A FEB E O BRASIL ATUAL

Prof. Marcos Coimbra

Membro do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (CEBRES), Professor aposentado de Economia na UERJ e Conselheiro da ESG.

Artigo publicado em 15/05/08 para o Monitor Mercantil

 

Os jornais noticiaram que a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (Anvfeb) iria encerrar suas atividades no final da semana passada, em virtude de falta de recursos e de apoio. Seu presidente, o honrado Cel Hélio Mendes, espera somente uma resposta final das autoridades ao seu apelo derradeiro de ajuda.

 Em todo o mundo, os veteranos de guerra são cultuados e apoiados de todas as formas. Aqui, no Brasil de hoje, onde nossos heróis são vilipendiados por infâmias e calúnias proferidas por apátridas que se dizem brasileiros, não é de estranhar esta vergonha. Existem recursos vastos de inúmeras fontes, principalmente públicas, com destaque para estatais, que doam a custo zero vultosos recursos, sob a desculpa de “apoio cultural” para ações sem qualquer valor cultural, muitas sequer concretizadas, como vários filmes, com o objetivo de transferir recursos escassos para meia dúzia de apaniguados pertencentes à “esquerda escocesa”.

 E o Brasil está sendo entregue a alienígenas, em especial a Amazônia, sem a devida reação da sociedade brasileira. A demarcação de “áreas indígenas”, tal como está sendo feita, representa um atentado grave aos Objetivos Nacionais Permanentes do Brasil, configurando um verdadeiro crime de lesa pátria. O que nossos heróis da FEB pensam a respeito?

         Aproveitamos este espaço para divulgar um breve extrato do importante pronunciamento feito pelo Cel Amerino Raposo Filho, de 86 anos, vice-presidente do CEBRES, no dia 25.04.08, em Barueri, em cerimônia que ocorre todos os anos, homenageando nossos heróis de guerra, no tocante ao feito inesquecível, único em toda a Campanha da Artilharia Divisionária da FEB, em particular do 3º GO105. 

“Após as operações iniciais vitoriosas da Artilharia no Vale do Arno e na Campanha do Reno, ocorre a exemplar atuação da Artilharia centralizada (4 Grupos),  com crédito  de  100.000  granadas,  na  ofensiva  contra  as  posições  defensivas alemães, nos Apeninos. E aí estão, fulgurantes, em  sucessivos  e  violentos ataques,  todos  vitoriosos, Monte Castello,   La  Serra,   Castelnuovo   e  Montese,   de  21 Fev  a  18 Abr 45; isolando-se Monte Castello  e  Montese  como  os  mais sangrentos,  com pesadas perdas. A partir de Montese, a FEB inicia o aproveitamento do êxito (Zocca e Parano); descentraliza-se a Artilharia para melhor apoiar a Infantaria.

Nosso Grupo ultimara deslocamento de uma jornada, atingindo a  Cidade de Bibiano ao anoitecer de 27 Abr; acantonando e cedendo viaturas    para a Infantaria. E quando tudo parecia findar, nossa Bateria recebe missão excepcional, para atuar descentralizada do Grupo  e  apoiar  o  Btl/6º-RI,  que  iria reduzir, segundo informes, 200 alemães, desarmados, num bosque.

Em 28 Abr, iniciamos o Deslocamento noturno, de 70 milhas, rebocados por tratores do Grupo 155, com apenas 136 granadas e uma Carta Rv 1:100.000, ignorando a localização das tropas alemãs, valor, possibilidades operacionais.

     Atingimos Collechio, apenas com a LF. Durante a manhã, evolui a situação; informes  indicam  a  presença de 1.200 Infantes,  com   armamento  individual.  Enviado ultimato para rendição, os alemães  recusam  e  o  Comandante do  6º RI  ordena localizar  e  atacar o inimigo, sob forte temporal em toda a área.

Situação dramática: nossa LF, inicialmente com pouca munição; tudo absolutamente improvisado; sem prancheta, nenhum tiro observado, ajustado, chuva torrencial; munição adicional trazida, às pressas, de Bibiano.

     Alemães contra-atacavam com patrulhas envolvendo uma Companhia, com trajetórias   traçantes,  de  Metralhadoras,     que   atingiam  o   bosque    junto  à   nossa    Posição.    Nenhuma idéia sobre a LC, das tropas alemães e das Companhias do Batalhão. Única referência: a Trajetória das Metralhadoras.   Enfim, tudo Improvisado, o Comandante da LF determinando que cada peça atirasse num alvo fixo, formando um quadrilátero.

     Recrudesce o Combate. Risco de as patrulhas abordarem nossa posição. Surpresa para todos nós. Ao final de uma jornada de intenso, duro combate, com  muitas  baixas,  de  oficiais  e  praças,  os  alemães  se rendem, propondo evacuação imediata de mais de 800 feridos, a maioria grave, sem recursos médicos. Surpresa mais Impressionante: éramos uns 500  homens;   dos  200  soldados Alemães desarmados, aos 1.200 com armamento individual, Rendem-se 2 Divisões Reduzidas  (148 PzGr  e  95  Bersaq.  Itália),  3  Generais,  copioso  armamento   e Equipamento; 16.452 homens.

Não sabíamos que eles eram tantos; nem eles, que éramos tão poucos! E vencemos o melhor soldado do Mundo! Esse o cenário apoteótico do final da Guerra na Itália! Encerrado com brilho excepcional, a notável participação da 2ª BO. Qual o Significado Plural desta Solenidade?

Relembrar os feitos notáveis do  Grupo  Souza Carvalho;  sobretudo,  a Última  Missão de Tiro da Artilharia, na Campanha da Itália; incorporá-los à História e às glórias da Unidade; Inspirar, Indicar um Futuro Auspicioso para o Exército de Caxias. Como os Bandeirantes, que deste Planalto Paulista se lançaram para triplicar o Espaço do Brasil Colonial, os “Novos Bandeirantes” desta Região Igualmente saíram em 1944, para Lutar e Vencer; e, se Necessário, Morrer pelo Brasil!

    E, como eles, Vós estareis – Jovens Integrantes do 20º GAC Leve    sempre prontos,  como  as Forças Armadas,  à  Defesa da Pátria, da Honra,  da Soberania Nacional – Impedindo e Repelindo qualquer tentativa de Relativização; mantendo Intocáveis e Substantivos os Conceitos.   Reafirmando, neste Simbolismo, os mesmos propósitos, os mesmos ideais, o mesmo juramento; agora integrando, juntamente com o Heróico Batalhão de Caçapava, a  Brigada  Aero-Móvel, como Força de Ação Rápida.  prontos  para  defender,  como já vem fazendo  em  inúmeras operações,  a Amazônia  Brasileira,  principal  Teatro de Operações  para a  Defesa Nacional.  

    Sempre inspirados nos Exemplos de Pedro Teixeira, Raposo Tavares, Rondon.

    Sempre Lembrados das Advertências históricas:

    “Esta Terra Tem Dono! Vamos Defendê-la!” (Raposo Tavares – 1617). Estareis Sempre Prontos, como as Forças Armadas, para fulminar tentativas de balcanização da Soberania e do Espaço Territorial da Amazônia.

Eis, enfim, a Saga Heróica, dignificante, desta Bateria, deste Grupo e da nossa Artilharia. Esta a nossa Glória, dignos, bravos integrantes do Grupo Bandeirante! “Glória que Fica, Honra, Elevada e Consola!” Glória de Dever Cumprido!

    Ontem, na Campanha da FEB na Itália; Hoje, principalmente Vigilante na Defesa da Amazônia. Sempre verticalizada, indicando o destino em Grande do Brasil!”.

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