A VOLTA  DA  INDEXAÇÃO

Artigo publicado em 13.09.2001 no Monitor Mercantil.

 

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG

 

A situação econômica  brasileira é grave, devido ao elevado grau de dependência ao exterior. A cotação do dólar atinge mais de R$2,60. A taxa de juros imposta pelo BACEN permanece em 19%. A taxa de desemprego anunciada pelo DIEESE-SP atinge cerca de 17% da população economicamente ativa (PEA).Os  bancos, em sua grande maioria (60% do setor), controlados por estrangeiros, atingem lucros astronômicos no 1° semestre de 2001. Hoje, um percentual de 20% do Produto Interno Bruto nacional é produzido por empresas estrangeiras (devido ao elevado grau de desnacionalização), muito maior do que o verificado nos EUA, Alemanha, França, Japão e México, todos situados  entre 10 e 15%.

                   O Sr. Armínio Fraga Neto,  ex-colaborador do Sr. George Soros, defensor de um governo mundial e da legalização do uso de drogas, conforme pode ser visualizado nos sites da INTERNET, www.lindesmith.org e  www.soros.org (Open Society Institute), continua na presidência do BACEN, operando como o principal formulador das medidas econômicas adotadas pela atual administração. O presidente FHC procura destruir as candidaturas de oposição existentes, impedindo, de início,  a candidatura do Governador Itamar Franco, pelo PMDB, em vergonhosa convenção, onde ministros intimidaram convencionais, para continuar no poder, usufruindo as benesses governamentais. Continua a criminosa entrega do país aos alienígenas. A área de Alcântara está sendo "vendida" aos irmãos do norte. Três ministros de Estado defendem a quebra da soberania nacional, rotulando o negócio de proveitoso para o Brasil. Isto é crime de lesa-pátria. E o povo brasileiro sabe que é inimigo da Pátria quem atenta contra os Objetivos Nacionais Permanentes: Democracia, Integração Nacional, Integridade do Patrimônio Nacional, Paz Social, Progresso e Soberania. O artigo  quarto da Constituição Federal é bem claro: “A República Federativa do Brasil  rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I- Independência Nacional...”. Basta analisar o comportamento dos protagonistas  dos tristes episódios,  ocorridos nos últimos anos, para concluir quem são os seguidores de Tiradentes e os que seguem Joaquim Silvério dos Reis. É traidor da pátria  quem entrega os recursos naturais do Brasil aos estrangeiros , por qualquer valor.

                   E com uma inflação admitida pelo governo FHC em suas metas de ajuste com o FMI de, no mínimo 6 % em 2001, é evidente que deverá haver a reindexação. E vamos deixar de hipocrisia. A indexação já existe. O governo, em seus três níveis, reajusta seus créditos, corrigindo-os monetariamente. Por exemplo, quem paga o Imposto de Renda, conhece, na prática, o reajuste mensal das contribuições, pela taxa referencial SELIC. E, agora, a administração FHC admite-a, sem desfaçatez, no sistema imobiliário, ao impor, por medida provisória, o reajuste mensal dos financiamentos à casa própria, em contratos com período superior a três anos. O segmento empresarial eleva seus preços, até preventivamente, sem qualquer controle. Todos os preços estão indexados. Só a remuneração da mercadoria trabalho, os salários, não. De fato, só quem não tem sua remuneração corrigida justamente são os trabalhadores, pensionistas e aposentados civis. Exemplificando, imaginem a situação de um servidor público civil, recebendo hoje o mesmo, em valores nominais, do que percebia em 1994. Computando-se o  “confisco” da URV, sofreu   uma perda de poder aquisitivo, neste período,  de cerca de 75%. Pressupondo-se uma inflação  acima de 6 %,  no corrente ano, é evidente que apenas sobreviverá, acomodando-se à pobreza. E a "generosa" administração FHC propõe uma correção salarial irrisória, humilhante mesmo, inferior a 4%, a ser concedida ao longo do tempo. E o número de desempregados e terceirizados é crescente e avassalador. Todos nós somos testemunhas das tragédias individuais e coletivas ocorridas ao nosso redor. A miséria é terrível! Representa a fome sem esperança. Assim, quem é contra a reindexação, é contrário à correção dos estipêndios dos detentores de renda fixa. E é inevitável que ela ocorra, nesta conjuntura.  Pensar o oposto é desumano.

Enquanto isto, o governo FHC continua indiferente a tudo, preocupado apenas em brigar com os governadores, fechando acordos, como o realizado com o FMI, danosos ao Brasil. As ordens dos "donos do mundo" são claras. Querem privatizar o restante das empresas estatais rentáveis e estratégicas brasileiras : PETROBRAS, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, setor elétrico, até a água. Quando não podem vender a empresa, “doam” seus segmentos mais lucrativos aos alienígenas, como refinarias, dutos,  gasodutos, BR-Distribuidora, na PETROBRAS. E a oposição formal é tíbia, não reage adequadamente. Parece conivente. E é substituída por outras Instituições como o MST, a CNBB, a OAB, a ABI e outras.

O governo estadual não sai de cima do muro  e preocupa-se com o “desarmamento” dos cidadãos, enquanto os criminosos ostentam armamento com poder de fogo superior ao armamento leve das Forças Armadas. Ninguém  impede os traficantes de continuar a mandar em suas “áreas liberadas”. Assim, vão facilitar o trabalho dos assaltantes. Daqui a pouco vão proibir os cidadãos até de  terem aulas de artes marciais ou de possuir facas de cozinha. Também podem matar!  E os criminosos, coitados, podem correr risco. Para fazer isto o governo tem de garantir o que é incapaz: segurança pública. O governo municipal continua com obras que infernizam a vida do contribuinte, tornando os engarrafamentos insuportáveis e aumentando as razões de insegurança das comunidades atingidas,  não terminando-as. Mas, fazem a alegria das empreiteiras. Ficam abandonadas sem qualquer esperança de conclusão. A sobrevivência começa a ficar impossível.

Urge que todas as forças vivas do país unam-se para dar fim a este calamitoso estado de coisas, promovendo a Reconstrução Nacional. Devemos elaborar  um Projeto Alternativo de Desenvolvimento com este objetivo, alterando o atual  processo de perda de independência, de soberania, de desenvolvimento e de dignidade.

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