RELAXA E GOZA

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), Professor aposentado de Economia na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 21.06.2007 no MM

         A sexóloga Marta Suplicy, que está ministra do Turismo, pronunciou esta pérola, a respeito do “apagão aéreo” vivido no Brasil. Depois, pediu desculpas, afirmando que não era bem assim, reconhecendo a infelicidade de seu pronunciamento. A exemplo da outra ministra que disse ser natural o preconceito do negro em relação ao branco e depois também procurou amenizar o desastre. Com relação ao escândalo dos bingos ( vide Waldomiro e Operação Xeque-Mate), que o presidente Lula agora declara ser a decisão sobre sua legalização da alçada co Congresso, é oportuno lembrar que em fevereiro de 2004, Lula enviou sua primeira mensagem ao Congresso, no qual prometia : “ A regulamentação da atividade sos bingos vai organizar o setor e assegurar recursos para o esporte” (Página 117). No dia seguinte, o secretário do presidente, Sr. Luiz Dulci, afirmou que esse parágrafo não estava na versão que passou por sua mesa. Veio então de onde?

         O preocupante em tudo isto é que, em nosso entendimento, não foram apenas declarações infelizes. De fato, representam a soberba, a certeza da impunidade, a arrogância,  o desprezo pelo cidadão, por parte das autoridades acima mencionadas. Quando percebem a repercussão negativa, apressam-se em tentar amenizá-las. Mas, representam efetivamente o que elas  pensam, em seu íntimo. 

         No tocante ao caos existente na aviação civil, infelizmente tivemos a oportunidade de experimentá-la pessoalmente na semana passada. Participamos de um Congresso na Bahia e fomos por via aérea, como seria o recomendável. Na ida, pela TAM, para Salvador, o primeiro percalço. Um atraso de duas horas, o não respeito à marcação antecipada feita pela Internet  dos lugares e um “abundante” repasto, semelhante ao fornecido pela sua principal concorrente. Por coincidência, nosso lugar original foi ocupado por um estrangeiro. Na chegada ao aeroporto, a desordem completa. Filas intermináveis e falta de coordenação. Depois, para Porto Seguro, um “pequeno” retardamento de 03:30h, pela Gol, com direito a um substancial lanche, constituído  por   dois biscoitos, um polenguinho e um pote pequeno de doce de goiaba, acompanhado por um copo de refrigerante, com direito a repetir (só o refrigerante).

         No retorno, é que foi a verdadeira provação. De Porto Seguro a Salvador, pela Gol, uma pequena demora na saída do vôo, de cerca de uma hora, o que já passou a ser considerado normal. Apenas uma ligeira confusão ocasionada na entrada de um avião, em virtude de um passageiro que obstruía a passagem por mudar de lugar constantemente, sob o olhar indiferente das aeromoças. Tentamos ajudá-lo, descobrindo finalmente a causa do transtorno. O cidadão não sabia ler e pensava que poderia sentar em qualquer lugar. Indicamos o assento correto e ainda recebemos um olhar de reprovação como agradecimento. Ele estava na janela, contudo não ficou satisfeito com a posição. Mas de Salvador para o Rio de Janeiro, a coisa assumiu sua verdadeira face dantesca. Tentamos antecipar a volta para mais cedo, pois nosso horário era de 18:00h de domingo, porém não conseguimos. Eram tantas multas e artifícios de cobrança, que pagaríamos o equivalente a uma passagem normal. E o pior. Informações inteiramente desencontradas prestadas pelas funcionárias da TAM. Consultamos três, obtendo respostas diferentes. Desistimos. Chegamos então com mais de uma hora de antecedência e visualizamos a confusão normal. Ninguém se entendendo, as tradicionais e agradáveis filas.

         Conseguimos entrar no avião dentro do horário (apenas 30 min de retardo). Todos ficaram eufóricos. Afinal, agora vai. Ledo engano. Ficamos prisioneiros dentro do avião por 01:30h, esperando ordem do controle, em virtude do “excessivo” trafego aéreo. Decolamos para Guarulhos, escala obrigatória para o Rio de Janeiro. Tivemos que descer do avião, que foi direcionado para os EUA. Fomos submetidos à outra inspeção de segurança da INFRAERO (depois de duas anteriores, sem problemas) e foram confiscados pelo funcionário  nosso tubo de creme de barbear e um frasco de loção pós-barba, em virtude das novas regras de segurança. Apenas, desconfiamos das reais intenções do funcionário, pois ele não estava bem barbeado e não jogou no lixo os objetos confiscados.

         O nosso avião apanhou novos passageiros e foi embora. O destinado a nós, que havia chegado de Miami, estava com problemas na passagem do combustível e começou a ser reparado em frente ao portão de embarque. Ficamos 02:30h aguardando. Deveríamos chegar ao Rio às 22:35h. Já havia passado da meia-noite e o avião lá. Vários passageiros pressionaram e, afinal, às 01:05h entramos no avião. Ao sobrevoar o Rio, mais uma notícia desagradável. Havia neblina e talvez a aeronave tivesse que retornar a Guarulhos. Sobrevoamos a cidade por mais de 40 min e finalmente foi autorizado o pouso por instrumentos. Chegamos depois de 02:30h.

         Ora, é irreal sequer pensar em meta de recepção de nove milhões de turistas nas condições de nossa atual infra-estrutura de transporte aéreo. E tememos, sinceramente, pelo que possa ocorrer na ocasião do transcurso do PAN. Urge partir para a solução urgente do problema antes que ocorra o pior.

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