“DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS”

Prof. Marcos Coimbra

Conselheiro-Diretor do CEBRES, Professor de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.

Artigo publicado em 25.02.10 no MM

 

         Em abril/2001 escrevemos, neste espaço, artigo com o título “O Paladino dos Hoplófobos”, no qual emitimos um juízo de valor nada lisonjeiro sobre o então Senador José Roberto Arruda. Estamos assim a “cavalheiro” para tentar analisar o tenebroso episódio da acusação de corrupção generalizada no governo do Distrito Federal, que resultou na  prisão do atual governador por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

         Vamos relembrar o contexto em que o escândalo está inserido. Em nov/2008 foi cassado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o governador da Paraíba,  Sr. Cássio Cunha Lima (PSDB), partido de oposição, bem como seu vice, por abuso de poder econômico, assumindo o Sr. José Maranhão (PMDB), partido aliado de Lula, segundo colocado na eleição. Em abril de 2009 também foi guilhotinado pelo TSE o governador do Maranhão, Sr. Jackson Lago (PDT), por abuso de poder econômico, sendo substituído pela Sra. Roseane Sarney (PMDB) também segunda colocada na eleição, filha do Presidente do Senado José Sarney, um dos principais aliados de Lula.

         Além do discutível critério adotado de cassar, justamente por abuso de poder econômico, por “coincidência”, dois governadores não aliados ao esquema de poder do Planalto, substituindo-os por aliados incondicionais de Lula, as decisões são agravadas pelo fato de serem agraciados os segundos colocados nas eleições, derrotados pelo eleitorado votante, contrariando assim a vontade popular. E, convenhamos, falar em abuso de poder econômico no relativo à família Sarney é brincadeira. Vários outros governadores eleitos também foram acusados do mesmo delito, mas ainda não foram julgados. Agora, querem cassar o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM). E mais, o TSE permanece leniente diante da escandalosa campanha eleitoral adotada pela pré-candidata Dilma. Outros pontos importantes para reflexão.   O único governador eleito pelo DEM, partido que exerce uma oposição incipiente, mas mais efetiva do que os demais, era justamente o Sr. Arruda. Os delitos dos quais ele está sendo acusado, com provas contundentes, poderiam ser usados contra os demais ocupantes de cargos executivos no Brasil e mais de 90%, em uma visão otimista, ficariam em situação semelhante. É evidente que Arruda merece ser julgado e, caso condenado, punido devidamente, dentro da legislação em vigor. Mas não cala a pergunta. Por que justamente ele, no ano das eleições, no DF, neste momento? Seria porque  era o favorito disparado à reeleição? Ou em razão de poder atrapalhar o projeto eleitoral da candidata Dilma?

         Não há como ignorar que é muita “coincidência”. Ainda mais sabendo-se do poder de “convencimento” de um governador em exercício pleno de poder, com a “máquina” sob seu comando. É assim que são eleitos os prefeitos, governadores e o presidente. Com generosas doações de banqueiros, empreiteiros e concessionários, agraciados pelos pais dos pobres e mães dos ricos.

         O povo brasileiro recorda-se então da mãe de todos os escândalos: o mensalão. Recordam de nomes como Waldomiro, Delúbio, Valério e tantos outros, com os escândalos respectivos. O Procurador-Geral da República apresentou denúncia contra  40 delinquentes (faltou o Ali-Babá), aceita pelo Supremo Tribunal Federal. Porém, até hoje, ninguém está preso. Aqueles que foram denunciados e condenados obtiveram benefícios vários e estão em liberdade. Apenas o dirigente e líder petista José Dirceu foi cassado, mas está em plena atividade como um dos principais coordenadores da campanha da “companheira”, membro atuante da guerrilha que queria implantar um sistema comunista no Brasil. Inclusive é divulgado que, possivelmente, ninguém será punido, em virtude da possibilidade de prescrição.

         Fica então outra constatação. Qual é a razão de a Justiça e as autoridades policiais serem tão diligentes e rápidas quando se trata de apurar os delitos praticados por integrantes da oposição e tão morosas no relativo aos partidários do PT e aliados? Será a velha aplicação do princípio da regra : dois pesos e duas medidas? É inacreditável que os frequentes delitos praticados, sucessivamente e diariamente pelos “cumpanheiros” no poder permaneçam impunes e praticamente ignorados pela mídia classificada como hostil pelas hordas bolivarianas.

         O assunto é muito sério, pois envolve o destino do Brasil. Na eleição de outubro deste ano, não vamos apenas decidir sobre quem serão os governantes do país. Se será o candidato x ou o y. Está em jogo a democracia. Caso seja eleita a candidata radical bolivariana estará consolidada, de modo irreversível, a implantação de uma ditadura bolivariana no país. O problema é que poucas lideranças políticas brasileiras possuem ciência da gravidade do assunto. Elas imaginam que o PT é um partido como os demais, acostumado ao processo de rotatividade no poder. Não. Ele é diferente. Quando conseguir dominar todas as principais Instituições Nacionais plenamente, vamos virar uma imensa Cuba. O Poder Legislativo já está dominado. O Judiciário quase todo. Falta apenas uma: as Forças Armadas. As demais já estão cooptadas. Apenas algumas vozes resistem aqui e acolá. Vamos reagir enquanto podemos. Depois, será tarde demais.

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