PREOCUPAÇÕES COM A NOVA ORDEM MUNDIAL  

Prof. Marcos Coimbra

Conselheiro Diretor do CEBRES, Professor de Economia e Autor do livro Brasil Soberano

(Artigo publicado em 01.06.09 no Vila ).

         Há alguns anos, quando era senador, o insuspeito Saturnino Braga, (PT-RJ), declarou: "Se o argumento é só a força, se não vale mais o direito, se não vale a lei internacional, se não valem os organismos internacionais, se valem a força e o poder militar, então todos os países terão obrigação de se armar, melhorar sua posição militar, em relação aos demais países do mundo. Se passa a imperar a força bruta cínica, é bom que  adquiramos também, como nação, uma força que, pelo menos, tenha um caráter dissuasório, fabricando o que já podemos fabricar. Não há por que ficarmos respeitando um tratado de não proliferação quando o que prolifera é a força das armas, da força bruta. Se os parâmetros agora são outros, não há porque ficarmos presos a um compromisso que tinha outros pressupostos da legitimidade, do respeito à ONU, do respeito aos tratados internacionais. Se isso não vale, teremos que repensar nossa posição". Referia-se à agressão ao Iraque perpetrada pelos anglo-americanos, bem como a outras intervenções do tipo.

         Depois da tragédia ocorrida em 11 de setembro nos EUA, surgiu uma reação natural dos governantes americanos, em resposta aos atos que chegaram a extrapolar o âmbito do terrorismo até então praticado. Mas o mais importante, no momento, é dimensionar a atitude da potência hegemônica mundial. Sua  ação tem sido preocupante. No campo interno, apesar de amenizadas pela atual administração Obama, ainda persistem limitações drásticas dos direitos constitucionais do povo americano e outros problemas, do que é cabal exemplo a dificuldade em fechar a base de Guantánamo. No âmbito externo, continua uma ofensiva diplomática para agir como uma administração interventora,  a pretexto de combate ao terrorismo mundial.

         A movimentação das forças de combate sugere muito mais do que o ataque ao Afeganistão e a Bin Laden. A desenvoltura demonstrada pelos exércitos de mercenários como os da Blackwater, agindo sem controle em diversos países do mundo, preocupam os estrategistas de vários países. Isto porque existe claramente em ação a estratégia imposta pelos  "donos do mundo", os detentores do capital transnacional, líderes do sistema financeiro internacional, para progressivamente implementar um governo mundial.

          As etapas do processo estão claramente delimitadas, em linhas gerais. De início, a adoção da "globalização", nova denominação do "neocolonialismo", partindo dos países centrais para a periferia, com o domínio da expressão econômica do Poder Nacional, através da imposição dos ditames dos organismos internacionais: FMI, OMC, Banco Mundial, BID e outros. Abertura da economia, com eliminação de barreiras protecionistas, adoção da lei de patentes, inclusive com efeito retroativo, privatização selvagem, para transferir o patrimônio real das nações menos desenvolvidas para os detentores do "papel pintado", meta de inflação para garantia do retorno das suas aplicações de capital e outras. A seguir, o total controle dos meios de comunicação , seja através da colocação de pessoas de confiança, os "testas-de-ferro", até a participação via indireta no comando das empresas de jornalismo, ou emprestando-lhes moeda para mantê-los dependentes ou simplesmente remunerando regiamente os principais formadores de opinião e jornalistas famosos, montando a chamada "mídia amestrada".

         Em paralelo, atuam através da criação de inúmeras ONGs, financiadas pelo exterior, sem qualquer controle, com dirigentes percebendo salários invejáveis, sem prestar contas a ninguém e com recursos vultosos para criar a chamada "opinião publicada". Falam em nome do povo, sem procuração. Trabalham incansavelmente para destruir as Instituições Nacionais. Procuram demolir o Estado Nacional Soberano, minimizar a importância da Igreja, desmoralizar  os princípios e valores fundamentais da Família, da Escola e da Empresa. Sucateam as Forças Armadas, procurando subtrair-lhes quaisquer possibilidades de cumprir suas missões constitucionais. Tudo é feito em vários países simultaneamente, no mundo inteiro. Para isto criam organizações para cooptar lideranças existentes, propiciando-lhes meios de assumir o Poder constitucionalmente e administrar segundo as suas determinações.

         Nas Américas, foi criado em 1982 o Diálogo Interamericano, cujo sítio pode ser acessado por qualquer interessado (http://www.iadialog.org). Os inocentes úteis, que persistem em tentar ridicularizar o fato dizendo que "isto é bobagem,  podem assim conhecer seus integrantes e financiadores. O Consenso de Washington, de 1988, é apenas uma derivação do Diálogo. Não é coincidência que a mesma política neoliberal seja adotada por países  diversos das Américas. Em todos foi imposta a criação do ministério da Defesa, para o "controle civil dos militares", por exemplo, bem como a privatização, em benefício dos “donos do mundo” de setores estratégicos como comunicações, energia, água, vitais para a sobrevivência no terceiro milênio.

         Agora, com o colapso mundial havido, cresce a necessidade pelo domínio dos recursos naturais abundantes das nações mais vulneráveis. A conclusão lógica é a de que o Brasil, como os demais países na alça de mira, deve fortalecer sua expressão militar, inclusive com o domínio da tecnologia nuclear, bem como da espacial, a fim de ter poder dissuasório capaz de evitar problemas sérios em futuro próximo. A Amazônia precisa ser resgatada!

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