EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 20.12.2007 no Monitor Mercantil.

 

                   O Desenvolvimento Nacional caracteriza-se pelo aperfeiçoamento do Homem, da Terra e das Instituições, os chamados elementos básicos da nacionalidade, nas cinco expressões do Poder Nacional: política, econômica, psicossocial, militar e científica e tecnológica. Desta forma, ele abrange não só  a expressão econômica do Poder Nacional, ou seja, o desenvolvimento econômico, como também as outras quatro expressões do Poder.

É necessário ainda recordar a diferença existente entre os conceitos de crescimento econômico e desenvolvimento econômico. O crescimento econômico caracteriza-se por um aumento quantitativo na produção de bens e serviços, graças à atuação de um ou de dois fatores de produção preponderantes, geralmente capital e tecnologia, expresso, por exemplo, pelo aumento do Produto Interno Bruto(PIB). Já o desenvolvimento econômico é caracterizado por um aumento, não só quantitativo, como também qualitativo, em função da participação harmônica de todos os fatores de produção, consubstanciado por um processo de transformação social, com o progressivo deslocamento da mão-de-obra do setor primário para o setor secundário e para o setor terciário, expresso, por exemplo, pelo crescimento do PIB, com minimização das disparidades de renda, a nível pessoal, regional e setorial.

                   O presidente do Banco Central, ex-assessor do megaespeculador Sr. George Soros, afirmou, há algum tempo, que o país deveria crescer no  ano de 2001 mais de 4% do PIB  e, nos anos seguintes, até a taxas superiores. Contudo, tal não ocorreu. Em 2001, a taxa de crescimento não chegou a atingir 2%. E, em 2002, a meta é a de ficar em torno de 2,5%. Antes de mais nada, é nosso real desejo que, de fato, as previsões do Sr. Armínio Fraga sejam concretizadas, pois o Brasil não suporta mais a manutenção do estado de estagnação, no qual se encontra já há algum tempo, mais precisamente desde a posse do presidente FHC. Contudo, para que tal previsão concretize-se, é importante refletir sobre algumas questões relevantes.

                   Primeiramente, existe um fator inibidor representado pela baixa taxa de investimento existente na nossa Economia, mantendo-se em torno de 18% do PIB, enquanto na década de 70 chegou a ser de 25%. Esta deficiência poderia ser compensada pelo aumento da importação de máquinas, equipamentos e outros. Porém tal providência provocaria um aumento considerável no déficit do balanço de pagamentos em transações correntes, ainda acima de 4% do PIB, o que geraria graves problemas para a nossa já combalida Economia.

                   Outro ponto a considerar reside na análise do nível da atividade econômica, o qual é função do montante da demanda agregada, expresso pelo valor da despesa interna bruta (DIB). A DIB é constituída pela soma do consumo das famílias, do consumo do governo, do investimento e das exportações. No momento, como já vimos, o investimento é modesto. A recuperação viria, então, por onde? As exportações estão estagnadas, até o momento. O consumo do governo, em seus três níveis, está sendo brutalmente refreado, em especial com a introdução da chamada lei Camata e da famigerada  lei de responsabilidade fiscal. E como esperar uma recuperação proveniente do consumo das famílias, numa conjuntura em que o desemprego progride, os salários reais diminuem e a recessão ainda resiste? Fica então difícil acreditar numa recuperação real da Economia, no nível previsto pelos mais otimistas. Para haver crescimento, é vital haver não só um aumento da oferta global, como também  da demanda global.

                                      Agora mesmo, a mídia amestrada persiste em bater o bumbo para o benefício ocasionado pela relativa estabilidade da moeda, ocasionado pelo “sucesso” do plano real. Mas, a que preço? A estagnação da Economia, o desemprego crescente, a desnacionalização das nossas atividades econômicas, a corrupção desenfreada, a crescente dependência ao exterior, a exclusão social, a miséria, a fome, a desesperança.  E, apesar de representar um avanço, mesmo um crescimento do PIB de 2,5 % em 2002 será modesto, se analisarmos nossas necessidades, bem como a taxa histórica de crescimento do PIB brasileiro, ao longo dos tempos, de 7% ao ano.

                   Contudo, para que os bons tempos da Economia Brasileira retornem, é vital  uma mudança radical no atual modelo econômico adotado pela administração FHC, de inteira subserviência aos ditames do sistema financeiro internacional, com a abdicação da Soberania Nacional, apenas capaz de fazer o Brasil retornar à situação de colônia. Teremos que colocar no poder outra administração, compromissada verdadeiramente com os interesses nacionais, capaz de multiplicar por menos um o atual modelo, substituindo, de início, a "variável-meta" de estabilidade da moeda para pleno emprego dos fatores de produção com sua digna remuneração. E planejar não só a retomada do crescimento econômico, como também do desenvolvimento econômico.

 A hora é esta! Afinal, os candidatos apresentados ao público possuem o dever de apresentar suas sugestões de políticas e estratégias correlatas, em um plano nacional de desenvolvimento, contendo prazos, vinculando-se tudo aos recursos humanos e materiais existentes, para julgamento dos eleitores. E a oportunidade dever ser estendida a todos os candidatos anunciados e não somente aos quatro mais bem situados em pesquisas tão questionáveis. Caso contrário, não é necessário haver eleições. Basta fazer “pesquisas”. Basta um aspirante a candidato (até agora tudo é teatro, pois pela Lei as candidaturas só existirão após as convenções de junho) aparecer em um programa gratuito no horário do TRE para crescer nas pesquisas. E a mídia amestrada apenas divulga entrevistas e notícias dos quatro escolhidos pelo Sistema imposto pelos “donos do mundo”. Não se esqueçam do fracasso das pesquisas realizadas na França, no primeiro turno da eleição presidencial, que garantiam o 2ø. turno entre Chirac e Jospin, chegando mesmo alguns a anunciar que o socialista Jospin seria o mais bem votado. E acabou numa final entre Chirac e Le Pen.

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