PENSANDO O LONGO PRAZO

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor aposentado na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 16/12/2004 no Monitor Mercantil.

       Um país precisa de planejamento (racionalização do processo de tomada de decisões) para poder atingir seus Objetivos Nacionais Permanentes (ONP): Progresso, Soberania, Paz Social, Integração Nacional, Integridade do Patrimônio Nacional e Democracia. E, em especial, de um planejamento a longo prazo, a fim de que o futuro do país e de nossos descendentes seja satisfatório. Infelizmente, poucas Instituições debruçam-se sobre o estudo do futuro. Uma das poucas é a Escola Superior de Guerra (ESG), a qual congrega civis e militares, oriundos de todos os rincões do país, para diagnosticar os problemas existentes e propor as políticas e estratégias adequadas para a consecução dos nossos objetivos e, em conseqüência, do Bem Comum.

       Lamentavelmente, existem grupos e pessoas, atualmente com muito poder político, interessados em eliminá-la, ou direta ou indiretamente. Como acabar com ela foi tentado, mas não foi possível de concretizar, procuram agora anulá-la, alterando seus objetivos, sua estrutura, sua filosofia. As propostas apresentadas ao Congresso para modificar a Lei de sua criação, caso aprovadas,  transformarão um dos poucos centros de altos estudos, apartidário, que reflete, pensa, planeja e propõe rumos para o Brasil do futuro em mais uma fábrica produtora de mestres e doutores, como tantas existentes no país. Apenas, voltada para a Defesa Nacional.

       Ora, segundo a Doutrina da Escola Superior de Guerra, "Defesa Nacional é o conjunto de atitudes, medidas e ações adotadas, com a utilização do Poder Nacional, para superar as ameaças de origem interna ou externa, que se manifestem ou possam manifestar-se contra os Objetivos Nacionais Permanentes". Já a "Segurança Nacional é a garantia relativa, para a Nação, da conquista e manutenção dos seus Objetivos Permanentes, proporcionada pelo emprego do seu Poder Nacional". Ou seja, é um conceito mais amplo, que abrange o anterior. Mas, hoje em dia, é proibida de ser mencionada , graças a um feroz patrulhamento ideológico.

       E o binômio Segurança e Desenvolvimento foi criado com o propósito de alcançarmos o lema inscrito em nossa Bandeira: Ordem e Progresso. Segurança e Desenvolvimento são processos que, caso sejam bem sucedidos, levarão o Brasil a atingir os estados de Ordem e Progresso, anseios comuns a todos os Brasileiros, independentemente de filiação partidária. A exceção é constituída por alguns tresloucados fanáticos que apenas pensam em destruir ou então por maus brasileiros, traidores da Pátria, a soldo de grupos ou nações estrangeiras. De fato, não existe Desenvolvimento sem a garantia de sua continuidade, representada pela Segurança. E o Desenvolvimento contínuo permite minimizar as razões de insegurança. Nos tempos atuais, as guerras, ou seja, conflitos bélicos, são resultantes de conflitos econômicos, psicossociais, científico-tecnológicos e políticos. Estes conflitos existem permanentemente entre as Nações e, caso não resolvidos satisfatoriamente, redundam em confrontações militares.

       Os últimos 20 anos foram terríveis para o Brasil. Na falta de um planejamento próprio, utilizamos propostas alienígenas, preparadas com competência, objetivando manter o país na triste situação em que se encontra. O endividamento excessivo, o brutal processo de transferência de renda do setor produtivo para o segmento financeiro, a privatização selvagem, o desarmamento do cidadão honesto, a crescente destruição das Instituições Nacionais, o desmantelamento do Estado com sua substituição por ONG's, a "balcanização" do país com a imposição externa de demarcação de terras indígenas, o crescente desemprego, a diminuição progressiva da renda real dos assalariados, pensionistas e aposentados, a corrupção desenfreada, a crueldade com que as elites  tratam o povo, a extinção da classe média, e o pior, a desesperança, são demonstrações claras da estratégia empregada pelos "donos do mundo" para impedir o Brasil de atingir o patamar dos países desenvolvidos.

       É dramático verificar que a nossa geração recebeu de nossos ascendentes uma Nação próspera, em processo de desenvolvimento, soberana, com esperança no futuro e está passando para nossos descendentes uma Nação estagnada, pobre, cada vez mais dependente, com grave concentração de renda, sem futuro.

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