FALTA DE VERGONHA

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.

(Artigo publicado em 21/06/2012)

As atuais autoridades públicas quando fazem pronunciamentos provocam enorme susto na audiência. Parece que falam de outro país, sobre o qual não tem qualquer ingerência. Ignoram a onda de impunidade que assola o Brasil. Parece que não têm nada a ver com isto. Ou não são os denunciados de hoje, aliados ou ex-aliados de ontem, que garantem a sua "administração" com a utilização de métodos nada ortodoxos? Ao assistir ao inacreditável ocorrido quase que diariamente no Congresso Nacional, em especial na Câmara dos Deputados, lavam as mãos, como Pilatos. O triste espetáculo proporcionado pela transmissão dos trabalhos da CPMI sobre as atividades do Sr. Cachoeira é revelador de uma falta de vergonha assustadora de alguns congressistas e de autoridades. Como blindar o dono de uma empresa que deveria ser obrigatoriamente investigada, bem como o governador a qual é notoriamente ligada?

Afinal, presenciamos uma vergonhosa barganha de cargos importantes da administração pública pelos principais partidos em que sua "administração" está sustentada. Ou pecam por conivência, ou por omissão, caracterizando uma possível prevaricação. Quando demitem um auxiliar, conseguem nomear um pior para o seu lugar. É a administração dos amigos e dos "cumpanheiros". Continuam insensíveis aos reclamos do povo, a concretizar a privatização, por imposição externa, desnacionalizando a economia brasileira e destruindo o parque produtivo. Agora chegou a hora dos aeroportos.

 Não concedem reajustes dignos aos servidores públicos, em especial dos militares durante largo período de tempo, nem aos aposentados que recebem mais de um salário mínimo, mas são extremamente sensíveis aos reclamos das empresas, em especial as que foram privatizadas e fornecem serviços essenciais (comunicações, distribuição de energia, transportes e outras), as quais reajustam seus preços freneticamente, bem como das reivindicações do sistema financeiro, o qual continua a ganhar no Brasil o que perde em outros países. E os valores cobrados pelos pedágios?

O BNDES concede financiamentos a juros subsidiados a empresas e setores escolhidos em função de razões outras que não as eminentemente técnicas. E tudo é feito sem reação daqueles que deveriam agir e são pagos para isso. São fatos inquestionáveis capazes de comprovar a assertiva de que a atual administração petista governa principalmente para uma minoria da população, para a elite financeira. Para eles, tudo é permitido. Para os 95% restantes da população, sobram a recessão, o desemprego, a pobreza, a miséria, a desesperança, a não ser para os beneficiados pelos diversos programas de "bolsas a título de esmolas" que são implantados com fins eleitoreiros.

 A presidente "comanda" um grupo de indivíduos, sem o mínimo compromisso com os Objetivos Nacionais Brasileiros, sem elaboração de uma Política Nacional ou de uma Estratégia Nacional. É uma verdadeira "legião de cumpanheiros", sem competência. Limita-se a cumprir as determinações dos "donos do mundo", sendo uma mera agente do sistema financeiro internacional. Os principais cargos no campo econômico são ocupados por fiéis seguidores do "globoritarismo” (totalitarismo da globalização), a maioria constituída de ex-empregados ou ainda empregados, não oficialmente, ou futuros empregados dos "donos do mundo".

Com os vastos recursos financeiros disponíveis, controlam a mídia amestrada, comprando os principais formadores de opinião ou garantindo a cumplicidade dos principais veículos, através da colocação de publicidade farta, que garante a sobrevivência destes grupos. A oposição é tíbia, fraca, em parte já cooptada. As Instituições Nacionais são progressivamente atacadas, com o propósito de imobilizá-las. É um desmonte geral. Será muito difícil promover uma mudança no sistema de poder existente, enquanto perdurar a aliança entre a grande burguesia nacional, o capitalismo apátrida e a esquerda radical, ou seja, a aliança entre as oligarquias locais, o sistema financeiro internacional e aqueles que querem implantar uma ditadura “bolivariana” no país. Entretanto, é inevitável o progressivo aumento da área de conflito entre estes segmentos.

Como episódios mais recentes e brutais temos a emblemática imagem do ex-presidente Lula, apertando a mão do notório Maluf, nos jardins de sua residência, por sua exigência, para garantir o apoio do mesmo ao seu candidato à prefeitura de São Paulo e a desistência do juiz que decretou a prisão do Sr. Cachoeira em prosseguir na ação, em virtude de ter sofrido ameaças não só pessoais, como a sua família. E o pior. Seu substituto já se declarou impedido, em virtude de ter vazado que sua esposa tinha feito contatos com integrantes do esquema investigado.

Os empresários nacionais, depois de muito tempo em letargia, já começaram a perceber que seus negócios ou serão vendidos aos alienígenas, ou sucumbirão, indo à falência. Não há saída. A compra de parte do Brasil, em especial de vastas áreas da Amazônia, por estrangeiros é preocupante. Quando houver a ruptura entre eles, então surgirá a oportunidade de vitória de um candidato verdadeiramente de oposição ao processo de recolonização do Brasil, atualmente em plena expansão.

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