PIOR DOS MUNDOS
Artigo
publicado em 29/01/2015 - Monitor Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
No último debate ocorrido nas eleições
presidenciais do ano passado, a então candidata Dilma declarou: “as suas
medidas, candidato Aécio, nós já conhecemos bem. São aquelas do PSDB. As mesmas
de sempre... O senhor irá aumentar impostos e cortar verba na educação, além de
mexer no direito dos trabalhadores e isso eu não vou fazer nem que a vaca
tussa”. E a vaca tossiu. De início, a presidente reeleita nomeou como ministro
da Fazenda o economista Joaquim Levy, o qual havia participado da campanha do
senador Aécio e foi classificado por Christiane Lagarde
como: “Ele é um Davos Man”. E ainda mais: “Eu estou encantada de ver o novo
ministro da Fazenda e estou encantada com o fato de ele ser um ex -funcionário
do FMI. Ele é muito competente.”
Setores mais radicais do PT já
começaram a disparar contra o novo ministro, acusando-o de ser um “neoliberal”
e criticaram duramente Dilma, acusando sua administração de adotar uma postura
defendida pelo candidato dito de oposição, “derrotada nas urnas”. E os
primeiros dias da nova/velha administração petista
estão sendo de amargar para o sofrido povo brasileiro. O “pacote de maldades” é
mais cruel, porque o exemplo deveria vir de cima. Ou seja, é moral e eticamente
inaceitável, a concessão de generosos reajustes para integrantes do Executivo,
do Legislativo e do Judiciário, enquanto o “ajuste
econômico” consiste em “sugar quem vive do trabalho e salário. Todas as medidas
lançadas para aumentar a arrecadação do governo ou redução dos seus gastos
configuram uma política antissocial”, segundo o respeitado jornalista Jânio de
Freitas.
Se não vejamos: 1- o veto à correção de
6,5% da tabela de
imposto de renda aprovada pelo congresso, já qualificado pelo ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Marco
Aurélio como confisco, pois implica em redução de salários; 2 – O triplo
aumento da energia; 3 – o aumento tríplice de impostos que incidem sobre os
combustíveis, que provocará o acréscimo nos preços da gasolina e do diesel,
diminuindo o poder de compra dos usuários dos transportes públicos, além do
prejuízo aos proprietários de veículos particulares; 4 – a minirreforma
previdenciária, através da edição de medidas provisórias (MPs) que tornarão
mais rigoroso o acesso da população a uma série de benefícios previdenciários,
entre eles seguro-desemprego, auxílio doença
e pensão por morte.
Quanto aos dois primeiros, de fato era correto
coibir excessos e abusos, causados principalmente pela ausência de controle
adequado. Porém, no caso da pensão por morte, o remédio foi exagerado. O
segurado, que já pagou contribuição até sobre 20 salários mínimos (SM) e
atualmente por 10 SM, possui o direito de questionar a validade de sua
contribuição ao INSS, pois já é prejudicado quando recebe de aposentadoria mais
de 1 SM. Exemplificando, no ano em curso será
reajustado em 5,7%, abaixo da taxa oficial de inflação, enquanto os beneficiários
da “bolsa família” foram agraciados com um aumento real, pois tiveram seus
benefícios aumentados em 10%. Aqueles
que recebem 1 SM tiveram um reajuste de 8,8%. Como
este processo acontece todos os anos, já há muito tempo, a tendência é a de que
todos os segurados do INSS percebam ou 1 SM ou pouco
mais do que isto, tenham contribuído ou não para a previdência oficial.
Agora, tungam até as viúvas, inclusive cortando
suas pensões, com base em critérios altamente discutíveis e reduzindo para a
metade a miséria que irão receber por ora, dependendo dos humores das futuras
administrações. Paga o justo pelo pecador, por causa das fraudes. O mais correto seria então facultar ao
trabalhador a possibilidade de não descontar obrigatoriamente para o INSS,
desde que receba mensalmente também a contribuição do empregador, ficando
sob sua responsabilidade a aplicação destes recursos em fundos capazes de
garantir sua sobrevivência na aposentadoria. Quem aceitasse as regras voláteis
dos sucessivos “governos” permaneceria no sistema em
vigor, continuando a ser explorado.
E a lista de maldades continua, reforçada pelas
administrações estaduais e municipais, as quais, baseadas no exemplo maior,
correm a reajustar exageradamente as tarifas dos transportes públicos, tributos
e outros, bem acima da inflação anunciada. Não é possível sua análise
individual neste espaço limitado. Mas revolta constatar que quem paga a conta é
o trabalhador. Enquanto isto, os banqueiros se locupletam apropriando-se do
impressionante volume de R$ 1,002 trilhão de reais para o pagamento de juros e
amortizações da dívida, em 2014, sacrificando todas as demais rubricas
orçamentárias, segundo a Auditora Maria Lucia Fattorelli.
E seus lucros aumentam a cada ano. É a “bolsa banqueiro”.
Ex-governadores usufruem de polpudas
aposentadorias, sem a devida contribuição, além de segurança e carros oficiais.
Dilma poupa 18 bilhões de reais com a “minirreforma previdenciária” e concede 4 bilhões aos cartórios, no mesmo dia. Os gastos em
publicidade oficial extrapolam todos os limites no ano eleitoral. Os 39
ministérios e assemelhados continuam a subtrair recursos da saúde, da educação,
da segurança, dos transportes etc., em nome do “presidencialismo de
coalizão”. Estima-se que a corrupção,
computando-se o “mensalão”, o “petrolão” e os
escândalos que vão surgir envolvendo “doações” a empreiteiras nacionais,
generosas contribuintes de campanhas eleitorais, em obras no exterior para
sistemas políticos “companheiros”, que nunca serão ressarcidos, atinja a cifra
de um trilhão de reais. Apagão de energia e falta de água. Extermínio da
esperança. Que país é este? Falta vergonha. A oposição sumiu? Está
insuportável!