivos e incólumes, mas sabem que não terão apoio do comando. Rezam para não haver confronto com os marginais, pois, caso sobrevivam intactos e matem ou machuquem bandidos, serão afastados e massacrados pela mídia. Os cidadãos, que pagam impostos extorsivos, são obrigados a esconder-se, trancar-se em suas residências e fugir das ruas para sobreviver. Chegou a ser patético o esforço de um comandante de batalhão, esta semana, no sentido de conseguir que comerciantes intimidados na Tijuca voltassem a abrir suas portas e funcionassem normalmente, com medo da ordem dos traficantes de fecharem suas portas. E as lojas não abriram. É a falência completa da autoridade.
O presidente da ADEPOL ( Associação dos Delegados de Polícia), delegado Wladimir Reale, conhecedor profundo do assunto, defende o enfrentamento imediato, em larga escala, para evitar a perda definitiva do controle da situação. Para criar o contraditório, importante programa de TV traz um sociólogo espanhol, ligado justamente às ONGs citadas, para defender a leniência. É feita uma pesquisa e 75% dos participantes concordam com o delegado. É mais uma comprovação de que a maioria do povo quer ordem, segurança, ou seja, o oposto do que é oferecido pela atual administração petista no Rio de Janeiro: insegurança, baderna, anarquia. A desmoralização da autoridade, das instituições públicas, em especial, daquelas relacionas à segurança, é tudo aquilo que o crime organizado deseja. A cúpula da segurança pública no Rio de Janeiro nunca esteve tão mal representada, nos últimos anos. Agora, entretanto, é pior, pois ela age coibindo a ação normal dos órgãos de repressão, inibindo-a. Afinal, tudo na vida possui seu lado bom e seu lado ruim. O bom é justamente o fato de a população estar tendo a oportunidade de constatar a ineficácia do modo petista de governar, em especial no tocante à segurança pública. O ruim é o suplício por que passará a população até o término do atual mandato, rezando para que termine logo.
Prof. Marcos Coimbra
Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
Sítio: www.brasilsoberano.com.br