PERSPECTIVAS DANTESCAS PARA O RIO
DE JANEIRO
Artigo publicado
em 18.09.14-MM.
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
Desta vez, a situação ficou fora de
controle. Se há dúvida quanto ao candidato a ser votado no tocante à eleição
presidencial, imagine no relativo ao pleito estadual no Estado do Rio de
Janeiro. Nenhum dos candidatos postulantes ao cargo, em especial os quatro
principais, é merecedor da confiança do sofrido eleitor fluminense.
Em São Paulo, a qualidade dos
candidatos, independentemente de filiação partidária, é bem melhor, oferecendo
aos eleitores escolha satisfatória. No Rio, vamos ter que continuar a votar no menos pior, conscientes de que a opção pela abstenção, pelo
voto nulo ou em branco vai contribuir para o agravamento da nossa situação.
O candidato da situação é um fiel
representante do ex-governador Cabral e dos componentes de seu grupo, no qual
se destaca o ex-dono da
Delta, Fernando Cavendish, que apareceram em uma festa em Paris com
guardanapos em forma de “bandanas” na cabeça. É o
candidato possuidor dos maiores recursos para a campanha e é apoiado pelo alcaide do município do Rio de Janeiro, fato que já o torna
desmerecedor do voto do eleitor consciente e bem informado. Representa a
continuação da administração abaixo da crítica exercida por seu partido. A
notícia alvissareira foi a desistência do Sr. Cabral
em concorrer nestas eleições, esperando que seja definitiva, a exemplo das
excelentes novas do afastamento da vida pública do senador José Sarney e da
governadora Roseana, sua filha. É oportuno lembrar que tanto Cabral quanto
Roseana, “por coincidência”, ambos estão na lista divulgada pelo Sr. Paulo
Roberto Costa em sua delação premiada, apontados como beneficiários do esquema
de corrupção na Petrobras. É impossível votar neste candidato.
O candidato petista senador Lindbergh
responde a 15 inquéritos e a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal,
segundo o site Congresso em
Foco. Em junho,
o ministro Gilmar Mendes, autorizou a quebra de sigilos fiscal e
bancário de servidores, empresários e pessoas ligadas aos contratos firmados entre Nova Iguaçu e a empresa Rumo Novo Engenharia
Ltda., no período em que Lindbergh foi prefeito da cidade. Mendes decidiu em
favor de um pedido do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, que leva
adiante um inquérito instaurado no Ministério Público do Estado do Rio para
apurar irregularidades em licitações e execuções de obras em Nova Iguaçu.
No mesmo mês, o ministro Dias Toffoli,
autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Lindbergh entre janeiro de
2005 e dezembro de 2010. A abertura dos dados é parte de inquérito no qual o
parlamentar é investigado por supostas fraudes ao Fundo de Previdência dos
Servidores Municipais de Nova Iguaçu. O prejuízo é estimado em R$ 356 milhões.
Em abril, no entanto, antes de ser acusado no inquérito que investiga o rombo
milionário do dinheiro dos aposentados da prefeitura, Lindbergh Farias foi alvo
de mais uma ação. O processo por improbidade administrativa - o 13º movido
contra ele pelo Ministério Público do Rio de Janeiro - acusa o senador de usar
dinheiro da prefeitura de Nova Iguaçu para pagar as despesas de um “showmício”
petista.
O deputado federal Garotinho em abril de 2000,
quando era governador do RJ, enfrentou uma enxurrada de denúncias que atingiam
o alto escalão de seu governo. Boa parte das acusações recaía sobre os
integrantes da chamada Turma do Chuvisco, assessores que acompanhavam o
governador desde Campos, sua cidade natal e base política. O grupo, cujo nome
faz referência a um doce típico de Campos, era acusado de favorecer empresas em
concorrências públicas e firmar contratos sem licitação. Com o passar dos anos,
Garotinho acrescentou denúncias cada vez mais graves ao currículo e acabou na
mira da Polícia Federal.
A Operação Segurança Pública S.A., de 2008,
resultou em seu indiciamento por quadrilha armada, sob a suspeita de ter usado
seu período no Palácio Guanabara (e também o de sua mulher, Rosinha) para acobertar
as ações de um grupo de policiais que, encastelados na chefia da Polícia Civil,
atormentou o Rio de Janeiro cometendo ilícitos variados. A lista inclui
facilitação de contrabando, formação de quadrilha, proteção a contraventores,
cobrança para nomeação de delegados, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e
passiva. E ainda existe a denúncia da ÉPOCA de desvio de dinheiro público,
envolvendo a GAP Comércio e Serviços Especiais, uma locadora de veículos
próxima à família Garotinho. A sigla GAP reproduz as iniciais de seu dono, o
empresário George Augusto Pereira. Documentos obtidos por ÉPOCA mostram que
George Augusto não existe no mundo das pessoas de carne e osso.
O bispo licenciado da Igreja Universal Crivella,
sobrinho do bispo Edir Macedo, lançou o projeto de irrigação da Igreja
Universal do Reino de Deus no chamado
“Polígono das Secas”, através da ONG Fazenda Nova Canaã, tendo lançado um CD
que vendeu mais de um milhão de cópias. O lucro foi investido na compra de 450
hectares de terras em Irecê (BA) em 1999. Quando empossado como ministro da
Pesca, ele foi acusado de usar a estrutura do próprio ministério para ajudar a
sua ONG para entrar no mercado da carne de tilápia na
Bahia. A revista ISTOÉ publicou uma matéria para mostrar que haveria “uma inequívoca
utilização do cargo público em benefício pessoal”.
E agora, José? A esperança reside em uma inspiração
divina.
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