PENSANDO O BRASIL

Artigo publicado em nov/2001 no Ombro a Ombro.

 

                   Em 2002, segundo o Banco Central (BACEN), as necessidades para fechar nossas contas externas serão de US$ 50 bilhões, enquanto que empresas de consultoria estrangeira estimam as mesmas  necessidades em US$ 80 bilhões. A taxa de juros SELIC permanece nos indecentes 19% e o sistema financeiro obteve, no primeiro semestre, no Brasil, lucros fantásticos, praticamente sem pagar imposto de renda. Enquanto isto, um grupo de ensandecidos deputados, de comum acordo com a secretaria da Receita Federal, planeja aumentar para 35% a alíquota tributária incidente sobre quem ganha acima de R$ 6.000,00 mensais. Caso o absurdo seja aprovado, é o golpe definitivo na classe média. O BRADESCO consegue um resultado, até setembro do corrente ano, de R$ 1,5 bilhão.Contudo, a inadimplência aumenta a cada mês. A inflação oficial ultrapassa a meta fixada com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A Argentina prossegue em sua agonia, atingindo o pior resultado, em sua história econômica, no tocante à classificação de risco para investidores estrangeiros. Nosso modelo econômico, excessivamente dependente, expõe sua vulnerabilidade por inteiro, obtendo resultados parecidos. 

                   A administração FHC só investe em saúde pública cerca de R$ 20 bilhões por ano. Em educação pública  não ultrapassa o limite de R$ 10 bilhões anuais. Porém, gasta no pagamento de juros da dívida cerca de R$ 140 bilhões ao ano. A greve dos docentes persiste. Até vestibulares são adiados pela Justiça e depois anulados. A insegurança aumenta. Só agora as autoridades descobrem a necessidade de haver um SINAMOB (Sistema Nacional de Mobilização) funcionando. O atual ministro da Justiça é premiado com o cargo de embaixador em Portugal, por sua amizade à família presidencial. E o indicado traz em suas folha corrida diversos assaltos, dentre eles o do trem da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí e o do carro de valores  da Massey Ferguson. Há funcionários públicos que estão há sete anos sem reajuste, tendo seu poder de compra reduzido para 74%.

Na expressão política, o sistema financeiro internacional continua a eleger e derrubar presidentes e outros menos votados. O Congresso demonstra, com os últimos episódios, o grau de corrupção acentuada e sua tibieza. Deputados mudam de partido em troca de benesses diretas e indiretas. Os eleitos são perfeitos representantes do nosso Legislativo. O Estado Nacional Soberano é paulatinamente destruído. O acordo de Alcântara, com parecer contrário do relator da Comissão de Defesa do Estado e de Relações  Exteriores, e diante da possibilidade de rejeição pela citada Comissão, por manobra do presidente da Câmara de Deputados, foi colocado em compasso de espera, mas, em paralelo, encaminhado à Comissão de Ciência e Tecnologia, onde poderia ser aceito, contrariando a vontade nacional e caracterizando mais um crime de lesa pátria. Diante do clamor nacional, volta à Comissão original, com votação prevista para dia 24 de outubro, porém adiada "sine die".

                                      O percentual de gastos com defesa em relação ao PIB  cai para 1,6%, sendo que 1,2% para atender a despesas de pessoal. Sobra apenas 0,4% para cobrir custos de adestramento e aprestamento. E a mídia amestrada silencia. Denunciavam que, na época do regime dito militar, o Brasil era colônia dos EUA. Agora, quando os neoesquerdistas estão no poder, nunca houve uma  influência tão impositiva dos EUA sobre o Brasil como  no momento. Acabaram até com a indústria bélica nacional. A ENGESA, a IMBEL a AVIBRÀS que chegaram a concorrer e ganhar, em concorrências internacionais, dos mais tradicionais fornecedores de armamentos foram imobilizadas. A EMBRAER, em parte, já pertence ao grupo DASSAULT.

                   Torna-se evidente a imperiosa necessidade de que todos os postulantes à presidência da República apresentem seus respectivos planos, com transparência, para que o eleitorado não seja mais uma vez enganado, como nas últimas campanhas, quando, em momento algum, o atual presidente revelou sua intenção em "entregar" as riquezas do país, a começar pela "doação" da Vale do Rio Doce. É preciso lutar para resgatar a parcela perdida do Brasil e impedir sua perda total!

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG

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