INSTITUTOS DE PESQUISA E MANIPULAÇÃO

 

Os resultados das eleições realizadas em out mostram erros surpreendentes cometidos pelos institutos de pesquisa, tanto no 1° turno, quanto no 2° turno. No Rio de Janeiro, o IBOPE lutou para "vender" a idéia de que a candidata Benedita ultrapassaria o candidato César Maia, indo para o 2° turno. E quem acompanhou a campanha nas ruas sabia que a disputa, sem dúvida alguma, seria entre César Maia e Luiz Conde. Chegaram também a insinuar que Conde ganharia no 1º turno, fantasia insistentemente veiculada pelos principais veículos de comunicação, em especial o sistema Globo. É óbvio que tais atitudes influenciam o resultado final do pleito, direta e indiretamente. De modo indireto porque o resultado das pesquisa são indicadores preciosos para os agentes econômicos financiadores de campanhas, os quais injetam mais recursos no candidato situado em 1° lugar. Evidentemente isto acaba afetando diretamente o resultado das eleições, pois, com mais recursos, o político agraciado é privilegiado. Além disto, muitos eleitores possuem a síndrome do vencedor, acabando por sufragar nas urnas os candidatos apontados como vencedores pelas pesquisas e pela mídia cúmplice.

Outro ponto importante a considerar reside nas pesquisas do IBOPE divulgadas logo após o 1º turno. Em 12.10 era anunciado pela Globo 50% para Conde e 33% para César, uma diferença de 17%, amplamente divulgada, inclusive com o reforço de que, em votos válidos, o atual prefeito teria mais de 20% de vantagem. Em 18.10, o mesmo IBOPE anunciou uma diferença de 10%, que se manteve na pesquisa divulgada em 24.10, a cinco dias das eleições. Em 28 de outubro anuncia que a diferença tinha caído para 3%, dentro da margem de erro técnico de 2,8%. No mesmo dia 28, o Datafolha apontava 5% em favor de Conde (margem de erro de 1,5%) e o Data UFF informava ser de 4,4% a distância entre os dois, com margem de erro de 3,5%. O Prof. Alberto Carlos Almeida, diretor do DataUFF, afirmou que a pesquisa de boca-de-urna do IBOPE com 5.000 entrevistas no RJ possui margem de erro de 1,4% e não de 2% como anunciado. A conclusão é óbvia. Ou o IBOPE não sabe calcular a margem de erro ou não informou a correta.

E é intrigante a análise da série calculada pelo IBOPE. Como César Maia ganhou com cerca de 2% de vantagem, em 18 dias teria havido um saldo de 19% pró-César, o que pressupõe uma mudança de mais de 1% ao dia, ao longo do período. Mais uma vez, isto coloca em séria suspeição a atuação dos institutos de pesquisa, principalmente o IBOPE. Segundo ainda o Prof. Almeida, com a margem de erro de 1,4% , o IBOPE errou as bocas-de-urna em SP, RJ, BH e Porto Alegre, acertando em RE, CTBA e Fortaleza. Teoricamente, a Justiça Eleitoral e os partidos políticos deveriam fiscalizar essas pesquisas, mas na prática não possuem recursos para isto. Fica patente o superdimensionamento do candidato Conde que, desde o início, estava "ganhando" a eleição, até às vésperas da eleição, quando então foi admitido um empate técnico, porém com vantagem sempre para Conde.

Urge a reformulação da legislação eleitoral, objetivando proibir a realização de pesquisas no período de 30 dias anteriores às eleições, seu acompanhamento por comitê suprapartidário, composto de especialistas, em especial da área acadêmica e a punição severa de quem estiver procurando manipular o eleitorado, em proveito de algum candidato.

Marcos Coimbra, Professor

Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor na

UERJ e Conselheiro da ESG

Correio eletrônico : mcoimbra@antares.com.br

Site: www.brasilsoberano.com.br