DE CABEÇA PARA BAIXO

Prof. Marcos Coimbra

Conselheiro Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.

(Artigo de 07.04.11-MM)

         De cabeça para baixo ou de ponta-cabeça como falam os paulistas é como enxergamos a conjuntura vivenciada nos dias de hoje.

         No plano internacional, continua o massacre no Oriente Médio, em especial na Líbia. É inteiramente injustificável a argumentação de que o objetivo é humanitário, ou seja, de proteção à população civil, quando todo mundo sabe que a verdadeira intenção é a posse do petróleo e do gás natural, com ou sem Kadafi. De preferência sem ele, com o poder exercido por um preposto local, dócil aos interesses dos “donos do mundo”. As lições recentes, como as do Iraque, do Afeganistão e outras, demonstram  este fato. Chegaram a inventar “armas de destruição em massa” nas mãos de Saddam , enforcado não em virtude de seus inúmeros crimes, mas sim por não ter cedido aos detentores do poder político real no mundo.

Existe ainda a grave situação do Japão, enfrentada com coragem e competência por um povo admirável, porém sujeito a adversidades incomensuráveis, principalmente advindas do desastre nuclear em usinas atingidas pela força da natureza. Possuem uma civilização educada, culta,  capaz de enfrentar e vencer os piores desafios. É o único país que foi bombardeado por artefatos nucleares. Dois. E sobreviveram, chegando a alcançar a posição de terceira economia do mundo, por muito tempo, sem recursos naturais e com diminuto território. Mas as consequências da hecatombe serão sentidas não só por eles, como pelo mundo inteiro, em todas as expressões do Poder Nacional. Somos solidários ao povo japonês e temos a certeza de que eles vencerão novamente.

         No ambiente nacional, vive-se uma situação surreal, em especial na esfera econômica. Nossa gente ainda não percebeu o tamanho do problema a que estamos submetidos e seus desdobramentos. Um grande número de pessoas está consumindo de modo perdulário, sem reais condições econômico-financeiras para isto, com dívidas crescentes, tendendo à inadimplência e estão felizes, na ilusão de que esta situação permanecerá “ad eternum”. Os preços estão subindo assustadoramente e os índices oficiais captam o início do processo, agravado a cada dia. O litro da gasolina bate em R$ 3,00, enquanto em meados do ano passado era de R$ 2,50. Isto em um país no qual as autoridades gabam-se de haver atingido a auto-suficiência no petróleo. Porém, estamos importando não só o petróleo, como até o etanol. Vamos dobrar a importação de álcool combustível no período da safra 2011/12. E as autoridades sonham em exportar o bem para os EUA. Nos EUA, no Paraguai, na Argentina os preços da gasolina, convertidos em real, são inferiores.

         Os preços dos serviços públicos crescem em níveis superiores a 11% (energia, transportes{exemplo: táxi-14%} etc. Aluguel (corrigido pelo IGP-M), pedágio e por aí vai. E a administração petista concede um mísero reajuste do salário mínimo, mal cobrindo a inflação medida pelo IPCA e concede uma esmola de correção de 4,5% na tabela do imposto de renda, inferior a da elevação oficial de preços. E para compensar a “perda de arrecadação” aumentam os impostos até da água engarrafada que bebemos. A inflação passa a barreira de 6% e o crescimento esperado  do PIB baixa para patamar inferior a 4% em 2011. E mais cargos públicos de confiança são criados para atender aos apetites da insaciável bancada governista. Mais uma secretaria é criada, com um mínimo de 70 cargos iniciais. É demais. Não há economia que suporte.

         No âmbito político, reina a corrupção galopante. A OAB denuncia que o crime do “mensalão” vai prescrever em agosto deste ano e nenhum réu foi punido até hoje, nem deverá ser. A imprensa divulga um contundente relatório final da Polícia Federal confirmando o pagamento de propina a congressistas e o desvio de dinheiro público para custear campanhas eleitorais, envolvendo, dentre outros, o amigo e ex-segurança pessoal do ex-presidente Lula, Freud Godoy, o atual ministro Fernando Pimentel e o senador Romero Jucá. Ali-Babá e os quarenta ladrões vão ficar impunes. Mas querem cassar o deputado federal Jair Bolsonaro, por qualquer motivo. Já tentaram antes. Estão em nova ofensiva e, caso não consigam, vão inventar outra razão. A resposta dada por ele à pergunta da cantora não se refere a qualquer etnia, percebendo-se que o deputado estava respondendo a questões anteriores, envolvendo mais o homossexualismo. Lula (Pelotas) e Marta (Kassab) fizeram muito pior em relação ao tema.E quanto à outra questão,  todos nós somos afro-descendentes, pois a raça humana nasceu na África. Ele está sendo perseguido porque, na prática, é um dos poucos congressistas que possui a coragem de enfrentar o rolo compressor dos “ressentido/vingadores” derrotados em 64, que queriam implantar uma ditadura comunista no Brasil.

         No campo social, perdura o caos na educação e na saúde. Uma auditoria, por amostragem, realizada em 2,5% apenas dos contratos existentes na área da saúde,  apontou um desvio de recursos da ordem de R$ 600 milhões. “Coeteris paribus” (mantidos constantes os fatores), chegaremos a uma fantástica quantia de R$ 24 bilhões fraudados. E querem recriar a CPMF ou algo semelhante. Qual a real finalidade?

Na expressão militar do Poder Nacional, por ordem expressa da presidente, os comandos da Forças Singulares proibiram  a comemoração do dia 31 de março, abrindo um precedente perigoso. Amanhã, são capazes de proibir também as comemorações da semana da Pátria. A situação chegou ao cúmulo de, na 5ª feira passada, ter acontecido algo inacreditável. A Adesg-Nacional programou um almoço no Clube de Aeronáutica, por coincidência no dia 31.03,  em homenagem ao Corpo de Fuzileiros Navais, por seu aniversário (07.03), e ao responsável pela realização dos jogos militares. No citado dia o general do Exército, responsável pelos jogos, compareceu com seus assistentes, mas não apareceram os representantes da Marinha. Houve a surpresa geral. Apurando-se a razão, consta que teria havido a proibição imposta pelo comando da Força a qualquer participação externa dos seus integrantes a qualquer comemoração. Haja disciplina! Mas tudo tem um limite. E a cada ação corresponde uma reação em igual proporção, cedo ou tarde.

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