CHEGOU A HORA DA VERDADE

Prof. Marcos Coimbra

Membro efetivo do Conselho Diretor do CEBRES, Professor aposentado de Economia na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 16/10/2008 no Monitor Mercantil

 

         Há muito tempo registramos nesta coluna os riscos a que a economia brasileira está sendo submetida, não só em função da "globalização" e da imposição das idéias preconizadas pelos neoliberais, mas em especial da "política" econômica adotada pelas administrações FHC e Lula. Em busca da estabilidade monetária, todas as demais metas importantes da política econômica do Brasil são abandonadas, em proveito do setor especulativo. É inadmissível que tenhamos apenas uma meta de inflação e não outra, pelo menos, de desemprego zero.

As empresas estatais vão sendo privatizadas a preços vis, vendidas até para estatais estrangeiras com recursos do BNDES. As empresas nacionais vão sendo desnacionalizadas, uma a uma. Aumenta a dependência do capital estrangeiro a cada momento e, em especial, do especulativo.

         No exterior, a situação é grave. E isto não surgiu agora. Em 06.10.1999, publicamos um artigo sob o título “Hora da Verdade” em que citamos: “De acordo com o insuspeito economista inglês Will Hutton, editor do The Observer, militante do Partido Trabalhista, amigo pessoal de Tony Blair:Se a Bolsa de Valores de Nova Iorque cair 20% ou 30%, numa correção de preços prevista por alguns analistas do mercado, certamente o mundo vai entrar numa recessão.  Os países vão caindo, um após o outro. O Brasil está correndo sério risco. É um efeito dominó e o Brasil será um dos próximos ".

         Não há como negar que este colapso financeiro já estava previsto e suas conseqüências estão produzindo e produzirão danos ainda incalculáveis em todas as economias do mundo. Chega do discurso irresponsável como “A crise não atravessou o Atlântico”. De início, não tinha mesmo que atravessar o oceano para atingir-nos, pois seria apenas uma cabotagem do norte para o sul. Em seguida, não só atravessou, atingindo a Europa, como se espalhou, de acordo com o previsto, para o mundo todo. E o Brasil não teria como se descolar do “tsunami”. Os primeiros reflexos foram sentidos pelos nossos exportadores, no relativo às necessidades de financiamento, pela Bovespa, indicador financeiro, porém com elevado grau de contaminação psicológica e pela taxa cambial, com o prejuízo para o “Bolsa Miami” e pela já sensível elevação de preços de bens importados, apesar de terem sido estocados antes da desvalorização do real.

         Um dos maiores problemas é o do grau de contaminação da economia real, no mundo e no Brasil. Já está acontecendo, contudo é difícil prever até onde e como. Até o momento, a imprensa divulgou que a crise já causou perdas de US$ 6 trilhões, acumulados desde 2006. O Financial Times divulgou que os planos anunciados na Europa, nos últimos dias atingem US$ 2,28 trilhões. Ora, alguém vai pagar esta conta. E é muita ingenuidade imaginar que os respectivos governos destes países e seus povos pagarão a conta. É evidente que ela será repassada para as nações periféricas, como Brasil, através de vários mecanismos criados pelos que lucraram com toda esta esbórnia, ocasionaram este prejuízo para milhões de pessoas, em todos os continentes e sairão impunes, como sempre. E suas orientações serão fielmente seguidas pelos seus discípulos no Brasil, sicários dos interesses dos “donos do mundo”.

 Não há como negar que:

1º) A globalização está produzindo efeitos altamente nocivos, em especial com relação aos países emergentes e, em particular, quanto ao desemprego. A catástrofe do continente africano é uma mostra do que pode acontecer. Regiões ricas em recursos naturais são dilaceradas, em conflitos tribais provocados por interesses externos. E no Brasil isto já está em processo de execução;

2º) As medidas adotadas pela atual administração Lula diminuíram o grau de segurança econômica do Brasil, tornando-o mais vulnerável a ataques especulativos, em razão do alto grau da dependência econômica a que foi levado. Nosso passivo externo é cerca de três vezes superior às nossas reservas externas;

3º) É um crime de lesa-pátria continuar o processo de privatização neste momento, quando a crise econômica está em pleno curso e o preço das empresas estatais atinge seu preço mínimo e não há capital nacional suficiente para comprar nada. Até a água querem vender, quando se sabe que o ouro branco será um dos bens mais escassos no mundo. Chega de entreguismo!

         Acreditamos que já passou a hora de discutir, falar e propor. Agora, chegou a vez de agir. Cada um cumprindo sua missão. Se todos o fizerem, a solução ideal, capaz de preencher os interesses nacionais e evitar maiores desastres ao país e ao nosso povo, aparecerá. Agora, as seguintes premissas deverão ser respeitadas:

1)     Os Objetivos Nacionais Permanentes (ONP) terão de ser respeitados, acima de eventuais desejos dos detentores do poder político de plantão: Soberania, Democracia, Progresso, Paz Social, Integração Nacional e Integridade do Patrimônio Nacional;

2)     Quem colaborar no sentido de que um destes objetivos não seja alcançado, pertence ao universo antagônico e como tal deve ser tratado;

3)     A ação consciente para criar uma pressão capaz de impedir o atingimento dos ONP é traição à Pátria;

4)     As instituições existentes devem pugnar para alcançar os ONP, eliminando os antagonismos e pressões internos e externos:

5)     É vital uma atenção especial aos processos separatistas em ação, oriundos em especial do exterior, através de ONGs e colaboracionistas nativos (Amazônia  em destaque, demarcação de áreas indígenas, quilombolas etc.);

6)     A Pátria deve estar acima de tudo e todos nós que juramos defendê-la, teremos que cumprir nossa promessa, sob pena de passarmos à História como covardes, cúmplices ou omissos. A História do Brasil ensina que, geralmente, conseguimos alcançar pacificamente nossos objetivos, porém, em casos extremos, outros meios foram empregados com sucesso.

Ou agimos agora ou não haverá possibilidade de sobrevivência da Pátria!

 

 

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