DESEMPENHOS PÍFIOS

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.

(Artigo publicado em  07.09.11-MM).

         No ano vindouro teremos eleições municipais. No Rio de Janeiro, o Sr. Eduardo Paes deverá ser candidato à reeleição, infelizmente. Sua administração tem sido decepcionante para o povo carioca.

Se não vejamos. A cidade está abandonada. As principais promessas de campanha não foram cumpridas, até agora. A denominada guarda municipal (na realidade, EMUVIG- empresa municipal de vigilância) só aparece para multar. Na hora da necessidade desaparece. A cidade está infestada de ambulantes. Quando o cidadão escapa deles é atingido em cheio por jatos d água vindos dos aparelhos de ar condicionado sem a devida proteção. As calçadas estão imundas e eivadas de armadilhas em especial para os idosos. As ruas apresentam crateras capazes de danificar qualquer viatura.

A assistência médica deixa a desejar. Por exemplo, o Hospital Pedro II foi municipalizado, após o esquisito incêndio ocorrido em outubro de 2010, quando foram transferidos 72 pacientes, para hospitais como Carlos Chagas, Albert Schweitzer, Adão Pereira Nunes, Azevedo Lima e Rocha Faria, além de UPAs. Todos eles em estado grave, pessoas que estavam em setores como CTI, CTI neonatal e emergência pediátrica. E o povo que estava acostumado a ser atendido lá, mesmo que precariamente, indaga quando vai voltar a funcionar? As “autoridades” informam que está “em obras”. Devem ser obras de Santa Engrácia, aquelas que nunca têm fim. O Hospital Rocha Maia chegou a fechar as portas por algum tempo, em virtude da falta de médicos.

Foi criado mais um tributo, a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip), onerando mais o contribuinte. A previsão da prefeitura é arrecadar até o fim do ano R$ 157,8 milhões somente com esta contribuição. Aliás, o Tribunal de Justiça do Rio já concedeu, no ano passado, liminar para suspensão da cobrança da taxa de iluminação pública, mas o então presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Sr.  Luiz Zveiter, deferiu no dia 21.12.2010 pedido do Município  e suspendeu os efeitos da liminar que cancelou a cobrança. O desembargador também suspendeu a decisão proferida no Plantão Judiciário noturno, em 20/12.2010, que havia proibido a publicação da lei que instituiu a cobrança.

A “indústria” de multas funciona a pleno vapor. Os “guardas municipais” aparentam ter metas de arrecadação, pois o povo percebe claramente a intenção em penalizar o infeliz possuidor de um automóvel. Alguns deles chegam a ficar escondidos para cumprir a missão, ao invés de orientar o trânsito. Mesmo sem prever aumento do número de equipamentos de fiscalização eletrônica, a prefeitura estima arrecadar, no ano corrente, 39,6% a mais em multas de trânsito aplicadas por pardais e guardas municipais em relação a 2010, conforme proposta orçamentária encaminhada pelo prefeito Eduardo Paes no fim de setembro de 2010 à Câmara dos Vereadores. Em valores, isso chega a R$ 155,3 milhões, segundo dados divulgados pela Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara. Para 2010, a arrecadação estava estimada em R$ 111 milhões. Deste total, R$ 96 milhões já tinham sido recolhidos até 30 de setembro, segundo o portal Rio Transparente, de acompanhamento do orçamento.

 A implantação dos denominados BRS (sigla em língua inglesa), sistema de ônibus rápido que circula em vias preferenciais para o transporte público, entra em operação na Avenida Ataulfo de Paiva e na Rua Visconde de Pirajá. Faz a alegria da Fetranspor, generosa financiadora de campanhas eleitorais, aumentando o tormento dos proprietários particulares de veículos.

A educação pública continua deficiente e grande parte dos alunos não consegue compreender um texto simples da língua portuguesa, mesmo após quatro anos de permanência na escola. Faltam professores habilitados e é comum alunos voltarem a suas residências por falta de docentes.

No âmbito do Estado do Rio de Janeiro, a administração perdeu-se de vez. A segurança pública inexiste. Ao contrário, crescem as razões de insegurança da população. Criminosos de alta periculosidade mandam matar, de dentro dos presídios, seus desafetos. Ninguém está a salvo. Só o governador que apenas se desloca com numerosa escolta policial, armada até os dentes, apesar de pregar o desarmamento dos cidadãos. Bandidos invadem residências, matam juíza e promovem onda de assaltos nos bairros da Zona Sul (aumento de 23,7% em agosto de 2011, em relação a agosto de 2010), mesmo com a instalação das UPPs. Marginais fazem falsos "bloqueios" nas ruas, de madrugada, extorquindo e matando. O Exército e a PM são atacados  a mando de traficantes.

Na área de saúde continua a perseguição aos profissionais e a implantação progressiva de Fundações público-privadas com o objetivo de privatização dos hospitais da rede estadual. Os servidores públicos são obrigados a mudar de local de trabalho para dar lugar a apaniguados políticos. Na educação repete-se o mesmo diagnóstico. O governador prefere viajar ao exterior a trabalhar. E ainda defende a volta da CPMF.

A tragédia dos bondinhos de Santa Teresa é uma constatação da incúria das autoridades no exercício do poder. Persiste a estranha relação do Sr. Cabral com empresários que são agraciados com obras vultosas.

Esperamos que os eleitores tenham boa memória e lembrem-se destes tristes desempenhos na hora de escolher seus candidatos.

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