PERSEGUIÇÃO CRUEL AOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS
Artigo publicado em
21/05/2015 - Monitor Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Titular Fundador da Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil
Soberano.
A administração petista anuncia suas intenções, as
piores possíveis, em relação aos denominados “benefícios”, para os
contribuintes do INSS. De início, causa espécie que
antes, na administração FHC, quem defendia esta tese era o ex-presidente e seus
acólitos, com a oposição dos integrantes do PT e, agora, ela seja esposada por
eles, quando passaram a ser governo.
Existem várias falácias a respeito do assunto,
superdimensionadas por empresários gananciosos, interessados em aumentar sua
participação na renda interna, seja através da diminuição dos rendimentos pagos
aos detentores de renda fixa, aumentando assim sua participação, seja forçando
a criação de novos fundos de pensão, originários de novas contribuições a serem
pagas pelos milhões de trabalhadores obrigados, a partir da mudança das regras
do jogo, a contribuir com percentuais adicionais, na tentativa de melhorar suas
modestas aposentadorias. E estes fundos estão sendo saqueados devido a decisões
políticas, com o aparelhamento político-partidário de suas diretorias.
É importante recordar o acontecido nos primórdios
da instituição do atual sistema de Previdência Social. Inicialmente, ele foi
concebido apenas para garantir a seguridade social, considerando a existência
de três contribuições iguais: a do empregado, a do empregador e a do governo.
Com o decorrer do tempo, devido à carência do povo brasileiro, aos elevados
níveis de desemprego, às ínfimas remunerações, o sistema passou a ser
responsável também pela assistência médica e pela assistência social, além de a
União nunca ter contribuído com sua parte. Para tentar corrigir esta distorção
a atual CF previu várias fontes de financiamento como COFINS, CSLL etc. para
arcar com o ônus da responsabilidade.
Nos últimos 60 anos, apesar de tudo, a previdência
conseguiu acumular, segundo o especialista Prof. José Neves, já falecido, mais
de um trilhão de reais que, ao invés de serem aplicados corretamente, de acordo
com os critérios atuariais, no mercado, para garantir o regime de
capitalização, foram desviados pelos diversos governos, ao longo do tempo, por
exemplo, na construção de Brasília, na Transamazônica e outras, o que provocou
seu desaparecimento. Também não pode ser esquecido o violento processo de
corrupção, de nepotismo, de empreguismo, além da aprovação de medidas
demagógicas que, apesar de serem, algumas, louváveis (idosos sem renda,
trabalhadores rurais etc.), estão representando acréscimo às despesas, sem
nunca terem propiciado um centavo de arrecadação, criadas pelo Congresso, sendo
algumas até originárias do Executivo.
Moral e eticamente fica difícil justificar mudanças
tão radicais no processo em vigor. Ainda existe o desvio de receitas do
orçamento da previdência. Também é necessário levar em conta a brutal sonegação
existente, infelizmente não combatida adequadamente pelos órgãos públicos
responsáveis. E a administração petista continua a massacrar os aposentados que
ganham mais de um salário mínimo (SM), dando-lhes apenas a reposição da
inflação, o que levará daqui a alguns anos todos os aposentados a auferir pouco
mais do mínimo, apesar de alguns terem contribuído por até 20 SM e atualmente
sobre 10 SM. E ainda existem as chamadas “desonerações” que subtraem receita da
previdência, com a duvidosa garantia de reposição por parte do Tesouro.
De fato, não é concebível persistir na
atual situação, onde o governo não contribui e comanda todo o processo, onde
todos os demais agentes são prejudicados. Talvez a solução seja deixar cada
caixa de previdência, por categoria ou segmento profissional, administrar o
montante existente, em convênio com a administração pública, com a direção
eleita diretamente pelos trabalhadores, sem interferência do ente estatal, com
a devida fiscalização não só dos associados e do Conselho Fiscal, como dos
órgãos responsáveis. Não esqueçam que só em pagamento de juros da dívida, em
2014 (acima de R$ 340 bilhões), a União gastou muito mais do que com o total do
apregoado déficit das aposentadorias públicas e do INSS (cerca de R$ 180
bilhões). Na realidade, deveria haver a garantia da aposentadoria integral
também para os empregados do setor privado, nivelando por cima e não por baixo,
respeitados os critérios atuariais de contribuição. Não tentem enganar o povo.
A desculpa, como sempre, é a falta de
recursos e a necessidade do “ajuste fiscal”. Porém, estes recursos existem para
doação de centenas de bilhões de reais a governos afinados ideologicamente com
a atual administração, para o desvio de fortunas para financiamento de
campanhas eleitorais, para o aumento desmesurado das benesses, sob a forma de
aumentos salariais, de vantagens outras, inclusive previdenciárias, para
integrantes dos três poderes da República. Ora, é a legítima política “Hood
Robin”. Tira-se dos pobres para benefício dos ricos.
As próximas eleições propiciarão ao eleitor a
punição dos defensores destas reformas prejudiciais ao trabalhador brasileiro,
em especial daqueles que apregoam os benefícios de serem aliados da atual
administração petista. Não se pode enganar a todos todo o tempo.