OMISSÃO CRIMINOSA
Prof.
Marcos Coimbra
Membro do
Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da
Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
(Artigo
publicado em 21/03/2013-MM.)
Mais uma vez, a tragédia assola a
região serrana do Estado do Rio e outros locais. Neste caso é uma verdadeira
crônica de uma morte anunciada. Até o momento em que escrevemos este artigo já
foram contabilizadas vinte e sete mortes na área de Petrópolis, bem como
centenas de desabrigados. Infelizmente, lembramos que em consequência da
enxurrada ocorrida em jan/2011, de acordo com as
prefeituras dos municípios mais afetados pelas chuvas (Teresópolis, Nova
Friburgo, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e
outros) a contagem de mortos estacionou em 1.000, restando ainda dezenas de
pessoas desaparecidas, milhares de desabrigados e perda total ou parcial de
residências e bens. Milhões de reais de verbas empenhadas que não chegaram ao
destino, em função da burocracia ou criminosamente desviados por governantes
irresponsáveis.
Todo ano a tragédia é a mesma. E
a postura das autoridades nos três níveis de responsabilidade (União, Estados e
Municípios) é idêntica. Ou seja, esquecem aquilo que deveriam ter feito
anteriormente e prometem as mesmas providências. O que faz a presidente Dilma?
Diz agora ter chegado ao limite sua paciência e vai tomar "medidas
drásticas"! Por que só agora, Sra. Presidente?
Por que seus ministros (ir) responsáveis não cumpriram com seu dever?
No âmbito do Estado do Rio é
necessário recordar a calamidade havida em Angra dos Reis em janeiro de 2010,
quando 53 pessoas morreram vítimas de deslizamento de terra em várias regiões
de Angra do Reis. Uma pousada foi soterrada na Enseada do Bananal, na Ilha
Grande. Até hoje a cidade tenta se recuperar dos estragos, observando-se o
atraso nas obras de reparação. A comunidade está bastante insatisfeita.
"Famílias em rua, morando de aluguel, sabe Deus até quando vão ter
paciência de pagar esse aluguel", desabafou um morador. A tragédia deixou
evidente a consequência da ocupação irregular no município. De acordo com
levantamento do poder público, o prejuízo chegou a R$ 440 milhões, e dos R$ 80
milhões prometidos para a primeira etapa das obras, o governo do Estado recebeu
apenas 30.
O bravo governador do Estado,
diante de mais esta catástrofe afirmou: "Não temos terremoto, mas temos
chuvas". Esse senhor é o mesmo que depois da tragédia em Angra dos Reis,
afirmou ser "um absurdo aprovarem uma construção (pousada) como aquela no
lugar onde estava". Ao ser demonstrado ao governador que a aprovação havia
sido dele mesmo, evitou a imprensa como o diabo foge da cruz. Ao invés de o governador Sérgio
Cabral reclamar dos royalties do petróleo que deseja receber, deveria dizer, em
alto e bom som, o que fez com os royalties recebidos até agora.
No relativo à esfera municipal, lembramos que o governo federal mandou à prefeitura
de Nova Friburgo R$ 10 milhões, em função do ocorrido em 2011 e investigações
conduzidas pelo Ministério Público Federal revelaram que foram desviados cerca
de R$ 3 milhões dessa verba que deveria servir para abrandar o sofrimento das
vítimas. Um pedaço do dinheiro (cerca de R$ 400 mil) foi sacado na boca do
caixa do Banco do Brasil, sob as lentes do sistema de vigilância. Este caso já
frequentou as manchetes. Mas as imagens da fita da agência bancária ainda eram
inéditas. Constam de denúncia criminal protocolada na Justiça Federal do Rio de
Janeiro em dezembro de 2012, incriminando 20 pessoas.
De fato, não podemos imaginar
como estas autoridades conseguem conciliar o sono todos os dias. São incapazes
não apenas de trabalhar para corrigir os problemas existentes, como o são
também de sentir qualquer tipo de remorso. Afinal, o exercício do poder
apresenta bônus e ônus. Eles usufruem dos primeiros e esquecem os demais. E
ainda conseguem ser eleitos no primeiro turno, com maioria maciça de votos.
Será que o Presidente Lincoln estava errado quando afirmou “Não se pode enganar
a todos todo o tempo”?
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