FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS
Artigo publicado em 04.07.2002 no Monitor Mercantil.
Prof. Marcos Coimbra
Professor Titular de Economia
junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.
O Desenvolvimento Nacional pressupõe o desenvolvimento por igual das cinco expressões do Poder Nacional: política, econômica, psicossocial, militar e científico-tecnológica. De nada adianta para um país desenvolver-se apenas, por exemplo, na expressão econômica, caso não evolua nas demais. Será uma mesa desequilibrada, com seus pés, cada um de um tamanho diferente. É o caso do Japão. Atingiu o desenvolvimento econômico, mas não tem desenvolvimento militar. O Brasil, infelizmente, ainda não conseguiu obter o desenvolvimento em nenhuma das expressões. Já atingimos a etapa do crescimento econômico, mas não do desenvolvimento econômico. Devemos alcançá-lo para, então, partir para atingir o desenvolvimento das demais expressões. A última, em geral, é a expressão militar, porém não devemos descurar dela, pois uma nação só obtém desenvolvimento, caso tenha segurança. Sem segurança, não há desenvolvimento e sem desenvolvimento não haverá segurança. É necessário fortalecer nossa expressão militar, para que possamos proteger nosso povo, nossas riquezas e nosso imenso território.
No dia 02 de junho de 2000, a administração brasileira acabou aceitando a assinatura do Protocolo 505, um acordo pelo qual os EUA se comprometem a doar-nos material bélico sucateado, tendo como contrapartida a abertura de nossos quartéis para inspeções regulares (por solicitação de militares nacionalistas, conseguiu-se o favor de que as inspeções sejam feitas em datas pré-agendadas com as Forças Singulares brasileiras). Revive o famigerado Acordo Militar Brasil-EUA.
É o retorno à situação anterior vivenciada pelo Brasil, antes do Governo Geisel, quando este promoveu o rompimento do então vigente acordo militar Brasil-EUA. Além disto, logo depois da visita do Sr. William Cohen ao país, foi criado o ministério da Defesa no país, comandado ainda por um civil, por imposição dos EUA, com a extinção do EMFA e dos ministérios militares, reduzidos agora a Comandos. Os americanos exigem a intervenção direta do presidente da República, no relativo ao combate às drogas, bem como na campanha de desarmamento radical da população digna e de bons costumes.
Falta ainda a aprovação do Congresso, porém como o atual Legislativo está sob controle total do Executivo, não é difícil prever que será aprovado. Ainda fazem parte da pauta de reuniões, além de operações de paz, o combate a crimes transnacionais e cibernéticos e a formação de quadros civis para compor a estrutura militar brasileira. Agora entendemos melhor as razões da campanha pela anulação da Escola Superior de Guerra (ESG). Os futuros quadros civis brasileiros deverão ser formados sob orientação do "National Defense University".
Na segurança pública, a vergonha definitiva. A rebelião sincronizada, comandada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), representou o início do processo de demonstração efetiva do poder de atuação do crime organizado no país. E pensar que autoridades afirmavam que o PCC não existia, sendo fruto da imaginação nos neobobos. Os presidiários mostram-se mais organizados que os órgãos de segurança, em todos os recantos do país. Até a compra de mísseis é negociada de dentro de presídio.
O percentual de gastos com defesa em relação ao PIB cai para 1,6%, sendo que 1,2% para atender a despesas de pessoal. Sobra apenas 0,4% para cobrir custos de adestramento e aprestamento. E a mídia amestrada silencia. Denunciavam que, na época do regime dito militar, o Brasil era colônia dos EUA. Agora, quando os neoesquerdistas estão no poder, nunca houve uma influência tão impositiva dos EUA sobre o Brasil como no momento.
A solução principia em pressionar o Congresso para evitar a aprovação de tal Protocolo e lutar, passo a passo, pelo resgate da pátria perdida. Em investir pesadamente no soerguimento da indústria bélica do Brasil. A ENGESA, a IMBEL deverão ser recuperadas. A EMBRAER, mantida sob controle nacional e estimulada. Somente assim teremos um razoável nível de independência tecnológica na área militar. O exemplo da Argentina no triste episódio da guerra pelas Ilhas Malvinas é esclarecedor. Perderam o controle do Teatro de Operações, porque acabaram seus mísseis Exocet e nenhum outro país abasteceu-os ou ajudou-os na reposição. Eles estavam inteiramente dependentes dos fornecedores. Esperamos que o mesmo não ocorra com o Brasil. A FAB conseguiu, em convênio com a Itália, fabricar o respeitado caça AMX, de características táticas. Agora, é a decisão sobre qual o caça que será comprado, para modernizar nossa força aérea. A Marinha de Guerra precisa não só do São Paulo, como também de submarinos movidos a propulsão nuclear. O Exército necessita contar com carros de combate como o Osório, de fabricação nacional, capaz de ganhar uma concorrência na Arábia Saudita. É vital investir na tecnologia nuclear, para que possamos dominar o processo, hoje ao alcance de vários países do mundo.
Vamos dotar nossas Forças Armadas de meios que lhes possibilitem defender efetivamente o Brasil, bem como cumprir suas funções constitucionais.
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