QUEM TEM MEDO DO DR. ENÉAS?

Artigo publicado em 24.10.2002 no Monitor Mercantil.

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.

         Tão logo os resultados das eleições do dia 06 de outubro foram divulgados, vários fatos chamaram  a atenção da população. Dentre eles, a retumbante votação obtida pelo Dr. Enéas Ferreira Carneiro, do PRONA- Partido de Reedificação da Ordem Nacional, o qual obteve cerca de 1.600.000 votos no pleito para deputado federal em São Paulo, conseguindo a maior votação da História do Brasil. Outro acontecimento relevante foi a expressiva votação da Dra. Havanir Nimtz, candidata a deputada estadual em São Paulo, com cerca de 700.000 votos, obtendo também a maior votação, em toda a História do país, na categoria de deputado estadual.

         De imediato, a mídia amestrada, composta por escribas de aluguel, regiamente pagos pelos "donos do mundo", iniciou uma sucessão de ataques brutais contra o Dr. Enéas e seus correligionários, procurando desqualificar, a qualquer preço, a magnífica vitória alcançada. A orquestração foi muito bem encadeada. Vários colunistas das principais revistas e jornais dos maiores centros do país começaram a carnificina, procurando denunciar o fato de a espetacular votação do Dr. Enéas ter conseguido eleger mais cinco deputados federais. Até o presidente da República descobriu a pólvora, qualificando o sistema vigente como injusto e passível de ser reformulado. Esqueceram que ele é empregado há muito tempo pela classe política do país, tendo contribuído para eleger muitos candidatos despreparados. Ficou até célebre a eleição do ex-presidente José Sarney, como senador pelo Amapá, quando todos sabem de sua origem maranhense.

         Os políticos tradicionais sempre utilizaram a legislação vigente para eleger seus escolhidos. Agora que o PRONA teve êxito, a estratégia passou a ser adjetivada como um "atentado à democracia". Antes, procuravam desqualificar o PRONA como sendo inexpressivo, sem representatividade ou legitimidade, pois não possuía representação parlamentar significativa. Agora, só em São Paulo, o partido elegeu seis deputados federais e quatro estaduais. No Rio de Janeiro, dois deputados estaduais.Não divulgaram o fato de que o PRONA só tinha direito, pela mesma legislação vigente, a apenas 28 segundos por dia, dia sim, dia não, perfazendo o total de cerca de nove minutos, em toda a campanha, em São Paulo. E sem recursos, pois o Dr. Enéas obteve um empréstimo bancário de R$ 60.000,000, para custear toda a campanha, essencialmente para cobrir as despesas com a produção dos programas do horário eleitoral gratuito.

         Tentaram de todas as maneiras descaracterizar o voto dos eleitores no Dr. Enéas, qualificando-o como semelhante ao protesto do "cacareco". Omitiram que o Dr. Enéas já havia sido candidato três vezes à presidência da República, bem como em 2000 à prefeitura de São Paulo, tendo assim consolidado sua imagem e suas idéias na mente e no coração dos eleitores. Outro fato esquecido foi o de que os seis candidatos à presidência da República, inclusive os quatro principais, foram originários ou da linha socialista, ou da marxista-leninista ou da gramscista, não havendo qualquer um representante de outra ideologia, sequer do centro. Daí parte do sucesso obtido pelo Dr. Enéas. Em São Paulo, quem não concordou com esta realidade, ao votar nele, demonstrou sua insatisfação com as opções apresentadas pelo sistema vigente, não representativas de outra ideologia.

         Sabíamos da existência das "meninas de FHC" na imprensa, mas não dos "meninos de FHC". E eles apareceram, irados, chegando até a ofender os eleitores que sufragaram o PRONA, fazendo recordar o funesto patrulhamento ideológico, de tão triste memória, capaz de ignorar o pluralismo ideológico, característico do regime democrático, tentando impor o pensamento único. Não  ficaram escandalizados com o nepotismo eleitoral vigente, com o indecoroso número de filhos, netos, esposas e outros parentes eleitos por "caciques políticos". Nem se escandalizaram com os vultosos recursos financeiros e materiais, bem como da máquina administrativa, empregados pelos candidatos de sempre, reeleitos com votos de procedência, no mínimo, duvidosa.

         Afinal, um jornalista, com anos de profissão, articulista de tradicional revista de grande circulação, fingir, com ironia, que não conhece os autores do "plano diabólico", combatido pelo Dr. Enéas, demonstra ingenuidade, ou desconhecimento estranho ou má fé. Denunciamos, há tempos, como "donos do mundo", responsáveis pelo "plano diabólico", os detentores do controle do sistema financeiro internacional e nacional, que comanda a Economia Mundial, através da Comissão Tri-lateral e dos seus tentáculos, como o Diálogo Interamericano, o Consenso de Washington, o FMI, o BIRD, o BID, a OMC e outros. E, se continuar em dúvida, prezado jornalista, verifique quem paga, na realidade, seu salário ou seu estipêndio. Eles possuem razões de sobra  para temer o Dr. Enéas, ao contrário do povo brasileiro que o acolhe com entusiasmo nas ruas, nos locais por onde ele passa, tendo demonstrado nas urnas seu engajamento nos ideais patrióticos defendidos pelo Dr. Enéas.

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