A QUEM INTERESSA A DEMARCAÇÃO CONTÍNUA?

Prof. Marcos Coimbra

Membro efetivo do Conselho Diretor do CEBRES, Professor aposentado de Economia na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 22/05/08 para o Monitor Mercantil

 

         O assunto mais relevante para o país, na atualidade, é o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da constitucionalidade da demarcação contínua da área Raposa/Serra do Sol. Apesar disto, grande parte dos meios de comunicação praticamente ignoram o relevante tema, cujo desfecho pode representar, de fato, a perda de cerca de 60% do atual território nacional, no futuro próximo. Empurram a discussão para uma notícia de fim de página ou omitem qualquer informação a respeito. Qualquer outra notícia passa a ter uma repercussão enorme, ocupando os espaços existentes. Desviam a atenção do povo, com a intenção de evitar que, tomando conhecimento da gravidade da situação, haja uma reação à altura por parte das forças vivas da Nação.

         E o pior. Quando sai algum comentário sobre a questão, em geral ele é falso, incompleto ou tendencioso, com o nítido objetivo de sonegar a verdade.

É tão escandalosa a situação que até a mídia estrangeira não esconde seu posicionamento favorável à internacionalização da Amazônia. O jornal londrino The Independent afirma: “Uma coisa tem que ficar clara. Esta parte do Brasil é importante demais para ser deixada aos brasileiros. Se perdermos as florestas perderemos a batalha contra as condições climáticas”.Sob o título “Salvem os Pulmões do Planeta”, diz ainda: “É um recurso precioso para o mundo inteiro, pelo qual todos temos de assumir a responsabilidade”. A revista britânica The Economist e o jornal americano The New York Times, sob o título: “De quem é a Amazônia, afinal”?  caminham na mesma direção.

         Compreendemos sua posição, pois eles estão defendendo os interesses deles. Afinal, quem tiver o controle da Amazônia será a potência do terceiro milênio, devido à importância dos vastos recursos naturais lá existentes (água, nióbio, bauxita, ouro, pedras preciosas etc.). O que causa espécie e asco é a existência de “brasileiros”, inclusive autoridades públicas, pregando a entrega de grandes áreas para “tribos indígenas”. Só se for para a tribo “ouro”, para a tribo “nióbio” ou para a tribo “diamantes”. Aliás, já foi provado que nunca existiu tribo Ianomâmi no Brasil.

O termo foi criado pela fotógrafa Cláudia Andajur. Ela inventou a pretensa cultura Ianomâmi, passando a designar assim todas as tribos dispersas pela região, fossem quais fossem as suas origens, suas línguas e suas características culturais. Promoveu a criação da organização não-governamental "Comission for the Creation of the Yanomami Park" (CCPY), que durante quinze anos pressionou por todos os meios o governo brasileiro no sentido de criar uma área exclusiva para aqueles índios, que totalizavam então pouco mais de onze mil pessoas. Em 1992, finalmente, foi vitoriosa.

Outro equívoco é o de tentar “vender” a idéia de que os índios necessitam de toda esta vasta extensão territorial para sobreviver. Estamos no Século XXI. A maioria de nossos irmãos indígenas não é mais selvagem e nômade. É aculturada. Muitos possuem o PHD, sendo proprietários de bens sofisticados (aeronaves etc.). Outros viajam freqüentemente para o exterior e realizam cursos em grandes centros de pesquisas, sendo preparados por estrangeiros para serem seus representantes nas novas “nações” que pretendem criar. Se aceitarmos a premissa levantada, os indígenas serão proprietários de todo o Brasil, a começar pela Ilha do Governador, no Rio.

 Como diz o Cel Gélio Fregapani: “Muitas vezes o assunto está considerado como uma disputa entre índios e brancos. Não é certo; é um conflito entre os que querem o Brasil inteiro e governos/organizações estrangeiras que ambicionam os recursos minerais. Naturalmente esses governos/organizações encontram aliados entre nós. Traidores sempre haverão. No passado tivemos um Calabar e um Silvério dos Reis”.

Lemos recentemente vários pronunciamentos de “tuxauas” ligados ao CIR declarando praticamente sua independência em relação ao país. Alguns afirmam que não respeitarão decisão contrária do STF e que expulsarão com meios próprios os não índios da região. Outros querem até “exportar” para o Brasil “seus minérios. Impedem o livre trânsito de brasileiros porsuas” regiões, chegando a bloquear o acesso a rodovias federais durante a noite. Invadem propriedades de brasileiros usando de violência, cometendo vários crimes e as vítimas são presas, sofrem apreensão de suas armas de defesa e os invasores continuam impunes, a exemplo dos “cumpanheiros” do MST.

Causa-nos espécie o silêncio do ministro da Defesa que, como responsável pela Defesa Nacional, não só no curto prazo, mas também no longo prazo, parece não dar a devida importância ao problema. Bem como a atitude do ministro da (in)Justiça ao demonstrar claramente seu apoio aos índios do CIR, empregando seus agentes para perseguir os não índios da região Raposa/Serra do Sol, desarmando-os, prendendo-os, processando-os , perseguindo-os, enquanto nada faz em relação aos crimes cometidos pelos defensores da demarcação. É evidente que interessa a demarcação contínua aos estrangeiros que financiam as milhares de ONGs que operam na área, pois de fato eles serão os beneficiários, continuando a explorar com a cumplicidade interna de maus brasileiros nossas riquezas. A propósito, quantas delas existem no Nordeste para defender os índios locais?

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