OS NOVOS ESCRAVOS
Artigo publicado em 12/11/2015 - Monitor
Mercantil
Economista
Marcos Coimbra
Professor,
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa
e Autor do livro Brasil Soberano.
A escravidão sempre foi uma das grandes
tragédias da humanidade. É inadmissível que pessoas
humanas sejam encaradas como simples objetos, passíveis de serem utilizados em
transações mercantis. E isto, infelizmente, aconteceu na antiguidade em toda a
face da Terra e ainda existe, apesar de todos os esforços para impedir tal
ignomínia. Ainda há a escravidão mascarada, em algumas regiões do mundo,
inclusive no Brasil, onde seres humanos são submetidos a tal prática, sem
quaisquer direitos, nas mais adversas circunstâncias, sem a devida
contrapartida.
Contudo, há outras formas de escravidão de natureza
indireta, na maioria das vezes nem percebida pelos que são escravizados, de
fato. Se analisarmos bem a conjuntura, esta será a conclusão lógica. Os “donos
do mundo” (grupos que controlam o sistema financeiro mundial e seus
instrumentos como o Clube de Roma, o Diálogo Interamericano etc.) comandam os
destinos da população mundial. Como são os detentores do poder econômico,
cooptam os meios de comunicação mais influentes do mundo, pautando grande parte
da mídia e influenciando decisivamente grande parte da humanidade. Não por
acaso elegem seus representantes (de sociedades secretas ou até ostensivas,
como o Diálogo Interamericano, no caso
das Américas) para os principais cargos dos Poderes Executivo e Legislativo,
além de influenciar expressivamente o Judiciário.
É comum emplacar seus integrantes até
na presidência da República, como foi na Argentina (Raul Alfonsín), Brasil (FHC
e Lula, que entrou e saiu), Uruguai (Sanguinetti), Colômbia (Juan Santos),
Chile (Michele Bachelet) etc. Até o ex-presidente do Bacen,
Sr. Henrique Meirelles, bem como Marina Silva são integrante do Diálogo.
Somente possuindo estas informações é que somos capazes de compreender o
comportamento esquizofrênico das últimas administrações, em especial as
petistas.
Na expressão econômica, a administração
é inteiramente submissa aos interesses da banca internacional e nacional, com a
adoção de medidas tão radicais como a taxação dos inativos e o aluguel de
imensas áreas da Amazônia, tentadas, mas não concretizadas por FHC, mas realizadas
pelos petistas. Nas expressões psicossocial e política
adota medidas preconizadas pelo Foro de São Paulo, de perpetuação no poder,
admitindo ainda a ação predatória de movimentos como o MST, MLST e outros, sem
a devida instalação de instrumentos preventivos e repressivos.
As classes mais abastadas acumulam cada
vez mais riquezas, em especial os bancos (como exemplo, o Banco do Brasil
apresentou, nos primeiros seis meses deste ano, um lucro superior a R$8,82
bilhões, não tendo vergonha de informar que arrecada com receitas de serviços
mais do que paga com despesas de pessoal, enquanto leva a CASSI à falência e usurpa
recursos da PREVI), usufruindo “alegremente” das vantagens obtidas, enquanto as
categorias menos favorecidas são obrigadas a entrar na informalidade,
expandindo a economia informal e recebendo o “ bolsa esmola”. Os bancos
particulares nunca ganharam tanto em sua “estória”.
A sempre sacrificada classe média, em extinção,
acaba transformando-se em produtora dos novos escravos. Nascem, vivem e morrem dentro os rígidos
limites impostos pelos detentores do poder, com raras exceções. O sistema
tributário é uma vergonha. Quem ganha muito não paga, com o emprego do
“planejamento tributário”, enquanto um cidadão que ganha pouco menos de três
salários mínimos (SM) mensais é obrigado a pagar. Em 2015 a carga tributária
aumenta para algo em torno de 36 % do PIB. Ao mesmo tempo, os serviços públicos
estão sendo deteriorados a cada dia (educação, saúde, segurança, saneamento
etc.) e vão sendo progressivamente transferidos para a iniciativa privada.
Até a
previdência pública vai sendo quebrada para dar espaço à previdência privada.
Internamente, é apresenta a inacreditável proposta (a não ser para os usuários)
da descriminalização das drogas, felizmente objeto de forte reação por parte
das forças vivas da Nação. O ensino
público vai sendo brutalmente esvaziado, em especial com o sistema de cotas e
outros instrumentos para o segmento privado, dando lugar a fábricas produtoras
de diplomas, “formando” profissionais de baixa qualificação. A maioria dos
empregos gerados apresenta remuneração inferior a 2 SM
e o desemprego, o subemprego quantitativo e qualitativo alcançam mais de 1/3 da
PEA. Os cidadãos acordam todos os dias, trabalham exaustivamente, formal ou informalmente,
sendo extorquidos de todos os modos, direta ou indiretamente, pelo poder
público ou então pelos marginais. Como não conseguem chegar até o fim do mês
com seus parcos rendimentos, endividam-se cada vez mais, acumulando dívidas
impossíveis de serem pagas. Os escravos antigos trabalhavam duramente, mas
tinham pelo menos casa e comida garantida. Os novos escravos modernos também
trabalham duramente e nem isto conseguem obter.
A administração petista não consegue sequer
concluir com êxito um programa de implantação de contribuições compulsórias
para as famílias possuidoras de empregados domésticos, submetendo-as a uma
verdadeira tortura continuada. Exigem de pessoas físicas as responsabilidades
de empresas. Reina o caos econômico, social e político. Prepara-se um “acordão”
para que “mal feitos” permaneçam impunes.
E ainda querem impor a volta da CPMF (tributo em cascata), que
representa um verdadeiro “cheque em branco” para os perdulários. Isto não é admissível em qualquer país do
mundo, ainda mais no Brasil do Século XXI.