ONDE ESTÁ A  SAÍDA?

Artigo publicado em 09.05.2002 no Monitor Mercantil.

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.

         O Brasil atravessa momentos difíceis de sua História. A implantação das idéias neoliberais, sob o pretexto da globalização, vendida como  verdade absoluta pela mídia amestrada, provocou conseqüências danosas ao nosso  país. A administração política foi entregue a meros representantes do capital transnacional, apátrida. E já começam a abandonar seus cargos e  partir para usufruir de benesses no exterior. O ex-ministro do Planejamento já está no Banco Mundial.

 A expressão econômica do poder nacional está sendo destruída, passo a passo. A economia, em processo de estagnação, vai se desnacionalizando  , a cada momento. A cada ano, é motivo de preocupação o déficit do balanço de pagamentos em transações correntes. Este ano deverá ficar em torno de US$ 21  bilhões. Em 2002, a nação pagará cerca de US$ 45 bilhões de juros da dívida externa e de amortização da dívida externa. Cada vez mais aumenta a remessa de lucros e dividendos. O patrimônio nacional diminui, "doado" a empresas  estrangeiras. Na infra-estrutura econômica, perdemos o estratégico setor de comunicações. Na energia, fomos forçados a aceitar um ridículo racionamento, no terceiro milênio, em um país que é detentor da maior reserva de água doce do mundo, dentre outros recursos energéticos abundantes. O setor transportes ou está deteriorado ou entregue ao apetite voraz de grandes empresas privadas e empreiteiras. O empresário privado nacional é uma espécie em extinção. Os banqueiros, cada vez ganhando mais, através do presidente do Bradesco e coordenados pelo Sr. Olavo Setúbal, lançaram como candidato deles o Sr. Pedro Malan,  alguns meses atrás. O país pagou, nos últimos doze meses,  cerca de R$ 90 bilhões de juros da dívida interna.

 Investem em saúde menos de 20% deste valor. Menos ainda em educação. A segurança pública inexiste. Crescem as razões de insegurança em toda a nação. Estouram crimes hediondos em todo o país. O MST invade terras produtivas, a Justiça concede a reintegração de posse e nada acontece. Autoridades estaduais pertencentes ao PT impedem que as ordens judiciais sejam cumpridas.  A taxa de desemprego chega a mais de 19% da população economicamente ativa, de acordo com o DIEESE. Os salários reais diminuem a cada período de tempo. A concentração de renda, medida pelo coeficiente de Gini, alcança 0, 61, indicando uma das maiores concentrações de renda do mundo. Os indicadores de desenvolvimento humano apontam  o Brasil nivelado aos países mais miseráveis da Terra. Cresce a ocupação real da Amazônia pelos estrangeiros. A base de Alcântara está sendo  entregue aos americanos. As Forças Armadas não estão equipadas de acordo com a estatura político-estratégica do país.

         De fato, o Brasil está ameaçado de não atingir os objetivos  fixados por nossos antepassados. Os de alcançar o patamar das nações mais desenvolvidas do mundo, oferecendo condições dignas de vida ao seu povo. Para isto, é necessário reverter o atual quadro, voltando a ter como referência os Objetivos Nacionais Permanentes, elaborando um Plano Nacional de Desenvolvimento e implementando-o, através de técnicos nacionais competentes. Analisando o atual quadro sucessório, o panorama é preocupante. Os "donos do mundo" vão tentar continuar no poder no país, elegendo o sucessor de FHC, utilizando seu avassalador poder econômico e o domínio  da mídia amestrada. No momento, o candidato oficial da administração FHC, Sr. Serra, seria implacavelmente derrotado. Eles planejam, então, ou tentar iludir o povo fabricando Ciro Gomes como candidato de oposição ou deixar Lula ganhar afinal, desde que comprometido em manter o "status quo". O candidato Garotinho já foi abatido no início do seu vôo pela principal rede de comunicação do país, não sendo também um candidato real de oposição. Dos candidatos apontados nas pesquisas, de oposição verdadeira, só encontramos o Dr. Enéas. Porém, é discriminado pela mídia amestrada, representante do poder econômico, só sendo eventualmente entrevistado. E quando o é, nota-se claramente a intenção dos entrevistadores em tentar criar-lhe embaraços, ao invés de ouvir seu programa de governo.Além disto, seu tempo de horário gratuito é pequeno, não devendo ultrapassar os dois minutos por programa. E ainda existe o sério problema da votação eletrônica, sem possibilidade de recontagem de votos.

 A única saída para nós, brasileiros  patriotas, é a de cerrar fileiras em favor dos  candidatos nacionalistas, de oposição real, para conseguir a ida de um deles para o segundo turno, para a vitória que nos permita resgatar o Brasil. No momento, o único é o Dr. Enéas. A candidatura Serra não consegue emplacar e voltam a falar na hipótese de o atual presidente FHC ser de novo candidato, baseando-se  na justificativa de que ele ainda pode candidatar-se, pois a emenda da reeleição foi implantada quando ele já era presidente. Bem, no Brasil de hoje, tudo é possível. Agora, o que não é possível é a manutenção da atual situação de extrema vulnerabilidade da economia brasileira, sujeita a abalos, em função de avaliações feitas por agências de risco estrangeiras, apenas interessadas em especular e ganhar dinheiro fácil.

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