INVERSÃO DE VALORES

Artigo publicado em 10.12.2003 no Monitor Mercantil.

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.

         No Brasil sempre existiu um enorme processo de inversão de valores, porém ele nunca foi tão profundo como agora. Na expressão política, o Poder Executivo é tomado de assalto por uma horda de pessoas incompetentes, na sua maioria sem qualificação para exercer as funções para as quais foram impostos, em virtude de injunções políticas. O presidente  de direito demonstra sua inaptidão para assumir as responsabilidades do cargo. Somente gosta de viajar, em especial pelo exterior, com vastas comitivas, cometendo as gafes de sempre, fazendo questão de realçar, com  orgulho,  que chegou ao mais elevado posto da República, sem necessidade de estudo. De fato, passou a maior parte de sua existência sem estudar e sem trabalhar. Trata-se de um péssimo exemplo para a juventude, que antes acreditava na possibilidade de ascensão social vertical, através da educação. O presidente de fato executa seu poder autoritariamente, controlando ditatorialmente não só seus ministros subordinados, como os outros Poderes, em especial o Legislativo.

         Este "Poder" passou a ser um mero departamento homologador das decisões emanadas do exterior e do Executivo. Passa tudo aquilo enviado, sem a menor alteração para melhor. É vergonhoso o triste espetáculo da infidelidade, com a abominável troca de agremiação partidária pelos políticos profissionais.        Traem uns aos outros, sem a mínima cerimônia. Agora mesmo, integrantes do Senado que tinham feito um acordo com colegas da Câmara dos Deputados para não modificar o anteprojeto do famigerado estatuto do desarmamento, votado e aprovado nesta última Casa, ignoraram solenemente o compromisso assumido, mudando tudo de novo, sem promover o retorno à Câmara. Os "pais da Pátria", que votaram contra o cidadão honesto, chegaram ao cúmulo de marcar um "referendo" para 2005, sobre a proibição de comercialização e posse de armas de fogo no Brasil. Até agora no Brasil só houve consulta similar sobre formas e sistemas de governo. O povo clama nas ruas por um plebiscito/referendo sobre a redução da maioridade penal, a instituição da pena de morte e os "donos do Brasil" ignoram. Eles detestam o povo enquanto agente de transformação social. Apenas o desejam como massa de manobra, como recentemente manipulado pela mídia, a serviço dos hoplófobos estrangeiros. A decisão é motivo de ironia e deboche por parte de nossos "hermanos" argentinos, uruguaios, paraguaios e afins, que não têm medo de armas de fogo. Pelo contrário, desde crianças aprendem a usá-las. Depois reclamam do carro alegórico a ser exibido no próximo carnaval pela Unidos de São Clemente, representando o clamor popular a respeito da imagem do Congresso. O Poder Judiciário, ainda relativamente independente, é atacado por todos os lados e ameaçado de "controle externo".

         Este país precisa voltar a ser sério. Os compromissos morais e éticos devem ser cumpridos. O povo deve ser respeitado e não humilhado pelos detentores do poder político. As denominadas entidades defensoras dos direitos humanos notabilizam-se em proteger monstros estupradores, assassinos, assaltantes, enquanto a polícia é acuada pelos marginais. Bandidos de alta periculosidade comandam o crime organizado de dentro de presídios de segurança máxima, comandam rebeliões sangrentas, matam agentes penitenciários, saem quando querem e são protegidos por autoridades governamentais. A nossa juventude é contaminada por meios de comunicação de massa difusores de perversões sexuais, de apologia ao crime e da descriminalização das drogas. O certo passa a ser ridicularizado e o errado é glorificado. Drogados são incensados, até em novelas e programas populares das redes de TV, em especial do "império do mal".

         A pederastia, antes classificada como doença na NIDCM, passou a não ser mais, em função da pressão do "lobby" dos homossexuais e passa a ser incentivada e estimulada. Amanhã, poderá ser compulsória, com aprovação simbólica pelo Congresso Nacional. A decadência moral acentua-se. A educação,  no nível básico, médio ou superior, é destruída progressivamente. O ensino público é sucateado e o ensino privado torna-se um balcão de negócios. A saúde é abandonada, o saneamento ignorado. A insegurança predomina. E a carga tributária aumenta. O desemprego torna-se a principal marca da administração Lula. A esperança desaparece. O país do futuro passa a ser a esperança não concretizada do passado. As pessoas de bem, que podem, passam a sair do Rio de Janeiro e do Brasil. A princípio nada é divulgado. Mas, agora, com o assalto ao famoso arquiteto Hélio Pellegrino, a imprensa noticiou sua decisão de fugir do Brasil, sem apresentar sequer queixa à polícia, indo para a Espanha. A senhora acusada de comandar o emasculamento e a morte de meninos no Pará é absolvida pela Justiça. Tudo a ver. Afinal, o Congresso não está emasculando o povo brasileiro, impondo-lhe o desarmamento?

         É preciso que todos cumpram seu dever, cada um em sua esfera de atuação. A Constituição Federal estipula claramente os deveres de cada Instituição. É urgente que seus dispositivos sejam cumpridos, pois, a qualquer momento, não haverá mais possibilidade de retorno à normalidade. Estaremos em plena barbárie.

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