LUTANDO PELA INDEPENDÊNCIA  

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor aposentado na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 22.07.2004 no Monitor Mercantil.

             

              Existe claramente em ação a estratégia imposta pelos  "donos do mundo", os detentores do capital transnacional, líderes do sistema financeiro internacional, para progressivamente implementar um governo mundial. As etapas do processo estão claramente delimitadas, em linhas gerais. De início, a adoção da "globalização", nova denominação do "neocolonialismo", partindo dos países centrais para a periferia, com o domínio da expressão econômica do Poder Nacional, através da imposição dos ditames dos organismos internacionais: FMI, OMC, Banco Mundial, BID e outros. Abertura da economia, com eliminação de barreiras protecionistas, adoção da lei de patentes, inclusive com efeito retroativo, privatização selvagem, para transferir o patrimônio real das nações menos desenvolvidas para os detentores do "papel pintado", controle da inflação, para garantia do retorno das suas aplicações de capital e outras.

A seguir, o total controle dos meios de comunicação de massa, seja através da colocação de pessoas de confiança, os "testas-de-ferro", até a participação via indireta no comando das empresas de jornalismo, ou emprestando-lhes moeda para mantê-los dependentes ou simplesmente remunerando regiamente os principais formadores de opinião e jornalistas famosos, montando a chamada "mídia amestrada". Em paralelo, atuam através da criação de inúmeras ONGs, financiadas pelo exterior, sem qualquer controle, com dirigentes percebendo salários invejáveis, sem prestar contas a ninguém e com recursos vultosos para colocar suas mensagens na imprensa, objetivando fabricar a chamada "opinião publicada". Algumas destas organizações falam em nome do povo (agora alcunhado de sociedade civil), sem procuração. Trabalham incansavelmente para destruir as Instituições Nacionais: Família, Igreja, Estado, Escola, Empresa. Procuram demolir o Estado Nacional Soberano, minimizar a importância da Igreja, desmoralizar  os princípios e valores fundamentais da Família, da Escola e da Empresa.

Sucateam as Forças Armadas, procurando eliminar delas  quaisquer possibilidades de cumprir suas missões constitucionais. A pretexto de escassez de recursos, vão progressivamente subtraindo-lhes recursos para adestramento e aprestamento, levando-as à obsolescência. Concedem-lhes reajustes salariais ínfimos, com o objetivo de tentar quebrar-lhes o ânimo. Ao mesmo tempo, criam novas organizações, como, por exemplo,  guardas nacionais, com outra filosofia de atuação, com recrutamento, seleção e treinamento adequado aos objetivos da administração no exercício do poder, distintos dos interesses do país. Tudo é feito em vários países simultaneamente, no mundo inteiro. Para isto criam organizações para cooptar lideranças existentes, para propiciar-lhes meios de assumir o Poder constitucionalmente e administrar segundo as suas determinações.

              Nas Américas, foi criado em 1982 o Diálogo Interamericano, cujo site pode ser pesquisado via Internet por qualquer interessado (http://www.iadialog.org). Os inocentes úteis que persistem em tentar ridicularizar o fato dizendo que "isto é bobagem, fruto da teoria da conspiração", podem acessá-lo e verificar inclusive seus integrantes e principais financiadores. O famoso Consenso de Washington, de 1988, é apenas uma derivação do Diálogo. Não é coincidência que a mesma política neoliberal seja adotada por países como o Brasil, Chile, Peru, Equador e outros. Em todos foi imposta a criação do ministério da Defesa, para o "controle civil dos militares", por exemplo, bem como a privatização de setores estratégicos como comunicações, energia, água, vitais para a sobrevivência no terceiro milênio.

              A conclusão lógica é a de que o Brasil, como os demais países na alça de mira, deve preparar-se para enfrentar os novos desafios, em todas as expressões do Poder Nacional. Na expressão política, eleger governantes comprometidos com as reais aspirações nacionais, que possuam um Projeto Nacional de Desenvolvimento, bem como condições de implementá-lo. Fortalecer o Estado Nacional Soberano, tornando-o de novo superavitário para poder liderar o processo de Desenvolvimento Nacional. Na expressão psicossocial, deve o Estado investir maciçamente, com os novos recursos obtidos, na infra-estrutura social (saúde, educação, segurança) para melhorar a qualidade do atendimento às necessidades básicas da população e eliminar o oligopólio existente nos meios de comunicação.

Na expressão econômica, proceder a uma verdadeira reforma fiscal, diminuindo as alíquotas tributárias e percentuais de contribuições, para aumento da base tributária, de modo a obter uma melhor e mais justa arrecadação. Uma diminuição urgente da taxa de juros SELIC, seguida pela diminuição das demais. O controle de capitais externos e a diminuição da absurda meta de superávit primário impostos pelo acordo com o FMI, o qual não deve ser renovado.  A auditoria da dívida externa e a renegociação da dívida interna são outras providências indispensáveis. Na expressão científico-tecnológica a busca da diminuição da dependência tecnológica, com o aumento dos recursos investidos em pesquisa e desenvolvimento e  a expansão e proliferação dos centros de excelência existentes produtores de tecnologia. Na expressão militar,  dominar a tecnologia nuclear, bem como a espacial, a fim de ter poder dissuasório capaz de evitar problemas sérios em futuro próximo. Procurar remunerar dignamente os integrantes das três Forças Singulares, mantendo o serviço militar obrigatório, em consonância com o aprimoramento qualitativo da parcela profissional, expandindo-a significativamente.

Enfim, fazer aquilo que não tem sido feito, e outros países, como a China e a Índia, estão concretizando com muito sucesso.

Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br

Site: www.brasilsoberano.com.br.