“DESARMAMENTO DO PAÍS”

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 31.07.2003 no Monitor Mercantil.

 

Em mais uma manobra diversionista, tal como a administração anterior, a atual procura impor ao Congresso a denominada “lei do desarmamento”, também chamada pela população de “lei dos marginais”. Num contexto onde os escândalos sucedem-se diuturnamente, recordando o antigo “mar de lama”, a atual administração necessita desesperadamente de atrair a atenção da população para outros assuntos, objetivando continuar no poder.

É o caso específico desta proposta. Na versão pretendida pelos “hoplófobos”, inspirada em Stalin e Hitler, ela propõe a proibição da comercialização e posse de armas de fogo e munição, a pretexto de diminuir a violência no Brasil. Ora, poucos países no mundo adotaram medida tão ditatorial e fascista. A Inglaterra é um deles. E ao contrário do que a mídia amestrada propaga, o índice de criminalidade aumentou, depois da implementação de legislação tão draconiana. Temos recebido mensagens até do exterior, enviadas inclusive dos EUA, confirmando a veracidade de nossa tese.

Inicialmente, cabe perguntar quais as outras razões que  motivaram os representantes da atual administração e seus prepostos no Congresso  a concretizar tal violência. A resposta é proveniente do exterior. As ordens são da IANSA- International Action Network of Small Armas, uma rede de 186 ONGs criada para atuar como uma central de coordenação da campanha internacional de desarmamento. O manifesto de fundação da IANSA  exige: a) reduzir os gastos militares ao nível mais baixo possível; b) reduzir as disponibilidades de armas para civis em todas as sociedades; c) estabelecer sistemas políticos e legais para assegurar um efetivo controle e monitoramento das forças militares, polícia e outras instituições de aplicação da lei. Fica claro que este é o passo inicial. Depois, virão os outros. E, o Brasil, com 8.500.000 km2, detentor de vastos recursos naturais, vitais no terceiro milênio, ficará indefeso, a mercê dos “donos do mundo”. Não há dúvida de que a proposta tem motivação alienígena. Não fosse ela patrocinada pela ONG “Viva Rio”, cujo responsável aparente é o antropólogo Rubem César Fernandes, porém com outras figuras de relevo por trás das cortinas. Outro pormenor interessante é o de que muitas das pessoas que patrocinam tal medida, em geral, são também defensoras da legalização das drogas, como o megaespeculador Sr. George Soros. Não é coincidência.

Caso, por absurdo, esta lei seja aprovada, a conseqüência  imediata será, na prática, deixar o cidadão inteiramente desprotegido, a mercê da sanha dos marginais, revogando o direito constitucional de legítima defesa. Os bandidos continuarão em superioridade, com armas de guerra, provenientes do exterior, fabricadas por estrangeiros, em sua maioria. O antigo CISP (Centro de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública) divulgou estatísticas, no governo anterior do Estado do Rio de Janeiro, mostrando que maioria das armas apreendidas com os traficantes de droga são de origem externa e de acesso proibido aos cidadãos. Nas chacinas registradas, como, por exemplo, a ocorrida  na Baixada Fluminense, onde houve seis mortes e mais de 20 feridos, todas as armas utilizadas tinham estas características. E será dramática a situação do chefe de família ao ver sua casa invadida, sua mulher e filhos violentados, tudo roubado, sem possibilidade de defendê-los  de verdadeiros profissionais da violência. A responsabilidade por qualquer dano moral, material ou físico será do Estado. E o falacioso argumento de que os marginais abastecem-se de armas, assaltando  os cidadãos que possuem armas legalizadas, não se sustenta. É produto de pura manipulação estatística e de marketing. Outra falsidade é a argumentação de que o cidadão armado morre ao reagir com sua arma ao assalto. Quantos cidadãos já não reagiram com sucesso e a polícia de nada soube? E quantos cidadãos foram mortos e viram suas famílias serem torturadas, sem nada poder fazer, por estarem desarmados? A maioria dos ilícitos penais não é comunicada à polícia, pois a população acredita que nada adianta. Pelo contrário, está expondo-se a uma vingança dos marginais.

       De fato, o governo só terá autoridade para desarmar o cidadão, quando primeiro desarmar os marginais, ocupar suas ”áreas liberadas”, impedir o contrabando de armas de guerra e de drogas e fazer-se respeitar pela população. E o desemprego direto e indireto que será gerado com o fechamento da indústria brasileira de armamentos, tão pujante no sul do país (Taurus, Boito, CBC e ROSSI). E como ficarão os jogos olímpicos? O Brasil passará a não  possuir mais representação no tiro ao alvo nas Olimpíadas, onde obteve a primeira medalha olímpica, em Antuérpia, com Guilherme Paraense? E, amanhã, proibirão  também a utilização de espadas, arco e flecha, bastões, artes marciais? Afinal,   um faixa preta com as mãos nuas pode matar um homem. Como pode ser um “vetor” de violência,  terá suas mãos amputadas? É a emasculação total  do    país. No trânsito morrem anualmente, no Brasil, cerca de 80.000 pessoas. O automóvel também deverá ser proibido, pois é um “vetor” da violência, como as bebidas alcoólicas  e outras.

       O Brasil já está proibido de fabricar armas nucleares, com a assinatura do Tratado de Não Proliferação das Armas Nucleares. Teve sua indústria bélica destruída ou vendida ou anulada (ENGESA, IMBEL, AVIBRÁS , EMBRAER). Será que, enquanto a China, a Índia, o Paquistão produzem artefatos nucleares, o Brasil não poderá fabricar nem um revólver?  Como defender a Amazônia, numa eventual invasão estrangeira? Numa guerra convencional, não temos chance. Somente poderemos lutar  pela nossa Amazônia  com a guerrilha. E aí será importante a capacidade de fabricar armas e munições. Com a recente ação dos EUA no Iraque   e do seu agente, a OTAN na Iugoslávia, fica patente nossa grande vulnerabilidade atual. Será que querem aumentá-la? Bem, ainda restam atiradeiras, fundas, pedras e facas de cozinha. Tomem vergonha na cara e promovam medidas para combater o desemprego e a miséria, pois estes sim provocam o aumento da marginalidade, caso não sejam minimizados.

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