Plano Nacional de
Desenvolvimento
Artigo publicado em 18/08/2016 - Monitor
Mercantil
Economista Marcos Coimbra , Professor,
Assessor Especial da Presidência da Adesg, Membro do
Conselho Diretor do CEBRES, Acadêmico fundador da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
Por que Plano, por que Nacional e por que Desenvolvimento? Quando
fizemos o Curso Superior de Guerra, em 1981, perguntamos ao então Comandante da
Escola Superior de Guerra (ESG), General Alacyr
Frederico Werner, a razão do binômio segurança e desenvolvimento adotado pela
Escola. Sua resposta foi o lema escrito na Bandeira do Brasil: Ordem e
Progresso. Ambos significam estados. Para sua consecução, precisamos,
respectivamente, do sucesso dos processos de Segurança e Desenvolvimento, daí a
razão. Na prática, acrescentou estar o objetivo consubstanciado no Conceito
Estratégico Nacional (CEN), formulado pelo então Conselho de Segurança Nacional
(CSN) e submetido à consideração do alto escalão da República, para, se
aprovado, passar a vigorar. Por isto, precisamos de um Plano Nacional de
Segurança e um Plano Nacional de Desenvolvimento. No momento, não conhecemos
qualquer Projeto de PND e sim projetos de poder por parte dos principais atores
políticos.
Quanto
ao Desenvolvimento, precisamos, antes de tudo, de relembrar alguns conceitos. O
crescimento econômico caracteriza-se pelo aumento quantitativo na produção de
bens e serviços, graças à atuação de um ou de dois fatores de produção
preponderantes, geralmente capital e tecnologia, expresso, por exemplo, pelo
aumento do PIB. Já o desenvolvimento econômico é caracterizado por um aumento,
não só quantitativo, como também qualitativo, em função da participação
harmônica de todos os fatores de produção, consubstanciado por um processo de
transformação social, com o progressivo deslocamento da mão de obra do setor
primário para o setor secundário e para o setor terciário, expresso, por
exemplo, pelo crescimento do PIB, com minimização das disparidades de renda, a
nível pessoal, regional e setorial. O desenvolvimento é o processo social
global em que todas as estruturas passam por contínuas e profundas
transformações e o Desenvolvimento Nacional é o
aperfeiçoamento do Homem, da Terra e das Instituições, elementos básicos da
nacionalidade, nas cinco expressões do Poder Nacional: política, psicossocial,
econômica, militar e científico-tecnológica, para consecução dos Objetivos
Nacionais.
Já os Objetivos Nacionais Permanentes (ONP) ou Objetivos Fundamentais
(OF) são objetivos de longo prazo que devem ser alcançados, ao longo de
gerações, a fim de que o Bem Comum (bem estar a nível individual e coletivo)
seja atingido: Progresso, Democracia, Soberania, Paz Social, Integração
Nacional, Integridade do Patrimônio Nacional. Intermediariamente,
devem ser conquistados os Objetivos Nacionais Atuais (ONA), objetivos de curto
e médio prazo, geralmente ao longo de um período de 4 a 10 anos, para propiciar
o alcance dos ONP. Temos ainda os Objetivos de Governo, que são objetivos
intermediários dos objetivos nacionais (ON), para atender a situações
conjunturais de um ou mais períodos de governo, considerada a capacidade do
Poder Nacional.
A próxima etapa é representada pela fixação das
"variáveis-meta", em função dos ONA, ou seja, objetivos
quantificados, a serem atingidos dentro de fases de um mandato governamental. O
objetivo inicial seria o de garantir o pleno emprego dos fatores de produção,
com sua digna remuneração, com absorção de, pelo menos, 20% da parcela
desempregada, a cada ano. Para conquistá-los, é necessário utilizar as "variáveis-instrumentais", as políticas (cambial,
monetária, de rendas etc.) ou meios que devem ser corretamente empregados. Por
exemplo, reforma tributária.
Tudo isto faz parte de um modelo econométrico, conjunto de relações
qualitativas e quantitativas, em nível de definição (superávit = exportações -
importações), de comportamento (consumo pessoal é função da renda pessoal
disponível real), institucional (alteração nas alíquotas do imposto de renda),
que mostram o funcionamento de um sistema econômico. E ainda, este conjunto
será submetido ao crivo das “condições-limite”, que são restrições impostas aos
técnicos pelos detentores do poder político, com o objetivo de manter-se no
poder.
Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve; quem não traçar
seus próprios objetivos, os terá traçados por outros atores. Surge então a
necessidade imperiosa do Planejamento, caracterizado pela racionalização do
processo de tomada de decisões. O Planejamento Estratégico é o processo de
formulação de estratégias para aproveitar as oportunidades e neutralizar as
ameaças ambientais utilizando os pontos fortes e eliminando os pontos fracos da
organização para a consecução da missão, dividido em Etapas: Estabelecimento de
Políticas (O que fazer) e Estratégias (Como fazer) correlatas para consecução
dos ON. O país necessita urgentemente de um PND capaz de contemplar os aspectos
econômicos e sociais com eficácia, sob pena de
tornar-se ingovernável em curto espaço de tempo, elaborado por especialistas
brasileiros (os temos em qualidade e quantidade satisfatórias), com base nos
interesses, necessidades e aspirações nacionais, alicerçados na filosofia,
doutrina, e ideário adequados da população, analisando-se a situação
internacional e a situação nacional, levantando as necessidades básicas
(carências que devem ser atendidas), estudando-se os óbices existentes.
Avaliando-se a capacidade do Poder Nacional, chegamos à concepção política
nacional e, a seguir, a concepção estratégica nacional. Afinal, temos a
obrigação de legarmos aos nossos descendentes o mesmo patrimônio herdado de
nossos ancestrais.