ENTREGANDO O BRASIL
Artigo publicado em 26.09.002 no MM
Prof. Marcos Coimbra
Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.
Nunca foi tão grande a ameaça ao Brasil em sua história, quanto no momento presente. Os chamados "centros de irradiação de prestígio cultural" (Meios de comunicação de massa, Universidades, Escolas, Teatro, Cinema e outros) são usados pelos detentores do poder econômico, pelo sistema financeiro internacional, pela Trilateral, os quais vão utilizando o Diálogo Interamericano, o Consenso de Washington, o G-7, liderados pela potência hegemônica para propagar e impor os seus nefastos propósitos. Através da venda da idéia de que a "globalização" é um fato irreversível, procuram destruir o Estado Nacional Soberano, extinguir as Forças Armadas, fazer vingar a tese da Soberania Relativa, forçar a privatização selvagem, a abertura econômica irrestrita, enfim a derrocada de todas as Instituições Nacionais.
A globalização nada mais é do que um apelido moderno para o neocolonialismo. Há quatrocentos anos atrás, em plena vigência do colonialismo no mundo, quem iria imaginar que a Inglaterra deixaria de ser o império onde o sol nunca se escondia, algum dia? Que a China, a Índia, os EUA, o Brasil e outros países conseguiriam obter suas respectivas independências políticas e alguns até mesmo a liberdade econômica, apesar do poder militar, representado concretamente pela maior esquadra do mundo, a inglesa? Simplesmente agora as relações de poder são mais sutis. Concederam a independência política, mas mantiveram os laços de dominação econômicos e tecnológicos, além de um controle total dos armamentos de destruição de massa, como os artefatos nucleares.
Somente os eleitos podem possuir este tipo de armamento. Quem cair em desgraça poderá ser destruído e eles não correrão o risco de serem sequer ameaçados. Os EUA possuem Hipóteses de Guerra que prescrevem o emprego de artefatos nucleares contra nações não possuidoras de poder nuclear, contrariando o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, estimulando assim estes países a partir para sua produção, o mais rapidamente possível. Afinal, quem possui artefato nuclear operacional, em princípio, não será atacado, devido ao poder de dissuasão.
A proposta inicial era impedir o acesso dos países ainda não detentores do poder nuclear ao estágio onde as atuais potências nucleares já estão. Através da pressão diplomática e da "lavagem cerebral" empreendida pela mídia mundial, foram impondo estas condições e os países periféricos, administrados pelos representantes desta oligarquia mundial, foram aderindo, inclusive, recentemente, o Brasil. Pretendem proibir até a posse e o porte de armas de fogo pelos cidadãos, bem como controlar todo o estoque mundial de armas e munições para facilitar a implantação de um “governo mundial”, dotado de uma "força de paz supranacional", obviamente comandada por eles. OS EUA representam um simples "gendarme" do sistema financeiro nacional, a ponto de não ter tido o menor significado o resultado de suas últimas eleições presidenciais. Tanto fazia a vitória de Bush ou Gore. Mas nem tudo corre como eles querem. Alguns países, como Israel, China, Índia e Paquistão reagiram e conseguiram a obtenção de poder nuclear próprio. É uma ameaça para a concretização dos projetos dos "donos do mundo".
Os efeitos da adoção da globalização no Brasil são calamitosos. Começa pela Cultura. Grande parte da população já está persuadida de que não vale mais a pena lutar contra este "fenômeno irreversível". Consideram-se colonizados de novo. Conseguiram destruir não só a vontade de lutar, bem como sentimentos nobres, legados por nossos antepassados, como amor à Pátria, coragem, persistência na luta pela conquista dos Objetivos Nacionais Permanentes, desapego a bens materiais, esperança de dias melhores não só para esta geração, mas principalmente para as gerações futuras, de milhões de brasileiros. Mas ainda existem milhões de brasileiros com vontade de lutar, seja qual for a arma a ser utilizada. Corações e mentes são mais importantes do que aparato bélico. O pequeno Vietnã ensinou uma dura lição à potência hegemônica do mundo. Contudo, depois do conflito bélico, perderam a guerra da auto-estima. Em paralelo, nossa indústria ou é vendida para alienígenas ou fecha. O desemprego atinge 19% da população economicamente ativa, segundo o DIEESE. O cidadão vai perdendo sua dignidade e aceitando remunerações ínfimas, sem a devida proteção trabalhista, através de mecanismos ditos modernos, como a reengenharia e a terceirização. Só de juros da dívida interna foram pagos em 2001 algo ao redor de R$ 90 bilhões. O déficit em transações correntes continua a girar em torno de US$ 22 bilhões. E o pior, a esperança desaparece. O povo começa a ficar sem perspectivas.
Por trás de tudo isto estão as seis crises mundiais que ameaçam a sobrevivência da espécie humana no próximo milênio: energia, alimentos, água doce, matérias primas de natureza mineral, bens do reino vegetal e produtos de origem animal. As nações produtoras vão sofrer carências severas desta gama de recursos vitais. Por isto não querem diminuir seu padrão de consumo. Por estas razões não lhes interessam o crescimento de nações emergentes, como o Brasil, a China, a Índia, capazes de assumirem o "status" de nações perturbadoras da ordem internacional estabelecida pelos "donos do mundo".
Temos então a explicação para a desesperada tentativa feita pelas nações mais desenvolvidas para impedir o progresso do Brasil, procurando quebrar a Integridade do Patrimônio Nacional. Movimentos separatistas são estimulados do exterior, no Sul e no Nordeste. Isto é crime de lesa-pátria! É traição à pátria! Atingindo o Estado Nacional Soberano, enfraquecem-nos, tornando mais fácil disseminar a cizânia entre nós, para procurar evitar que nosso país alcance o patamar de potência emergente. Só para exemplificar: 21% das reservas de água doce no mundo pertencem ao Brasil (15% na Amazônia) e o segundo país, o Canadá, tem apenas 14% das reservas mundiais. E, na virada do século, a água potável vai tornar-se cada vez mais rara. E nós a temos em abundância. Vamos continuar a luta para que o Brasil ocupe o lugar que merece no contexto mundial e seus habitantes possuam uma vida mais digna. Resistir é preciso!
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