CAOS TOTAL

Artigo Publicado em 13.12.2001 no Monitor Mercantil.

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG

                   O ditador constitucional FHC, quando fala sobre a nossa terra, parece que está discorrendo sobre outro país. Não tem a mínima noção sobre o que acontece com o nosso povo, com nossas angústias, lutas e sofrimentos. Para ele, o Brasil não tem inflação, nem desemprego, progride todos os dias, com justiça social, minimizando seus sérios problemas de distribuição de renda, seja pessoal, setorial ou regional, avançando célere rumo ao atingimento dos Objetivos Nacionais Permanentes: progresso, democracia, paz social, soberania nacional, integração nacional e integridade do patrimônio nacional. É natural que assim seja. Afinal, ele, sua plutocracia econômica e seus cúmplices são apenas agentes do sistema financeiro internacional, cumprindo fielmente suas determinações. Devem ler apenas as informações fornecidas pela mídia amestrada e por seus órgãos de informação, sempre favoráveis. Sentem-se muito mais confortáveis em Washington, Londres e Nova Iorque do que no Rio de Janeiro, em Garanhuns ou Caxias do Sul. São estranhos no ninho. Não possuem o menor compromisso com o Brasil, com nossa gente, tradição, valores e costumes. E o sistema já está preparando figuras semelhantes para o processo de substituição. Todos integrados com o Diálogo Interamericano, como o Sr. Luís Inácio Lula da Silva , o Sr. Ciro Gomes e outros.

                   O Brasil de FHC está sendo "doado", passo a passo, aos alienígenas, com suas principais riquezas e empresas vendidas a preços aviltados. Sua infra-estrutura econômico-social está sendo destruída. As comunicações já foram entregues. Antes havia a Embratel, estatal que garantia a qualidade ao setor, investindo em pesquisas e os preços cobrados aos usuários eram razoáveis. Hoje, está entregue a uma empresa estrangeira americana, a MCI. Os preços sobem alucinadamente e os serviços pioram. O sistema de  transportes, em grande parte sob o regime de concessão, está tendo suas principais estradas e rodovias privatizadas, cobrando pedágios extorsivos. As principais regiões do país são cercadas por uma malha de postos de cobrança de pedágio, que penalizam duramente os pobres moradores. Será difícil a obtenção de recursos para atender à extorsão. A energia começa a ser atacada. A distribuição já foi. Agora, querem "doar" a geração e transmissão, esta última quando e se for lucrativa. Até cometem a insanidade de pretender vender Furnas, uma das jóias da coroa. E os estrangeiros que, é lógico, serão os compradores, não estão interessados em investir. Querem comprar, com recursos do BNDES, o que já está feito e lucrar, demitindo funcionários, aumentando preços e deteriorando serviços. As conseqüências são previsíveis. O inferno que está ocorrendo nos outros setores privatizados.

                   A saúde pública é sucateada ao paroxismo. Não há dúvida de que é a preparação para a privatização. Atualmente, quem não tem plano particular de saúde está condenado à indigência. Está fadado à morte, sem assistência adequada, sem dignidade. E quem tem, apenas passou a ter aquilo que todos nós possuíamos anteriormente. Assistência pública de razoável categoria. A cada período de tempo que passa há aumento de preços, principalmente para os mais idosos, e queda na qualidade do atendimento. Progressivamente hospitais e médicos de boa qualidade vão sendo descredenciados, pois não se submetem a receber os baixos valores impostos pelas administradoras de planos de saúde.  A educação pública também está sendo sufocada, com verbas cada vez menores, para permitir a expansão do ensino privado. O país fica em último lugar na classificação feita pelo sistema Pisa e os resultados do ENEM são os piores de todos os tempos. Administradores privados de ensino procuram atribuir a responsabilidade à rede pública de ensino apenas.

Ao mesmo tempo, a imprensa divulga amplamente o triste episódio de um jovem padeiro de 25 anos de idade, analfabeto funcional, que consegue passar no vestibular de Direito da 3ª instituição privada de ensino do país, em número de alunos, obtendo ainda a 9ª colocação. E o Reitor da empresa procura explicar o injustificável, afirmando que o rapaz não conseguiria ingressar na Universidade, por falta de diploma de 2° grau. Acontece que ele nem deveria ter feito o vestibular, por falta de documentação hábil, a qual deveria ter sido exigida antes da prestação do exame vestibular e não depois. Fica patente a fragilidade do sistema de seleção da instituição. Parece até que o objetivo é predominantemente comercial, o que não pode ser verdadeiro, na esfera educacional. A insegurança cresce avassaladoramente. E os "policiológos" de plantão, ligados a ONGs internacionais e nacionais, como o "Viva Rio" procuram soluções esdrúxulas, como o desarmamento dos cidadãos dignos e de bons costumes, ao invés de cumprir seu dever, realizando o que o povo deseja: diminuir a criminalidade. Os bandidos vão bem, obrigado, e deliciam-se com a incompetência das autoridades. A previdência pública também está sendo aniquilada, para permitir o domínio do setor pela iniciativa privada.

                   No país de FHC os trabalhadores são usurpados em seus mais elementares direitos a cada dia que passa, com a doce conivência de membros do Legislativo, mais preocupados em usufruir as benesses de verbas e nomeações para seus afilhados, do que defender os interesses do povo, pelo qual foram eleitos. E  na maior desfaçatez  tentam defender seu ato ignominioso, procurando "vender" a idéia de que a flexibilização será um avanço para a classe trabalhadora. Pelo apoio demonstrado à modificação pelas entidades patronais, fica claro que isto não é verdade. O tempo dirá. Contudo, mais uma vez será tarde.

No país de FHC, não há esperança, nem futuro, nem democracia verdadeira. Há a ditadura constitucional e  a destruição do país.

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