Armadilha do Desarmamento

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (Cebres), Professor aposentado de Economia na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 01.03.2008 no Vila em Foco

Recentemente a imprensa publicou dados apresentados pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla) e pelo governo com a conclusão de que o desarmamento da população brasileira, realizado em 2003, trouxe como conseqüência a “queda no número de assassinatos no Brasil”. É oportuno salientar que o diretor-executivo da Ritla é o argentino Sr. Jorge Werthein, antes dirigente da Unesco no Brasil, ferrenho hoplófobo (pessoa possuidora de aversão a armas de fogo), autor de diversos artigos e iniciativas com o objetivo de desarmar a nossa população.

Contudo, analisando-se os referidos números, chegamos à conclusão diametralmente oposta. Segundo a pesquisa apresentada, os números totais de homicídios no Brasil e os de homicídios com armas de fogo foram, respectivamente: em 2003; 51.043 e 36.081 (70,6%); em 2004: 48.374 e 34.117 (70,6%); em 2005: 47.578 e 33.419 (70,2%); em 2006: 46.660 e 33.214 (71,3%). Ora, isto mostra que houve um aumento de 70,6% para 71,3% na participação dos homicídios com arma de fogo em relação ao total, comparando-se o início do período com seu final. É curioso também salientar que a pesquisa mostra percentuais diferentes, ou seja, 2003 (77,9%), 2004 (76,2%), 2005 (74,4%) e 2006 (74,4%). Ou os dados estão errados, ou alguém não sabe fazer conta ou a interpretação foi, no mínimo, falsa.

A arma de fogo precisa de alguém que a dispare para provocar efeito. Como uma navalha, ou uma foice, ou uma faca tem de ser manuseada por uma pessoa para provocar algum efeito. Elas sozinhas não podem provocar qualquer dano. São simples objetos. Um ser humano é que pode.

A população expressou claramente sua posição no referendo sobre a proibição da fabricação e comercialização de armas de fogo, quando rejeitou a absurda proposta por quase 2/3 dos votantes. Na realidade, o que deveria ter sido votado era o próprio estatuto do desarmamento, aprovado por acordo de lideranças, não em plenário, em campanha comandada entre outros pelo senador Renan Calheiros. É claro que seria rejeitado, tal o grau de absurdos lá contidos por imposições externas e de pessoas, algumas ingênuas, outras de má fé, a soldo de ONGs internacionais e de suas representantes no Brasil.

Em um país com problemas terríveis e insolúveis, como a miséria, o desemprego, a carga tributária extorsiva, a corrupção endêmica, o nepotismo alucinado, a supressão de direitos sociais, a falta de atendimento às necessidades básicas da população, causa espécie a fixação de alguns segmentos na tentativa de desarmar o cidadão honesto. A idéia do desarmamento civil faz parte de um plano global de criação de um governo mundial, comandado pelos “donos do mundo”, com a intenção de impor a constituição de uma “força internacional de paz”, sob a sua direção, com o poder de intervir em qualquer região do mundo, extinguindo o conceito de soberania nacional. As Forças Armadas dos países periféricos seriam reduzidas à situação de milícias com a missão apenas de contenção social e de combate ao narcotráfico.

O Brasil, devido a sua atual fragilidade, e por causa de sua importância estratégica foi escolhido como laboratório da experiência sinistra. Conseguindo-se dobrar a resistência dos brasileiros e implantando-se a medida ditatorial, a exemplo do realizado por Lênin, Stalin, Hitler e outros, será, então, aproveitada como modelo a ser seguido por outros países. De início, houve a destruição da bem sucedida indústria bélica nacional, com a derrubada da Imbel, da Engesa, da Avibrás e a privatização da Embraer. Em paralelo, a proibição do desenvolvimento da tecnologia nuclear, representada pela adesão incondicional ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o esvaziamento do programa nuclear da Marinha e o enfraquecimento de nossas Forças Armadas.

O objetivo foi então o de terminar o serviço. Proibir o porte legal de arma e aumentar a restrição à posse. Atingidas, as outras irão se sucedendo progressivamente até desarmar, completamente o povo brasileiro, inclusive as Forças armadas. As atuais empresas produtoras de armas e munições como a Taurus, CBC e outras, sem o mercado interno, irão também à falência ou serão compradas por empresas estrangeiras. Então, os hoplófobos farão jus às verbas recebidas do exterior, destinadas à consecução deste desiderato. O Brasil ficará inteiramente dependente do exterior, sendo obrigado até a importar um cartucho 22. E a Amazônia, possuidora de vastos recursos naturais, da água ao nióbio, ficará à mercê da vontade das potências imperialistas. Por esta razão estratégica, o Exército esclareceu na oportunidade o assunto junto a congressistas brasileiros, manifestando sua discordância.

Partindo-se destas premissas, podemos entender aquilo que está acontecendo. A campanha é chefiada pela Iansa, órgão filiado ao governo britânico, possuidora de uma rede de mais de 200 ONGs no mundo, fundada com esta missão, a qual o Viva Rio, principal promotor da medida ditatorial no Brasil, é subordinado. Há muito dinheiro utilizado por ela para comprar os sicários com o objetivo de tapear a população. Podemos apontar dezenas de argumentos contra os hoplófobos, mas isto não seria importante. Afinal a mentira muitas vezes repetida vale mais do que a verdade.

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