O BRASIL E OS PROBLEMAS
MUNDIAIS
Prof. Marcos Coimbra
Professor
Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor aposentado na
UERJ e Conselheiro da ESG
Artigo publicado em 23.12.2004
no Monitor Mercantil.
Existem seis crises mundiais que ameaçam a
sobrevivência da espécie humana no atual milênio: energia, alimentos, água
doce, matérias primas de natureza mineral, bens do reino vegetal e produtos de
origem animal. As nações produtoras vão sofrer carências severas desta gama de
recursos vitais. E elas não querem diminuir seu padrão de consumo. Por estas
razões não lhes interessam o crescimento de nações emergentes, como o Brasil, a
China, a Índia, capazes de assumirem o "status" de nações
perturbadoras da ordem internacional estabelecida pelos "donos do
mundo". Querem continuar a explorá-las ao longo do tempo.
O Brasil nunca esteve tão ameaçado em sua história, quanto no momento presente.
Os chamados "centros de irradiação de prestígio cultural" (Meios de comunicação de massa, Universidades,
Escolas, Teatro, Cinema e outros) são usados pelos detentores do poder
econômico, pelo sistema financeiro internacional, pela Trilateral, os quais vão
utilizando o Diálogo Interamericano, o Consenso de Washington, o G-7, liderados
pela potência hegemônica para propagar e impor os seus nefastos propósitos.
Através da venda da idéia de que a "globalização" é um fato
irreversível, procuram destruir o Estado Nacional Soberano, extinguir as Forças
Armadas, fazer vingar a tese da Soberania Relativa, forçar a privatização
selvagem, a abertura econômica irrestrita, enfim a derrocada de todas as
Instituições Nacionais.
A globalização nada mais é do que um apelido moderno para o neocolonialismo. Há quatrocentos anos
atrás, em plena vigência do colonialismo no mundo, quem iria imaginar que a
Inglaterra deixaria de ser o império onde o sol nunca se escondia, algum dia?
Que a China, a Índia, os EUA, o Brasil e outros países conseguiriam obter suas
respectivas independências políticas e alguns até mesmo a liberdade econômica,
apesar do poder militar, representado concretamente pela maior esquadra do
mundo, a inglesa? Simplesmente agora as relações de poder são mais sutis.
Concederam a independência política, mas mantiveram os laços de dominação
econômicos e tecnológicos, além de um controle total dos armamentos de
destruição de massa, como os artefatos nucleares.
Somente os eleitos podem
possuir este tipo de armamento. Quem cair em desgraça poderá ser destruído e
eles não correrão o risco de serem sequer ameaçados.
Esta era a
proposta inicial. Através da pressão diplomática e da "lavagem
cerebral" empreendida pela mídia mundial, foram impondo estas condições e
os países periféricos, administrados pelos representantes desta oligarquia
mundial, foram aderindo, inclusive, recentemente, o Brasil. Pretendem proibir
até a posse de armas de fogo pelos cidadãos, bem como controlar todo o estoque
mundial de armas e munições para facilitar a implantação de um" governo
mundial ", dotado de uma "força de paz supranacional", obviamente
comandada por eles. OS EUA representam um simples "gendarme" do
sistema financeiro nacional, a ponto de não ter haver mais o menor significado
o resultado de suas eleições presidenciais.
A Amazônia, por exemplo, corria mais risco
de ser desnacionalizada, a curto prazo, numa administração democrática. Al
Gore, um dos seus principais líderes,
já declarou publicamente diversas vezes não pertencer ela aos seus
possuidores legítimos, mas sim a eles. Mas nem tudo corre como eles querem.
Alguns países, como Israel, China, Índia e Paquistão reagiram e conseguiram a obtenção de poder nuclear
próprio. É uma ameaça para a
concretização dos projetos dos "donos do mundo".
Os efeitos da
adoção da globalização no Brasil são calamitosos. Começa pela Cultura. Grande
parte da população já está persuadida de que não vale mais a pena lutar contra
este "fenômeno irreversível". Consideram-se colonizados de novo.
Conseguiram destruir não só a vontade
de lutar, bem como sentimentos nobres,
legados por nossos antepassados, como amor à Pátria, coragem, persistência na
luta pela conquista dos Objetivos Nacionais Permanentes, desapego a bens
materiais, esperança de dias melhores não só para esta geração, mas
principalmente para as gerações futuras, de milhões de brasileiros.
Mas ainda
existem milhões de brasileiros com vontade de lutar, seja qual for a arma a ser
utilizada. Corações e mentes são mais importantes do que aparato bélico. O
pequeno Vietnã ensinou uma dura lição à potência hegemônica do mundo. Contudo,
depois do conflito bélico, perderam a
guerra da auto-estima. Em paralelo, nossa indústria ou é vendida para
alienígenas ou fecha. O desemprego continua em torno de 18% da população
economicamente ativa, segundo o DIEESE. O cidadão vai perdendo sua dignidade e
aceitando remunerações ínfimas, sem a devida proteção trabalhista, através de
mecanismos ditos modernos, como a reengenharia e a terceirização. E o pior, a
esperança desaparece. O povo começa a ficar sem perspectivas.
Temos então a
explicação para a desesperada tentativa feita pelas nações mais desenvolvidas
para impedir o progresso do Brasil, procurando quebrar a Integridade do
Patrimônio Nacional. Movimentos separatistas são estimulados do exterior, no
Sul e no Nordeste. Isto é crime de lesa-pátria! É traição à pátria! Atingindo o
Estado Nacional Soberano, enfraquecem-nos, tornando mais fácil disseminar a cizânia entre nós, para
procurar evitar que nosso país alcance o patamar de potência emergente. Só para
exemplificar: 20% das reservas de água doce no mundo pertencem ao Brasil (15%
na Amazônia) e o segundo país, o Canadá, tem apenas 14% das reservas mundiais e
isto contando as águas contidas nas geleiras. Neste século, a água potável vai
tornar-se cada vez mais rara. E nós a temos em abundância. Vamos continuar a
luta para que o Brasil ocupe o lugar que merece no contexto mundial e seus
habitantes possuam uma vida mais digna. Resistir é preciso!
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